42|| Though I'd Died And Gone to Heaven

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~ JOHN'S POV

"Senta aqui.", digo após voltar do sótão com meu notebook em mãos, com Marie logo atrás de mim. Ela me olhava apreensiva enquanto se sentava no sofá. Coloquei o notebook sobre a mesa, por um instante, ergui seu pé, e tirei as sandálias de salto grosso alto que ela usava. Apertei cada um por um momento, e deixei seus pés em meu colo. "Annie, o que eu vou te contar aqui, não pode sair dessa casa, ok?", ela concorda. Afasto seus pés do meu coloco, e ela se ajeita no sofá me dando abertura para tornar a pegar o notebook.

O ligo, e enquanto esperamos ele atualizar totalmente, ela encosta a cabeça em meu ombro.

"Johnny?", me chama com a voz suave. "Eu sou um alvo?", respiro fundo. "Sim e não, mama.", ela sorri, e percebo que essa era segunda vez que a chamava assim. "Você não gosta de apelidos né?", ela ri. "Não é isso.", ela balança a cabeça. "Então o que é?", pergunto enquanto acesso os arquivos no note. "É que essa é a primeira vez que você me chama assim, sem que a gente esteja transando.", ela esconde o rosto no meu ombro, e sou obrigado a rir e beijar seus cabelos loiros. "Desculpa. Se isso te deixa constrangida, eu não chamo mais fora da cama.", ela morde meu ombro. "Annie!", ela da risada. "Você começou!", me Inclino até ela e beijo sua boca. "Mas tudo bem ou não eu te chamar de mama?", ela concorda que sim. "Eu gosto quando me chama assim. Acho carinhoso.", beijo o nariz dela. "Bom, deixa eu te explicar o que posso, sobre ser a namorada de um agente secreto.", ela ri. "Namorada, é? Desde quando?", arquea uma sobrancelha. "Preciso mesmo dizer desde quando?", Marie nega com a cabeça. "Bom. Agora deixa eu conversar sério com você...", ela concorda e torna a apoiar a cabeça no meu ombro. "Há uns anos atrás, quando me relacionei com Lolita, descobri que ela tinha distúrbio de personalidade limítrofe.", ela me olha sem entender. "O que é isso?", seguro sua mão, quando a sinto em meu peito, e a beijo. " É um transtorno mental caracterizado por humor, comportamentos e relacionamentos instáveis.", digo a ela. "É um dos diagnósticos mais difíceis de se ter e tem que manter um tratamento psicológico/psiquiátrico pesado sobre ele.", e ela me olha. "Mas porque esse nome, Limítrofe?", coloco o notebook de lado e sento ela em meu colo. "Porque é um transtorno que é no límite da sanidade de cada indivíduo. A pessoa pode estar como nós dois agora, tendo uma conversa casual... E bam! Do nada o humor dela pode se alterar e ela ficar ou depressiva, ou agressiva... Entre outras coisas. Por isso que é facilmente confundida, até por especialistas, com a bipolaridade. Pela similaridade na alteração do humor.", beijo sua testa. "Você parece ter experiência no assunto...", dou de ombros. "Estudei psicología comportamental como curso extra. Já que meu trabalho, pelo menos as habilidades que tenho,  usam muito disso.", ela concorda. "Mas, e então? Porque você acha que ela fugiu da reabilitação?", coloco o notebook em seu colo. "Ela já foi internada algumas vezes, porque não tem controle dos seus atos e a família não consegue mante-la longe de encrenca por muito tempo. Ela fica hospedada num hoapital psiquiatrico em Los Angeles, um no qual eu ajudo sua avó pagar. Mas ela não sabe disso, e você não pode dizer isso à ela.", bato com o dedo indicador em seu nariz. "Certo.  Mas por que você disse se ela fugiu, eu não vou poder vê-la mais?", acesso uma das pastas no notebook,  e clico em um vídeo. "Esse vídeo, foi há mais ou menos uns 4 anos atrás. E... Enfim, assista.", clico no video e ele se inicia.

Há uns anos atrás,  na casa de meus pais, Lolita e Katy tiveram uma discussão que quase terminou de maneira trágica. O video era desse dia. As duas estavam conversando no andar de cima da casa dos meus pais, quando ouvimos gritos,  chegamos na varanda a tempo de impedir que Lolita matasse a si e a Katy. Ela havia amarrado uma corda no pescoço e ameaçava pular se Katy não desistisse do noivado. Como Katheryn, não cedeu a sua chantagem emocional, ela decidiu que a levaria junto pro túmulo. Mas graças a Deus, eu cheguei antes, e evitei que uma tragédia acontecesse.

"Eu não quero ver mais isso...", ela pausa o vídeo no instante em que Lolita tenta se jogar da varanda agarrada em Katy. "Eu... eu.. John, isso é muito pesado.", ela funga triste, e vejo seus olhos marejados. "Por favor, não chore. Eu não vou deixar nada acontecer com você. Mas precisava te contar isso para você entender como ela é.  Escute, eu amo Lolita. Ela é uma pessoa maravilhosa, mas sem seus cuidados necessários,  ela é perigosa. Ela já tentou suicídio diversas vezes. É por isso que a mantemos nessa clínica.", ela fecha o notebook. "Você não acha que talvez ela seja maltratada nesse lugar? Ouvi dizer que o sistema de internação dessea lugares é muito desumano.", balanço a cabeça negando. "Não. Esse lugar onde ela fica em LA, é praticamente um resort. É lindo! Desses que você faz coisas saudáveis, pratica yoga, se alimenta de forma saudável.... Esse tipo de coisa, é caríssimo. Eu não mandaria uma pessoa que amo tanto para um lugar como esse, sem antes pesquisar. Eu quero ela bem.  E para isso ela tem que ir para um lugar bacana. Só gostaria que ela permanecesse lá, ao invés de fugir tanto.", dou um suspiro fundo. "Talvez ela não tenha fugido dessa vez.", diz otimista. "Só saberemos quando Verônica me mandar as atualizações da sua internação.", ela se levanta do meu colo. "Vem.", ela puxa minha mão. "Para onde?", pergunto de pé. "Como para onde? Para cama, oras! É muita informação para uma noite.", dou risada e a pego no colo. "Então vamos, mama.", ela ri. "Eu posso ir andando, Johnny!", continuo a andar. "Eu sei. Mas não quero."

•••

Era uma manhã fria de verão,  quando acordei, mas Marie já havia saído para caminhar, como ela havia começado a fazer aos sábados. Demorei um pouco mais do que de costume para me levantar da cama, estava incrivelmente cansado. Confesso que ser agente secreto e ter uma namorada 16 anos mais nova do que eu, é algo maravilhoso e cansativo ao mesmo tempo. Eu amo que eu faço e amo Annie.

Quem diria que eu conseguiria admitir isso então pouco tempo? Não faz tanto tempo que nos conhecemos, mas sinto como se nos conhecêssemos desde sempre. Ela era aquela luz, sabe? Quando aquela garota entrava no lugar, é como se todas as coisas boas entrassem com ela.

Annie era o motivo pelo qual estava ouvindo todas as músicas do Bryan Adams essa manhã, depois que finalmente me levantei, e decidi fazer um café da manhã para quando ela voltasse, suada e brilhante de sua corrida. Eu não consigo descrever em palavras coerentes o que ela me faz sentir quando vira o foco dos meus olhos. Aqueles olhos azuis esverdeados,  que sempre sorriam junto com seus lábios.... Marie sempre tinha esse lindo sorriso e essa vontade de aprender e entender tudo. Eu amava isso nela. Ela era curiosa e meiga. Maldosa algumas vezes, mas incrivelmente menina. E fazia esse homem aqui de quase 42 anos, suspirar como um garoto de 17.

A porta da sala se abre, e instantaneamente, me sinto ansioso. É isso o que ela faz! Ela me deixa ansioso para vê-la. É assim que me sinto quando vou para o trabalho, e quando estaciono o carro no quintal. Ela me faz sentir a falta dela durante o dia, mesmo que seja por poucas horas.

"Eii, você.", diz soltando os cabelos ao entrar na cozinha. "Ei, você também.", chamo ela com a mão, enquanto colocava a última panqueca no prato e desligava o fogo. Ela me abraça suada e cheirosa. "Alguém esta apaixonado essa manhã?", diz balançando a gente no ritmo de Though I'd died and gone to heaven do Bryan Adams. "Eu acordo apaixonado todo dia, desde que te vi pela primeira vez naquele celeiro.", ela revira o olhos. "É serio, mama. Acordar e ver você do meu lado, é o sentimento dessa musica.", seu sorriso fica enorme. "Então, você acorda achando que morreu e foi pro céu, quando me do seu lado na cama? Descabelada e roncando como minhas porcas da fazenda?", gargalho alto. Puta que pariu! Ela é maravilhosa!

Beijo seus lábios aos risos, pegando-a de surpresa. "Você não ronca tanto assim...", digo a ela. "Mas ronco.", ela mordisca meu lábio inferior e eu concordo. "Mas não é algo que me incomoda. É bonitinho, até.", ela abraça meu pescoço e sugo seu lábio superior, pegando-a no colo, e a sentando na bancada. "Para de ser fofo. Você não tem mais idade para isso.", ela ri e eu beijo todo seu rosto fazendo-a a gargalhar alto. "Quem disse que não?", ela aperta as pernas ao redor de minha cintura. "Eu!", Annie coloca as duas mãos em meu peito e eu as seguro. "Vamos alimentar você, querida. Depois disso eu vou provar a você que eu posso ser fofo, quando eu quiser... Mas se você preferir... ", beijo seu pescoço. "Eu posso ser o que você quiser...", mordisco sua orelha. "Humm... a segunda opção é maravilhosa.", diz em um sussurro. "É mesmo?!", provoco. "Sim... Principalmente,  fazendo essa cara...", ela puxa minha camiseta. "Definitivamente,  a segunda opção é melhor!", diz aos risos.

Ela era tudo que jamais imaginei ter, depois de Katheryn. Como um cara azarado como eu, tinha conseguido uma garota tão linda como ela?

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora