31|| I'm gonna take my horse to the old town road

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Eu passei o resto da manhã dormindo no sofá, até finalmente tomar coragem para tomar banho. Assim que o fiz, liguei para meus avós e soltei a bomba de que talvez ficaria mais algum tempo em Connecticut. Se meu avô Benjamim, ficou feliz com isso? Claro que não! Mas vovó Amy sim, e me fez várias perguntas sobre estar tomando "certos cuidados", e eu fui muito educada em mudar de assunto e dizer que não havia entendido o que ela esta a insinuando. Depois que desliguei com meus avós liguei para minhas duas melhores amigas. Primeiro para Teddy, mas não consegui falar com ela. Então liguei para Molly, e tive uma das melhores conversas que poderíamos ter tido nos últimos anos.

"Eu sei que você está apaixonada. Não totalmente, mas está.", ela diz. "E isso para um escritor, é algo muito poderoso.", realmente era. "Só que, eu preciso ser sua amiga, e te perguntar, porque você voltaria para Montana? E se é realmente isso que você quer, por que há dúvidas? Entre ficar ai ou voltar para casa?", Molly é muito boa nisso. "Eu não sei. É que as vezes eu sinto como se estivesse invadindo a privacidade dele ficando aqui.", dou de ombros mesmo sabendo que ela não podia me ver. "Marie, você acabou de me dizer que ele disse, que te quer ai. E se ele disse, é porque você não o incomoda.", me deito na cama. "Eu gosto de ficar aqui com ele. É maravilhoso. Eu só não gosto das alterações de humor. Ele consegue ser bem maldoso quando quer.", ela bufa do outro lado da linha. "É óbvio que ele tem alterações de humor. Ele está na casa dos 40. Não que isso seja desculpa para ser babaca, mas você me entendeu!", dou risada e ouço passos na escada. "Enfim, amiga. Vou ter que desligar agora.", ela da uma risadinha. "O forasteiro bonitão chegou né? Aproveita para transar de fato.", A figura de John aparece no quarto. "OK. Tchau, Molly!", desligo a ligação e jogo o celular na cama. "Oi.", digo sem graça. "Ei. Molly ligou, ou você ligou para ela?", me sento na cama. "Eu liguei. Precisava de ajuda para decidir se volto para casa, ou se fico aqui.", dou de ombros. Ele puxa uma cadeira e senta-se em minha frente. "Sobre isso... Você já decidiu?", me levanto da cama e sento em seu colo de frente para ele. "Estou pensando no assunto, e ainda não escrevi os termos do que quero discutir com você sobre algumas coisas.", ele beija minha testa. "A gente pode fazer isso agora. Deixa eu pegar papel e caneta.", me levanto de seu colo, e dou espaço para ele se levantar. Ele anda pelo quarto e vai até a escrivaninha, abre uma gaveta, pega um bloco de notas, que de longe parecia pequeno, mas não, ele era pequeno porque suas mãos são grandes. Ele pega uma caneta dentro de um dos copos com varias, e vem até onde eu estou. "Não quer fazer isso lá embaixo? Onde temos uma mesa?", dou de ombros e ela faz menção com a cabeça para que eu o siga. Descemos a escadas, com John cantarolando uma musica que para mim era desconhecida, mas que era muito boa, apesar dele não estar literalmente a cantando. Sentamos na mesa com duas cadeiras da cozinha, ele colocou o bloco em minha frente e a caneta sobre ele, puxado a cadeira para sentar ao meu lado. "Então... O que você tem em mente?", abro o bloco de notas, e destampo a caneta com a boca.

Penso um pouco sobre o que gostaria de fazer, se fosse ficar aqui. E não sei por onde começar, então apenas escrevo na folha.

Arranjar um emprego de meio período;

Andar pelo bairro;

Ir mais a casa de seus pais;

Chamar Lolita para vir aqui;

Conhecer a casa de Mark Twain em Hartford;

Ir na Biblioteca Beinecke de Livros Raros e Manuscritos em New Haven;

E por ultimo, você parar de implicar com Julian, porque eu não sou a Kathryn, e vocês não vão repetir a mesma historia comigo.

Empurro o bloco para ele, que pede a caneta, e eu o entrego. John lê tudo atentamente, fazendo anotações, em cada um dos meus pedidos. Quando termina, ele me olha, e empurra o bloco até que ele esteja no meio exato de nós dois, e então limpa a garganta. "Então, sobre o emprego de meio período, primeiro, gostaria de saber por que você o quer?", amarro meu cabelo num coque. Apoio meu cotovelo na mesa e cabeça na mão olhando para ele. "Primeiro, porque se eu ficar por mais tempo, e eu não sei quanto tempo é esse, vou passar muitos dias sozinha sem fazer nada. Você não trouxe o Moose, então é muito solitário. Segundo, porque quero ajudar nas despesas. E apesar de ter dinheiro no banco, se eu ficar usando muito, uma hora vai acabar. Terceiro, por que quero me sentir útil.", ele ri. "Ok. Você já tem algum lugar em mente?", eu não tinha pensado muito bem onde, mas tinha uma ideia. "Pensei na biblioteca publica, talvez.", dou de ombros. "Vou passar lá amanhã.", ele faz que não com a cabeça. "Deixa comigo. Eu conheço o gerente.", ele pisca para mim. "A segunda coisa, você pode andar pelo bairro, Annie. Não prisioneira nesta casa, apenas tome cuidado.", concordo com a cabeça. "Sobre ir mais a casa dos meus pais...Você pode ir lá sempre que eles te chamarem, mesmo se eu não estiver em casa. Só tome cuidado com Ben. Enfim...", ele dá de ombros. "Lolita...Hum... Eu não sei se seria bacana você fazer amizade com Loli...Ela...Tem um temperamento complicado. É uma das minhas melhores amigas, e até mesmo eu, me irrito com ela algumas vezes...Mas se é o que você quer, você é livre para convida-la a vir aqui sempre que desejar.", ele me sorrir. "Então você é fã de Mark Twain?", faço que sim. "Bom, é uma viagem de quase duas horas de carro... E acho que seria bacana pegarmos a estrada num dia ensolarado desses e subir até lá.", abraço ele empolgada e quase derrubo nós dois da cadeira. "Se acalme, mulher!", diz aos risos. "Você quer mesmo ir a New Haven para conhecer a Beinecke?", concordo com a cabeça varias vezes. "Fica a uns 30 minutos daqui. Eu pesquisei.", ele franze a testa. "Negociável eu levar você lá? E você ficar somente lá?", ele me pergunta com uma expressão enigmática. "Por que não posso andar por lá?", ele bufa. "Por que estou dizendo que não.", seu tom é duro. O que acaba me magoando um pouco. "Não. Eu quero um motivo plausível.", ele revira os olhos. "Serve eu dizer que é melhor para você, apenas fazer o que estou pedindo?", nego com a cabeça. "Então esse é um item fora de questão.", ele diz colocando um 'X', na frente. "E sobre Julian...", ele fecha a caneta. "Você andou conversando mais com ele? Como você sabe que ele e Katy se conheciam?", dou de ombros. "Ele me contou. Já que você, não me conta nada.", ele se levanta. "Certo. Enfim, eu não vou discutir com você por isso. Mas só quero deixar claro que, eu sei que você não é Kathryn, e de verdade, nunca quis que você fosse ou seja. Por que eu gosto de você, sendo você. Só não me peça para fazer vista grossa se tratando de Jules. O conheço o suficiente, para saber que ele só está tentando fazer amizade com você, para se vingar de mim, por ter invadido o casamento dele, e resgatado a mulher que eu amei. Só tome cuidado. É só o que peço.", me levanto. "Você vai ficar?", dou de ombros. "Tenho a impressão de que se eu tentar ir embora você vai me amarrar em uma dessas cadeiras.", ele se aproxima de mim, me abraçando. "Digamos que a ideia passou pela minha cabeça?", bato em seu peito. "Para. Mas respondendo sua pergunta, sim, vou ficar. Mas...", ele faz cara de tédio. "Eu sabia, apenas sabia que teria uma 'mas'", dou risada. "É só um aviso, já que você me deu tantos. Se, por um acaso eu me sentir mal por qualquer coisa que seja. Não importa a hora, vou pegar minhas coisas e voltar para Paradise Valley, estamos entendidos?", ele estende a mão e eu a aperto. "Estamos entendidos senhorita Campbell.", afirmo com a cabeça e ele ri. "Agora que estamos entendidos em todos os termos... Será que a senhorita poderia me deixar leva-lá para almoçar? Estou morrendo de fome!", dou risada. "Deixa só eu subir e pegar meus óculos.", digo a ele e subo até o quarto. Havia deixado meus óculos no banheiro, então quando já estava lá em cima, fui direto lá. Os coloquei e desci as escadas. "Já os peguei, John. Você vem?", perguntei entrando novamente na cozinha, onde ele estava sentado com o celular no ouvido, com um expressão irritada. Ele levantou o dedo indicador para mim, me pedindo para esperar. E eu fiquei ali ouvindo a conversa, me sentindo bisbilhoteira. "Eu sei, foi para isso que te coloquei no caso. Eu preciso de você nessa parte, cacete. Não posso fazer isso, por motivos obvies!", ele olha para mim. "Não, Downey. Pelo amor de Deus, só faça o seu trabalho! Não é assim tão difícil!", ele passa a mão no rosto irritado. "Faz o seguinte, ligue para Jax. Peça a ele para te dar todo o dossiê, se for necessário, não estou nem ai, apenas ache qualquer informação sobre isso!", ele desliga o telefone e o coloca no bolso. "I'm gonna take my horse to the old town road.", ele cantarola. "I'm gonna ride 'til I can't no more.", eu completo. "Por que você está cantando Lil Nas x?", ele ri. "Apenas porque nesse momento eu preferia estar correndo a cavalo com você, pelas estradas de Paradise Valley, do que resolvendo um caso tão complicado!", fico nas pontas dos pés, e coloco minhas mãos em sua nuca, e John me abraça. "E quem disse que a gente não pode andar a cavalo aqui?", ele sacode a cabeça. "Certo. Vou procurar no Google, onde é o haras mais próximo!", dou risada. "Vamos! Não foi você que disse que estava com fome?", puxo a mão dele o arrastando até a porta. "Espera.", ele pega o chapéu pendurado no cabideiro. Caramba! Chapéu era a coisa dele! "Vem forasteiro!"

Eu realmente tenho um tipo!




DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora