17.

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Sigo pelas ruas até a casa do Ben, meus pensamentos fixados na infância, a raiva me dominando por completo. Preciso espairecer!
Chego na frente da casa e pego meu carro, sigo pelas ruas até achar o primeiro bar. Estaciono rapidamente e desço do carro, adentro o bar e me sento no balcão, a garçonete vem me atender.

- Olá, boa noite! O que gostaria de beber hoje? - pergunta com um sorriso ensaiado.

- Por agora eu quero três doses de vodca pura e uma cerveja. - digo sem simpatia alguma, a moça a minha frente me encara demoradamente e vai buscar o que eu pedi.

- Aqui está, mais alguma coisa é só me chamar. - diz mordendo seus lábios e me encarando profundamente.

Bebo minhas três doses rapidamente, o álcool desce queimando pela minha garganta, abro a minha cerveja e bebo o primeiro gole. Hoje à noite vai ser longa e solitária.

3 horas mais tarde...

A garçonete se aproxima de mim com olhares sedentários e logo vem me incomodar.
- Moço eu percebi que você está sozinho aqui por bastante tempo e já bebeu mais de 6 garrafas de cerveja, gostaria de me acompanhar depois do final do meu turno? – diz a garçonete me comendo com os olhos e isso me enoja.

-  Não estou interessado em ninguém e também não quero companhia alguma, agora me faça o favor e me deixe beber em paz e se ver seus olhares sob mim novamente faço você perder seu emprego de merda, estamos entendidos? – digo  esbravejando todo meu ódio em cima daquela mulher à procura de uma foda.

- Bem se é assim então estamos quase fechando, vai beber mais alguma coisa ou posso fechar a sua conta? - pergunta a garçonete soltando fogos pelas narinas e matando-me com seu olhar de ódio.

-  Pelo visto você não costuma levar muitos foras não é mesmo? – Digo gargalhando de escarro sobre a cara da mesma.

Levanto dessa bosta de cadeira desta merda de bar e logo pego as notas contadas com o valor exato do que se foi consumido e saio sem nem ao menos olhar para trás, já que ela estava me incomodando tanto naquela merda a mesma não merece gorjetas. – Penso puto da vida.

Vou em direção ao meu carro cambaleando. Droga, bebi demais!!! Droga de vida, droga de escola, droga de bar, droga de tudo... IN-FER-NO DE INFÂNCIA.
Entro no carro e o ligo. Saio dali cantando pneu, piso fundo no acelerador quanto mais rápido melhor, perco minha atenção do trânsito e começo a pensar na merda que é essa desgraça de vida. Meu inconsciente me trai e me leva a rua do Felipe, quando percebo já parei em frente a sua casa. Fico parado pensando nas minhas últimas atitudes, o que estou querendo com isso? Por que estou aqui? POR QUE?
Olho no meu celular e já são 3 da manhã. MERDA, amanhã tem aula.
Mesmo assim, não me permito ligar o carro, a rua está silenciosa e vazia e isso me traz paz, os vidros escuros do meu carro não permite que as pessoas me reconheçam, fico lá dentro do carro parado perdido em meus pensamentos, viro minha atenção para a janela do quarto do Felipe, fico olhando e minha mente me trai o imaginando dormir. Me assusto quando vejo um pequeno movimento nas cortinas de seu quarto e escuto algo se quebrar lá dentro, ligo meu carro e saio o mais rápido que consigo. Sigo dirigindo pelas ruas e paro em um bar foleiro compro mais 3 cervejas e sigo para a casa bebendo, assim que estaciono o carro, termino de bebe-las. Saio do carro e me dirijo a porta, demoradamente consigo destranca-la. Entro sem acender a luz e de costas para a sala tranco a porta, quando sou interrompido.

- Sua aparência é deprimente, não me admira chegar em tais condições em casa. - diz a voz do meu pai e eu faço um esforço maior para me virar. Dou de cara com ele parado me encarando. - Eu sempre soube que você era a fruta podre da família. - diz com um sorriso no rosto, se vira e no alto da escada me olha. - Ainda bem que fruta podre cai sozinha, não quero sujar minhas mãos. - completa e se vai. Fico parado ali mas, não me permito fraquejar. Subo para o meu quarto e sem delongas me deito na cama, está tudo rodando e então, apago.

Felipe narrando...

O sono não durou muito, acordo subitamente assustado, suando e por pouco não grito. O pesadelo veio como uma lembrança horrível do passado que insiste em me assombrar, não controlo o choro compulsivo e nem conseguiria, quando finalmente consigo cessar o choro me levanto e desço as escadas para pegar um copo d'água, subo com o copo em mãos e vou a janela do meu quarto, olhando rapidamente para a frente da minha casa vejo um carro parado, um arrepio assustador percorre meu corpo e o copo em minhas mãos cai quando minha mente processa de quem é o carro. Tão rápido como eu o vi, o carro desaparece da rua, seguro as lágrimas quando ouço a voz preocupada de minha mãe.

- Meu filho o que aconteceu? - diz minha mãe me virando para ela preocupada.

- Ah, o copo caiu da minha mão. Me desculpe mamãe, não queria te acordar. - digo.

- O que faz acordado a essa hora querido? Daqui a pouco tem aula meu filho, está acontecendo alguma coisa? - pergunta.

- Não mãe, fique tranquila. Eu tive um pesadelo e... - não termino de falar começo a chorar e me deixo levar pelas mãos de minha mãe até a cama.
Deito com a cabeça em seu colo e choro com o pesadelo vindo a tona novamente.

- É aquele pesadelo não é? - pergunta mamãe e pelo tom de sua voz sei que está chorando também. - Está acontecendo alguma coisa? A tempos você não tinha mais esses pesadelos meu filho. - diz mamãe.

- Não... Eu... Não...

- Xiiii! Não precisa falar nada agora meu amor, se acalme querido vou ficar aqui com você. - diz mamãe e acaricia minha cabeça gentilmente. Deixo as lágrimas rolarem por meu rosto e acabo adormecendo aos cuidados da minha mãe.

Você pertence a mim (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora