9|| Make me feel as I am free

55 9 19
                                    

🌺 — John's Pov.


Não eram nem 7 da manhã quando eu acordei com Marie sobre mim. De alguma forma no meio do breu da noite, Moose tinha saído de cima da gente, e deitado aos pés do sofá. E agora Marie estava deitada sobre mim, com a cabeça repousando em meu peito. Fazia tempo desde que eu havia dormido assim com alguém. E quero dizer no sentido não sexual da coisa, só dormir, apenas. Eu precisava levantar dali e ir ver se Toby já havia resolvido o problema com o gerador de energia, ou se eu ainda teria que mexer nele. Mas não queria acordar o anjo que dormia tão serena sobre mim. Os cabelos de Marie eram tão loiros que os primeiros raios de sol o deixavam num tom dourado muito bonito. Me vi resistir por vários minutos em toca-los, mas foi mais forte do que eu, e aqui estava eu acariciando sua longa cabeleira loira. Ouvi ela suspirar fundo e fazer um ruído de satisfação com o carinho. "Em outros tempos, Marie... Eu provavelmente me deixaria me encantar profundamente por você. Porque antigamente eu não era um cara tão estragado... Mas agora, eu sou um homem com um objetivo: que é descobrir quem assassinou minha Katheryn, e porque?", suspiro fundo. Era bom te-la por perto, Marie, tinha essa energia boa, que emanava dela toda vez que ela estava por perto. Era como se ela carregasse essa aura de leveza, apesar de seus olhos as vezes esconder o que ela estava sentindo. Vi Marie se esconder atras de seus lindos sorrisos, todas a vezes que sua mente visitava algum lugar sombrio de suas memorias. Ela tem toda essa coisa de menina do interior. Escritora, que curte andar a cavalo, pintar quadros no meio da floresta e montar em touros-mecânico em bares countrys. E ainda assim tinha essa gana de querer entender e conhecer as coisas, mesmo se limitando, — bom, pelo menos é o que eu penso —, Marie podia estar morando em Nova York, ou Los Angeles... Talvez Paris, onde a maioria das mulheres gostam de ir. Mas não, ela mantinha sua vida pacata de moça do interior, como se tivesse medo de largar suas raízes. Talvez por eu ser o filho do meio, numa casa de 3 garotos. Carl, meu irmão mais velho, que era casado, e era do tipo de cara, que vivia sobre o lema de "Você vive do seu lado da cerca, e eu do meu. E não ultrapassamos os limites, e vai tudo correr bem."

Meu irmão mais novo, Ben, era um arruaceiro. E quando nos juntávamos, era certo que o sensor de problemas de nossos pais, seria ativado. Ben é muito imaturo, e até certa ponto, eu também. Só que eu tenho ressaca moral, e tendo isso, acabo me cobrando em grande escala, simplesmente não sei lidar com minhas próprias cobranças. Quando Katy estava aqui, nós tínhamos essa regra de sempre sermos francos um com o outro. Sempre nos abrir um para o outro, e compartilhar aquele segredo mais sombrio dentro de nossas cabeças. Foi com a ajuda dela também que eu consegui ficar três anos sóbrios. Kathryn era esse anjo que tinha toda paciência e compaixão do mundo. Ela também me cobrava muito atitudes, e que eu não podia depender só dela para não beber. Então eu comecei a fazer terapia e yôga e meditação, para me ajudar a vontade de beber. Nós namoramos por três anos, e apesar dos altos e baixos, e dos inúmeros términos que tivemos, ou das inúmeras vezes que gritamos coisas que não eram verdade, apenas porque estávamos com raiva um do outro, valeu totalmente a pena. Eu não trocaria nada do que eu tive com ela... Talvez seria menos cabeça dura, e a escutasse mais, não sei...

Como era possível eu estar com outra mulher em meus braços, mesmo que não tivesse acontecido nada? Era errado eu gostar do barulho que a respiração de Marie fazia? Era errado eu achar o cheiro de seu cabelo, muito bom? Vou alem, é errado eu querer manter ela por perto, mesmo sabendo que se caso um dia ela se apaixonar por mim, eu não poderei corresponde-la?

Respiro fundo.

 Me inclino beijando o topo da cabeça dela. "Marie...", chamo a baixinho. "humm...", ela murmura. "Marie, eu preciso que você levante... eu tenho que mijar." dou uma risadinha. "Não, vovô, tá cedo...", ela responde com a voz carregada de sono, me fazendo rir mais ainda. "Eu sei que sou 16 anos mais velho que você... Mas me chamar de avô é sacanagem, querida.", vejo ela esfregar os olhos e os apertar olhando para mim. O choque em seu rosto é notável, quando ela se dá conta de estava dormindo sobre mim. E então ela se levanta depressa do sofá, tropeça em Moose e cai sentada no chão, fazendo com meu cachorro acorde e levante assustado do chão. A cara dela é impagável, e eu não consigo parar de rir, enquanto me sento no sofá. "Para de rir!", ela diz irritada. E eu tenho usar tudo em mim para levantar do sofá, e ajuda-la a se levantar do chão. "Bom dia.", digo quando ela já está de pé. Ela me olha irritada e corada, esfregando a não no nariz, espirrando em seguida. "Como... a gente...?", dou de ombros. "Não faço ideia. Estou tão surpreso quanto você.", ela amarra o cabelo num coque. "Eu preciso ir, meus avós devem estar preocupados.", balanço a cabeça. "Não se preocupa com isso. Ontem, depois que você dormiu, eu avisei que você estava aqui e que passaria a noite, porque estava escuro e tarde.", ela arregala os olhos. "E o que você disse exatamente a eles?", coço meu braço. "A verdade. De que te encontrei próximo ao meu rancho, e te chamei para tomar um chá e ficamos conversando, e enfim, o resto que você bem sabe.", ela esfrega os olhos novamente. "Marie, eu realmente preciso ir ao banheiro. Então é o seguinte, tem um banheiro próximo a cozinha. Tem toalhas limpas, e provavelmente uma embalagem de escova nova, sinta-se a vontade. Eu vou até meu quarto e posso te trazer roupas limpas se você quiser. Até porque ainda está chovendo bastante lá fora.", ela concorda comigo. "Fica a vontade, ok? Eu já volto."

Eu não sei o que tinha de errado comigo, mas ela me fazia sentir livre. E isso me assustava. E porque isso me assustava? Eu não faço ideia!

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora