38|| All about lies.

47 3 4
                                    


Quando a primeira mentira é contada,  no intuito de esconder a verdade que você tem medo de dizer, as coisas tendem a ficar cada vez mais complicadas. Você quer confiar na pessoa, mas por causa das suas próprias mentiras, começa a acreditar em toda duvida que seu subconsciente planta. Então começa a ficar paranóica, porque quer achar algo, alguma mentira, ou segredo, que faça a mentira que você contou, ou aquilo que está escondendo, tenha a mesmo nível na equação da desconfiança. Mas não seria mais fácil se você apenas fosse sincera e dissesse a verdade? Sim. Seria, mas como é que você diz a alguém que esta usando a história dela como história para algo que está escrevendo? E Principalmente,  alguém como John. Que é tão reservado com sua vida quanto qualquer pessoa que você já tenha conhecido?

Estou pensando nisso, desde a hora em que John me deixou na biblioteca. Eu sinto que o que estou fazendo é deveras errado, mas... Eu não sei, eu tenho essa impressão de estar sendo vigiada o tempo todo. Mas porque?

"Ei garota do John!", Nate, e seus lindos olhos verdes e seu cabelo loiro, aparecem na sessao de livros estrangeiros. "Porque é que você me chama assim?", pergunto a ele. "Porque você é a garota dele, não?!", balanço a cabeça pensando no assunto. "É complicado.", ele revira os olhos. "Se tratando de John, sempre é.",  ele diz, pegando algum dos livros em cima do carrinho, me ajudando a devolve-los à sessão. "Dá onde você disse que conhece John?", ele não me parecia ter a mesma idade que o homem. Nate aparentava ter no maximo 35 anos. Não mais que isso, mas talvez menos. "Daqui. Trabalhei aqui há uns anos atrás.", ele da de ombros. "Hum... Então John sempre veio aqui?", ele confirma que sim. "Apesar de não parecer, ele gosta muito de ficar sozinho.", diz com sarcasmo. "Ele é um lobo solitário.", digo a ele. "Na verdade, é o que ele quer que acreditemos que ele seja. Mas, se há algo que esse cara jamais seria, é um ser que goste de ficar sozinho.", concordo com ele. "Você que o conhece. Você já viu ele trabalhando? Eu nunca vi nem o distintivo dele, muito menos uma arma.", ele se vira de costas e aperta o ouvido. "Anh... Já. É que ele sendo quem é, jamais vai deixar essas coisas de bobeira, sabe?! Já pensou,  uma moça delicada como você se ferir com uma arma?", ele da de ombros, e eu respondo debochada. "Eu tenho licença para usar uma arma. Na verdade, meu avô me deu uma colt, de presente no meu aniversário de 25 anos. Foi em fevereiro desse ano.", ele sorri sem graça. "Marie, me desculpa. Eu não sabia. Não queria soar machista. Foi só um comentário.". Infelizmente,  eu acreditava, o machismo é tão irraizado na sociedade, que homem vê mulher e arma, na mesma frase, e não entende que se trata de algo que não seria difícil de uma mulher ao ver deles 'delicada', manusear.
"Tudo bem. Só tenha mais cuidado ao assumir, que delicadeza, quer dizer fragilidade. Porque as duas coisas, não se aplicam.", ele levanta as mãos. "Entendido. Não tá mais aqui quem falou!", ele diz brincalhão. 

A manhã passou vagarosa, talvez porque eu não conseguia parar de pensar se John me escondia algo sério. Eu sentia que sim, porque havia muitas lacunas a cerca disso. Talvez seja por isso, que abri meu bloco de notas hoje, enquanto lanchava no biblioteca, e fiz uns rascunhos.

O que você esconde, JM?

TRABALHO?
UMA SEGUNDA VIDA?
UM SEGREDO PERTURBADOR?

Então de repente me vi fazendo uma das coisas que nunca faço: Stalkear. Procurei o nome dele na internet e não achei perfil social, a não ser uma conta privada no Instagram. Procurei também o endereço da delegacia de polícia de New Haven, e encontrei. Eu podia ir lá... Mas aparecer do nada, faria ele saber que eu estava pesquisando sobre ele na web. Procurei mais algumas coisas e não achei caso algum que tenha seu nome mencionado. E geralmente, quando se faz o que ele faz, e se é bom, como ele diz que é, o seu nome acaba aparecendo em reportagens. 

Para com essa maluquice, Marie! O homem não está te escondendo nada!

É o que veremos.

DEAR MARIE [JM] 1Onde histórias criam vida. Descubra agora