20|| O que você disse?

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Estava agachada na cozinha brincando com Moose, quando John entrou pela porta como um furacão. Ele pisava tão forte no chão que o assoalho de madeira rugia. Ele ignorou a mim e seu cachorro, passando direto pelo cômodo. Fechei meu notebook em cima da bancada, e me ajoelhei acariciando o labrador. " Não fica triste, amigão. Papai só está irritado. Mas não é com você, ok?!", beijei o cachorro, e me levantei indo atrás de John. Moose não me seguiu, ficou na cozinha. O que me disse que talvez eu devesse fazer o mesmo. Mas me enchi de coragem e caminhei até o outro cômodo a procura dele. O encontrei parado com um copo de uísque em frente a lareira. Ele estava em silêncio, mas eu conseguia sentir que havia algo errado, mesmo sem olhar em seu rosto, eu conseguia sentir, porque ele emanava irritação. Respirei fundo e limpei minha garganta. Que fez ele olhar sobre o ombro para mim, e se um olhar pudesse matar, eu estaria no chão a essa hora. Busquei coragem e fiz minha primeira tentativa. " Está tudo bem?", ele só negou com a cabeça e voltou sua atenção para o fogo. Caminhei vagarosamente, para estar próximo a ele. E fiz minha segunda tentativa. "Quer conversar sobre?", digo cautelosa. Ele nega com a cabeça e bebe o resto do líquido ambar de seu copo. Então pega a garrafa sobre a lareira e torna a por mais no copo. Ele está irritado e bebendo. Até onde eu sei, essas coisas combinadas não era bom sinal. Dei alguns passos até estar bem perto dele e toquei sua mão quando tentou levar o copo a boca. Ele me olhou com olhos tão negros, que a intensidade de sua raiva, me fez dar um passo para trás. " O que!?", perguntou seco. Engoli o nó em minha garganta. " Você está chateado com alguma coisa. Não acho que beber seja bom.", Ele ri nervoso, e dá uma boa golada do uísque. "Do que é que você sabe da vida, Annie? Você passou sua vida toda em Montana, ordenhando vacas ou no seu quarto observando as estrelas. O que você acha que sabe, han!?", seu hálito estava cheirando a uísque. E eu me pergunto o quanto ele tinha bebido daquilo? "Escuta uma coisa, John... Eu posso ter passado a minha vida em Montana. Posso ter passado mais tempo ordenhando vacas e apredendendo sobre as estrelas. Mas estar chateada nunca me deu direito de agir feito uma idiota com as pessoas que estão tentando ajudar. E não te dá o direito também!", ele respira fundo toma o resto do líquido e coloca o copo em cima da lareira com extremo cuidado e se vira para mim. "Eu disse a você, que era estragado. Esse é o tipo de porcaria que vem com isso. E eu vou te dar um aviso, para o seu próprio bem... Pare de tentar me ajudar o tempo todo. Eu não sou problema seu. Eu não sou problema de ninguém!", esse tamanho todo, o jeito que ele articulou cada palavra, e a forma que ele me olhou me fizeram sentir medo. Aquele tipo de medo que você sente antes de cair do precipício, sabe?!
As mãos dele estavam apertadas em punhos rentes ao corpo, seu corpo estavam tão tensionado, que as veias de seu braço estavam protuberantes. Em outra ocasião eu acharia aquilo sexy, mas agora, fazia com eu ficasse em alerta. Dou um passo a frente, tomando coragem para ficar perto dele, mesmo que meu coração estivesse prestes a saltar para fora do peito. E segurei seu punho direito. E olhei para ele, que me olhava com surpresa. "Fala comigo, Johnny. Não me afasta porque está chateado, sou sua amiga... Pelo menos, gosto de pensar que sou. Apenas fale comigo.", acaricio seu punho com o polegar, até que o sinto se desfazer, e ele entrelaça nossos dedos, o que me faz olhar para elas unidas. Deixando bem aparente a tatuagem de flor de cerejeira em cima do ossinho do seu pulso. Eu adorava aquela tatuagem, era tão delicada. Acho que depois dela, só a pêssego no outro punho. Ele tinha muitas tatuagens, mas as minhas preferidas eram as mais delicadas. Não que as outras não fossem bonitas, porque eram. Mas agora elas não eram meu foco. Levanto meu rosto olhando para ele, seu olhar estava perdido pelas paredes de pedra e madeira da cabana, o que me fez levar outra mão a seu rosto, para que ele voltasse sua atenção para mim. Quando ele o fez, seu olhar era tão confuso e perdido. Que me fez engolir em seco. " Porque você insiste em me ajudar, Marie?", penso em falar alguma coisa, mas ele coloca seus dedos sobre meus lábios e me impede. "Shh... Apenas, shh...", quero rir mas sei que não devo, a expressão de seu rosto era séria. "Eu vou machucar você, Marie... Se você insistir nisso, vai acabar se machucando. Há feridas em mim que não cicatrizam, por mais que eu tente. E... Você não merece isso. Você não merece um cara como eu. Você é inteira, e eu sou só metade. É uma metade é um inteiro não se encaixam.", sua voz sai arrastada, o que faz eu perceber que ele estava dizendo coisas que vem pensando sobrio. Como se tivesse tomado o soro da verdade. O que me faz abusar da sinceridade sendo dita. " Então você quer que eu desista de você? Que me afaste? Que não sejamos mais amigos?", indago. " se você for inteligente, como eu sei que é... Seria o melhor que você faria. Mas não, não é o que eu quero.", tento soltar sua mão para cruzar meus braços, mas ele não me solta. "E o que você quer, John?!", ele respira fundo. Ele abre a boca para falar algo, mas se contém, e balança a cabeça. " Voltar para Connecticut.", sinto algo cair no meu estômago. E de repente a idéia de John ir embora me faz sentir estranha. Eu nunca tinha pensado nisso, ele não veio aqui para morar. Ele veio para passar um tempo, como se fosse férias. Sinto minha respiração falhar. "Quando você vai?", me ouço perguntar. "Recebi uma ligação do departamento de polícia, e pediram que eu voltasse essa semana. Como policial acessor." faço uma careta para mostrar que não havia entendido o que ele disse. "Policial acessor, é aquele que te ajuda nos casos, com experiencias em outros que já solucionou, mas não vai para linha de frente. Não vai para campo portando arma e essas coisas.", ele dá de ombros. "Então você vai voltar para Conecticutt? E hoje é a última vez que nos veremos?", ele respira fundo. "Eu... Eu quero que você venha comigo...", Eu ouvi o que acho que ouvi? , "O que você disse?", ele levanta a minha mão e a beija. "Eu sei que eu disse que era melhor você se afastar e tudo mais. Mas é que pensando nisso, não sei se quero te ter longe de mim... Você é a única pessoa que eu me abro.", essa mutação de humor não era algo que eu gostava. "Você me confunde, John. Uma hora diz que era melhor que eu me afastase de você. E agora quer que eu mude de cidade para ficar com você... Você é maluco por acaso? Eu não posso fazer isso!", ele solta minha mão. " Não seria para sempre, Marie, apenas por uma ou 2 semanas. E quando acabasse eu voltaria com você de volta para Paradise Valley", ele não podia está falando sério estava bêbado. Isso era resultado do uísque. E eu precisava pensar, e de preferência sozinha. "Eu... Eu não sei... Acho que é melhor eu ir para casa, John. Preciso pensar bem nisso.", ele não diz nada só concorda com a cabeça. "Tudo bem. Vou pedir para uma das meninas te levarem, porque eu bebi." tiro meu celular do bolso e começo a digitar uma mensagem. "Não precisa, já estou mandando mensagem para Vic me buscar.", ele só assente com a cabeça. "Vou buscar sua mochila no quarto.", ele diz me dando um beijo na testa e some em direção ao quarto, eu vou até a cozinha, pego meu notebook e trago Moose para sala comigo. John aparece um tempo depois com minha mochila nas mãos e me entrega, eu guardo o notebook nela, e a coloco nas costas. Mas ele a pega colocando em seu ombro. Quando estamos na varanda ao aguardo de Vic. Fiquei encostada na pilastra de madeira, pensativa no que ele tinha acabado de me pedir. Eu não sabia o que pensar. Ir para outro estado com um cara que eu não conhecia. Me parecia maluca a idéia. Eu precisava das minhas amigas para me ajudar nisso. Quando a caminhonete amarela aparecer na estrada - a minha, na verdade -, surgiu ao longe, eu sabia que era Vic. Ele entrou no rancho e estacionou ela um pouco atrás da Land Rover de John e buzinou. Peço minha mochila a ele, mas o que ele faz é o contrário ele me pega pela mão, e me leva até a caminhonete. Abre a porta do carona para mim. "Pensa sobre o assunto. Você tem até a madrugada pra decidir, ok?!", faço que sim com a cabeça. "Se você não entrar em contato comigo até às 7 da manhã, vou considerar que você desistiu.", ele ajeita uma mecha atrás de minha orelha, e beija minha bochecha, e se afasta segurando a porta me ajuda a subir na caminhonete e me entrega minha mochila. E então fecha porta. Ele cumprimenta Vic. E então escora na janela. " O que foi?", pergunto. "Apenas pense sobre a proposta.", e se afasta do carro e Vic nos tira dali com a cabeça imersas em pensamentos... O que eu deveria fazer meu Deus?

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora