26|| You be a bitch because you can

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"Onde estamos indo?", pergunto quando estamos dentro de sua caminhonete. "Você ontem gritou comigo, dizendo que estou enrolando para te levar a casa dos meus pais. Então..." , ele da de ombros dando a ré no carro. "Aaah! Finalmente! ", bato as mãos animada. "Coloque seu cinto, Annie. Se não o carro não vai parar de apitar.", faço o que ele pediu, e volto a olhar para ele. John estava tão bonito hoje. O cabelo molhado, o cheiro de quem acabou de sair do banho. Os óculos escuros, a camiseta preta, calça jeans marrom... Era muito difícil ficar perto dele sem ficar afetada. "O que foi, querida? Você ficou calada de repente... Tá tudo bem?", ele diz colocando a mão em meu joelho. "O que foi?", ele insiste. Estico minha mão, acaricio seu cabelo. "Não foi nada. É só que... ", seguro a mão dele. "Qual é, Annie? A gente já falou sobre isso. Você não precisa ficar com receio de me dizer nada. Mesmo que seja sobre mim. Apenas diga.", aperto sua mão. "Você... Você está bonito essa manhã.", encosto a minha cabeça em meu joelho, escondendo meu rosto, e fazendo isso, arranco uma gargalhada dele. Era um som muito genuíno, e gostoso de ouvir. "Annie, você também está bonita. Mas não é só esta manhã. Você sempre está." sinto meu rosto queimar com o elogio, mas levanto a cabeça. "Para com isso!", ele ri. "Você está vermelha.", faço uma careta para ele. "Olhos na estrada vovó.", digo e ele. "Alias, eu gostei do seu casaco.", ele aponta para o casaco rosa clarinho que eu estava vestindo. "Obrigada.", ele beija a minha mão. "Senti falta de ver você usando rosa. Você usou pouco desde que chegou em Connecticut.", dou de ombros. "Pensei melhor no que você disse, e resolvi usar menos. Estou muito velha para ficar usando isso.", ele balança a cabeça. "Não pare de usar algo que gosta, por causa do que dizem. Inclusive, eu. Não tive essa intenção. Eu gosto dessa cor em você. Foi por isso que comentei.", sorrio sem graça. "Me desculpa se as vezes eu soo confuso com as coisas que eu digo. Eu sou uma pessoa estranha.", ele diz virando na proxima rua. "Tudo bem. Eu gosto de estranhos.", ele faz uma careta enquanto diminui a velocidade para uma mãe e duas crianças atravessarem a rua. "Que você gosta de estranhos, eu percebi ontem...", ele deixa a frase no ar. "Vamos voltar nisso de novo?", pergunto respirando fundo. "Eu acho que vamos.", ele me responde cínico. "Eu não estava flertando com Julian. Deixei claro isso ontem. Mas quer saber de uma coisa?", ele passa a marcha do carro, e me olha de lado, voltando sua atenção para frente novamente. "E se eu estivesse? Qual o problema?", ele diminui a velocidade novamente, e estaciona a caminhonete no acostamento. "Você está falando sério?", sustento o olhar dele. "Sim, estou. Eu não sou sua namorada. Então qual seria o problema se eu flertasse com outro cara?", ele passa as mãos nos cabelos. "Quer saber de uma coisa? Deixa para lá.", ele torna a ligar o carro e passamos os próximos 10 minutos em absoluto silencio, até ele entrar numa área residencial e parar a picape em frente à uma casa di outro lado lado da rua, que mais parecia uma mansão para mim. Tirei o cinto de segurança, me preparando para abrir a porta da caminhonete, quando sinto ele segurar minha coxa. "Me escuta, ok?", olho para ele, e concordo. "Eu sei que você é livre para fletar com quem quiser e tudo mais. Mas... isso não quer dizer que eu goste. Com isso dito, você faz o que quiser. Mas fique ciente que não gosto. Posso aceitar, por que você não é minha. Se fosse, nós teriamos um problema.", pisco duas vezes atônita. "Deixa eu ver se entendi... Eu sou livre para flertar com outras pessoas, porque nós não estamos juntos. MAS... Você não gosta disso, certo?", ele tira a chave da ignição e concorda, apertando os lábios, como se aquela conversa não fosse grande coisa. "Estou um tanto confusa, John.", ele dá ombros. "Eu sou confuso. Já te falei isso.", abro a porta da caminhonete e finamente desço dela. Ele aparece ali, minutos após eu ouvir o barulho da sua porta se fechando. Me viro para ele, colocando a mão na testa, para bloquear os raios de sol em meu rosto. Apesar dos 10° que faziam hoje, o dia estava ensolarado. "Então é isso, você vai me deixar no escuro mais uma vez? Não vai explicar nada do que quis dizer? Logo, você, que vive me cobrando que eu devo falar sempre o que estou pensando?!", ele coloca suas mãos em cada um de meus ombros, e se inclina, os óculos escuros não me deixavam ver a reação de seu olhar direito, e aquilo me deixava agoniada. "Escuta, eu sei que te cobro coisas, que as vezes não faço. Mas é que você, Marie Annie, você é apenas uma garota que se sente envergonhada de falar o que pensa, por causa do lugar onde foi criada. E não há nada demais em falar o que pensa. Ao contrário de mim, que já morri pela boca, por falar asneiras que não faziam o menor sentindo. Foi a maneira que eu achei de expor que estava me sentindo pressionado, e a ponto de surtar a qualquer hora. Mas o velho John não queria sair por baixo. Meu ego era gigante demais para isso, e me iludi achando que se saisse brigando com meio mundo, e agindo de forma sem noção, que conseguiria contornar o problema depois. Mas adivinha só? As pessoas do meu trabalho, me odeiam!Me odeiam pelo simples fato de eu ter dado a entender que não levo meu trabalho a sério.", me sinto mal por ele. "E depois que Katy e Dawson foram assassinados, todo mundo passou a me ver como coitadinho. E isso é o pior sentimento para mim, Marie. Eu não quero a pena de ninguém. Não quero que me perdoem pelas coisas que eu disse no passado, porque o "pobre do John está sofrendo". Quero que eles entendam que eu sou apenas um ser humano, e como todo ser humano, eu estou fadado a falhar. E não porque têm pena de mim. Dito isso tudo, o que talvez não faça o menor sentido, já que eu disse coisas aleatórias demais. Eu só quero que você entenda que me importo com você, e querendo ou não, nós dividimos a mesma cama. Então, talvez por isso seja difícil para mim entender que você é minha amiga, e não minha garota.", abro a boca num grande "O", e ajeito meus óculos de grau. "Acho que entendi." Ele beija minha testa. E sou obrigada a perguntar. "Quem é Dawson?", ele me abraça e beija meus cabelos algumas vezes. "Dawson era meu melhor amigo e meu parceiro no trabalho. Ele foi pego num fogo cruzado em uma operadora a dois meses atrás.", ergo a cabeça para olhar para ele. "Esse foi o motivo real por você ter sido afastado, certo?", ele concorda que sim. "Em 3 anos, duas perdas terríveis, eu estava dando trabalho em campo.", coloco meus braços ao redor de seu pescoço e o abraço forte, dando um beijo em seu pescoço. "Sinto muito pelas suas perdas, John. De verdade! Você não merece sofrer. Ninguém merece, na verdade.", ele se afasta me observa por uns instante, tira meus óculos, os colando em seu bolso, e acaricia minha bochecha com os seus polegares. "Você é boa demais para esse mundo, querida. E ele nem te merece, e nem eu.", seguro suas mãos. "Para. Apenas me beije, John.", ele não espera um segundo pedido e cola seua lábios nos meus. Dessa vez o beijo tinha algo diferente, era terno e gentil. E não febril e abrsador como das outras vezes. Seus lábios eram macios e suaves sobre os meus, John segurava meu rosto com cuidado, como se eu fosse quebrar se ele apertasse demais. Sua lingua invadiu minha boca, explorando cada centímetro dela. Como ele dependesse daquilo. Ele sugava minha minha lingua, e vez ou outra me deixava sugar a dele. Até ele partir nosso beijo, e respirar fundo buscando recuperar o fôlego. Coisa que eu também fiz. Ele esfrega seu nariz no meu. "A gente precisa mesmo entrar na casa de meus pais?", diz com voz grave e profunda, o que faz com que eu derreta por dentro. "Eu tenho tantas outras coisas em mente que nós poderiamos fazer...", ele diz em meu ouvido.

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora