49 || I want to you stay

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🌺~John's POV


Quando estacionei a caminhonete na frente da casa dos meus pais, já passava da meia noite. Disse a Ben para tranquilizar Marie do jeito que ele conseguisse, e a avisasse que eu iria demorar para chegar, mas que eu viria. Eu sabia que era má ideia me envolver com ela, como que eu fui ingenuo em achar que um cara como eu teria paz, em viver uma historia com alguém... Até parece! Eu já vivi isso, eu perdi isso, não funciona para mim! Ela não querer morar comigo aqui só prova o quanto eu sou amaldiçoado! 

E agora com essa reviravolta a cerca do assassinato de Katy... Eu jamais imaginei que fosse Lolita.... Pare de mentir para si mesmo, a ideia passou pela sua cabeça algumas vezes e você não quis acreditar! 

Sai da caminhonete e respirei fundo. Peguei meu chapéu nas mãos e bati nele tirando um farelo de donuts que eu havia comido no caminho e entrei na casa. Estava silenciosa, á não ser é claro pela tv ligada na sala, provavelmente Ben, assistindo algum filme tosco. E como se soubesse que eu estava pensando nele, ele se vira para trás e suspira fundo. "Como ela está?", pergunto antes de qualquer coisa. "John, o corte na mão dela está horrível... Mamãe lavou e fez os primeiros socorros, mas acho que precisa dar ponto. O corte do rosto dela é superficial, sei lá, seria bom leva-la á um hospital para ver isso. Ah, e provavelmente ela torceu o tornozelo, está bem inchado.", penduro o chapéu no cabideiro perto da porta, e passo as mãos no cabelo. "Ela comeu algo?", ele nega com a cabeça. "Ela não abriu a boca. Não conversou com ninguém. Só concordava com tudo o que pedíamos que ela fizesse".

O que foi que eu fiz? Ela não merecia isso. Tirei Marie de sua pacata vida nas montanhas, para traze-la para loucura que é minha vida. Se ela tivesse ficado em Paradise Valley, nada disso teria acontecido, mas não, como o eterno apaixonado que sou, pulei de cabeça no que estava sentindo, no que ela me fazia sentir, e a trouxe comigo. Eu sabia que ela viria, Annie é curiosa, e nunca saiu do seu mundinho, tudo sempre foi perfeito e intocável para ela. A vida toda. A perda dos pais, foi um baque, mas que com o amor dos avós, fez com ela não sentisse tanto a perda, é como se eles ainda estivessem vivos, enquanto ela estivesse em Montana. 

"Você vai subir?", a voz de Ben me tira dos meus pensamentos. "Sim... Vou.", ele se levanta e vem até onde estou e coloca as mãos em meu ombro. Ben era apenas dois anos mais novo do que eu, mas eu ainda o olhava como se ele tivesse menos. "Me escuta, eu sei, que de nós três, eu sou o que menos tem direito de falar qualquer coisa sobre relacionamentos, até porque, eu nunca tive um relacionamento decente",  acabo rindo. "Mas enfim, aquela garota te ama, John. E é muito diferente do amor que Katy nutria por você. Não é como se ela dependesse de você para respirar, não, não é isso. Ela ama você por você ser simplesmente quem é. E sabe o que é engraçado?", ele se afasta e eu cruzo os braços sobre o peito. "O que?", ele ri. "Enquanto cuidávamos dela, ela só falou uma vez. Uma unica vez, e foi apenas para perguntar 'Johnny está bem?', ela toda machucada, em choque, teve o altruismo de pensar em como VOCÊ, estava. Se isso não é amar alguém, eu não sei o que o amor é de verdade. Vá lá em cima, conversa com sua garota, eu tenho certeza que ela ainda está te esperando, ela desceu algumas vezes para ver se você tinha chegado, mesmo que ela não tenha perguntado nada, ela ficou olhando para porta, acho que esperando que você entrasse por ela", ele dá de ombros, e eu sou obrigado a dizer. "Nesses anos todos, essa foi a coisa mais madura que você me disse sobre alguma coisa, Ben", ele soca meu ombro de leve. "Vá a merda", me afasto dele e subo as escadas do andar de cima. Minha mãe deve ter colocado Marie no quarto que eu costumo ficar quando venho visita-los, ou quando simplesmente resolvo passar alguns dias. 

Enquanto anda pelo corredor até onde ficava o quarto, respirei fundo algumas vezes sentindo meu peito doer. O dia tinha sido muito cheio de emoções diferentes, emoções essas que lutavam para sair, e iriam sair uma hora ou outra, eu podia sentir isso. Esse é o problema em lidar com ansiedade, estresse emocional e físico. Você acumula tanto que sente, porque acha que pode conter de alguma forma, e esquece que uma hora essas privações, vão bater a sua porta para te avisar que não há como conter a avalanche de sentimentos que está vindo. 

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora