1|| Eu sou John. John Mayer.

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Era manhã em Paradise Valley, eu havia acordado cedo como sempre faço para ordenhar as vacas com meu avô. Dolly uma das vacas mais dóceis, comia seu mato enquanto eu a ordenhava com as mãos enchendo o balde. Meu avô ordenhava Estrela, a vaca preta mais arisca, ela nunca pareceu gostar muito de mim, ao contrário de Dolly, que sempre foi um amor.

Depois que ordenhamos as vacas, dividimos o leite, em que metade iria para fabricação de queijos e e a outra para consumo da fazenda. Enchemos dois galões, e voltamos a pé para casa, desfruntando de uma linda manhã fria de fevereiro. "Como vai aquele livro novo minha neta?", meu avô pergunta. "Conseguiu escrever mais alguma coisa?", suspiro fundo.
"Sim e não, vovô. Eu ainda não consegui direcionar a história. Sinto que falta algo.", explico a ele. "Você vai conseguir. Eu acredito em você. Se voce conseguiu colocar sua série de livros como um dos mais lidos no mundo, não vai ser difícil escrever outras histórias.",  ele sorri., "Você tem um dom. Um dom muito bonito.", sorrio para meu avô.

Desde que me entendo por gente, sempre morei com meus avós, e sempre amei escrever. Eu tinha alguns poucos amigos, e nunca fui uma dessas garotas populares da escola, era sempre a garota que andava para cima e para baixo com algum livro na mão. Era taxada de nerd, esquisita, ou que me achava melhor que as outras garotas, por ouvir blues e ler muito. Os garotos viviam tirando sarro de mim, e as meninas viviam pegando no meu pé por me isolar com algum livro, ao invés de estar fazendo coisas 'normais'. Mas nunca liguei, gostava de ser quem eu era, e permaneci desse jeito. Foi maravilhoso ver a cara deles quando meu livro era a unica coisa que eles ouviam falar quando ele atingiu os 2M de leitores. E quando ele finalmente foi lançado e vendeu milhares ao redor do mundo, ver todos eles bacarem de meus amigos, foi ainda melhor. Eu era o orgulho da cidade, era só eu chegar em algum bar, ou na minha cafeteria favorita, que as pessoas paravam para conversar comigo e falar dos meus livros. Era ótimo ser reconhecida, mas as vezes, eu apenas queria me sentar no fundo do café,  com uma caneca bem cheia de café, e meu notebook aberto e conseguir escrever em paz. Era somente isso que eu gostaria as vezes...


}M{

Naquela tarde, eu fiz o que fazia de costume, selei meu cavalo favorito, e decidi dar uma volta pela vila próximo a fazenda de meus avós. O cavalo trotava tranquilo, e os cascos de suas patas faziam barulho no cascalho seco do chão. O dia continuava frio, mas não insuportável, e a brisa refrescava meu rosto quente. Quando avistei meu lugar favorito mais a frente, desci e amarrei Thor na árvore próximo ao lago, o deixando comer seu capim. "Você descanse. Eu vou me sentar e assistir o por do sol.", disse acariciando a cara do cavalo.

Me sentei embaixo da árvore, e tirei meu ipod do bolso. Coloquei para tocar minhas músicas country's como de costume, e tirei da mochila um pequeno caderno onde eu sempre fazia anotações, e desenhava algumas coisas. O que me faz lembrar que eu precisava comprar novas tintas para meu atelier de pintura.

Eu amava Paradise Valley, uma cidade do campo, pacata sem muito agito em Montana, com bastante verde e animais de campo. Eu realmente amava esse lugar... Mas apesar de tudo isso, sentia que faltava algo, eu só não entendia o que é que me faltava. Eu tinha tudo o que sempre quis, uma carreira de sucesso, uma vida melhor para os meus avós, reconhecimento no que eu fazia... Eu tinha tudo. Não havia nada que eu quisesse mais em minha vida. Nunca tive paciência para essas coisas de amor. Nunca foi algo que almejei. Poucos garotos olharam para mim dessa forma. Fiz muitos amigos do sexo masculino, mas, nunca tive um relacionamento... Ninguém nunca havia me tocado, ou me beijado. Sim, eu era essa garota, que escrevia romances ardentes, mas nunca experimentei nada disso, são apenas histórias que a minha mente pedia para serem contadas. Eu nunca senti desejo, paixão, ou essas coisas. Eu nunca me interessei por isso. Sempre achei que relacionamentos faziam você desvirtuar do caminho que você sempre sonhou. Que quando você se relaciona com alguém, aquela pessoa passava a ser uma extensão de você, e nunca quis ser a extensão de ninguém, alem de mim mesmo. Eu tenho a mim. E é só de mim que eu precisava. Talvez eu fosse uma dessas pessoas alto suficientes, não sei. Ou talvez eu fosse imune ao amor. Eu simplesmente nunca quis sentir nada disso por alguém, que não fosse da minha família.

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora