EPILOGO

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Desde que deixei Connecticut, há quase dois meses atrás, nunca me senti tão desconectada com a vida, como me sentia agora. Desde que lancei Walt Grace e seu submarino, no qual praticamente o reescrevi inteiro no mês de novembro... Sim, a culpa e a dor, me fizeram ligar aos prantos e pedir a Gabriela que não mandasse aquela versão para editora, e o que eu fiz foi, pegar a primeira versão dela, e adapta-la, uma historia melancólica e solitária de um homem que resolve criar um submarino e se jogar em uma aventura no mar. Ele se isola do mundo, enquanto ouve as pessoas próximas a ele dizerem que ele nunca conseguirá e o rotularem como "louco" por tentar. Enfrentando tudo e todos, ele cria seu submarino e embarca na desejada jornada que tem como destino final o Japão. Walt Grace acaba por tornar-se uma lenda por seu feito de "sair em uma jornada de um submarino caseiro para uma só pessoa". Apesar de em nenhum momento eu citar quaisquer coisas que John havia passado, Walt encontrava-se em um momento difícil de sua vida e procurou refugiar-se para poder criar uma obra que o libertaria. Naquele momento, o refugio significava sobrevivência. Assim como John, Walt Grace precisava dessa fuga da realidade, que por mais difícil que fosse, lhe traria a felicidade e o levaria para um novo mundo, que ele tanto almejava. A vida solitária é algo com a qual ambos já estavam acostumados. Mas tanto John quanto Walt usaram maneiras diferentes para conseguirem a almejada felicidade. 

Talvez escrevendo de forma mais poética e menos pessoal, John me perdoasse. Walt se tornou uma lenda na sua cidade, e John se tornou uma lenda em meu coração. Eu só queria que ele entendesse que nada do que escrevi foi para magoa-lo. Eu o amo. Jamais o machucaria desse jeito, eu não fingi o sentimento, eu me apaixonei por ele, de verdade...

"Marie?", a voz doce de minha amiga Molly me tira dos meus pensamentos. Eu estava sentada na varanda do rancho que era de John, que agora tinha uma placa escrito "vende-se", enquanto observava o que antes da neve cobri-lo, era rio Yellowstone. Me virei para olha-la. "Imaginei que você estivesse aqui. Você tem vindo desde que colocaram a placa", dou de ombros. "Eu vivi alguns dos melhores momentos desse ano, nesse lugar. E agora vou ve-lo pertencer a outra pessoa, porque John não quer estar a nenhum metro de distancia perto de mim. Eu fiz isso, Molly. Eu perdi ele", ela me abraça e beija meus cabelo. "Marie, eu nunca vi você desse jeito. Serio, você não come, não sorri, vive perambulando feito fantasma sozinha nessa cidade. Não é como se sua vida tivesse acabado, você perdeu um homem, não deixe que isso faça você perder de si mesmo", limpo meu rosto. "Mas eu não sei quem eu sou sem ele, Molly. Eu não sei. Eu não imaginei que ele iria ficar tão magoado com o livro. De verdade", ela segura minhas mãos. "Marie, presta atenção, John não é como qualquer outro homem. Ele é intenso, e o trabalho dele exige descrição, o que você esperava? Que ele fosse amar ser exposto desse jeito? Claro que não!", concordo com ela. "Mas e agora? o que eu faço?",  ela respira fundo. "Você já fez, lembra? Ter enviado o primeiro fascículo do livro repaginado e a carta, deve fazer algum efeito. Mas se não fizer, você precisa seguir em frente", me levanto do chão de madeira. "Mas eu não quero seguir em frente, Molly. Eu o amo. E vou continuar amando ele", ela me abraça e nós caminhamos para fora das dependencias do rancho. "Quem diaria que Marie, a garota que não queria amar, e só escrevia sobre o amor, estaria sofrendo por amor agora?", ela ri me fazendo rir também. 

Querido John, eu vejo tudo agora desde você me mandou embora, você não acha que a gente merecia mais do que isso?

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora