Ah, Carolina...

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- Quer dizer que Hary quer beijar Paulinha? - Peixinho perguntou, a voz rouca levemente embargada por causa da bebida alcoólica.

- É, menina, mas não diz nada que eu falei, senão ela me mata.

- Esse povo tá que tá, mainha. Coisa de louco.

- E elas ainda por cima estão dividindo o mesmo quarto de hotel - Gabi fez cara de safada e Carol não conseguiu segurar a risada. - Imagine como será mais tarde.

As duas estavam em uma área mais aberta e dividiam um único cigarro. Tinham tomado dois shots seguidos de tequila cada uma antes disso e agora conversavam como se nada tivesse acontecido minutos atrás.

Teoricamente.

Carolina criava em sua cabeça embriagada mil e uma possibilidades do que poderia ter acontecido se não tivesse virado o rosto quando Gabi tentou beijá-la. 

Deus do céu, imagine!

Não conseguia parar de pensar nisso, era como um ímã em sua cabeça. As batidas de seu coração ainda estavam aceleradas, mesmo tendo passado algum tempo depois do ocorrido.  Era como se ainda conseguisse sentir os lábios carnudos resvalarem no canto de sua boca, o hálito forte de vodka misturado com menta. Ainda não conseguia acreditar que Gabi realmente tentou...

Pior que isso, não acreditava no quanto sentiu vontade de retribuir. Não sabia o que estava acontecendo com seu corpo, isso nunca havia ocorrido antes. Era tudo novo, toda aquela intensidade de sensações. Não fazia a mínima ideia de como reagir, então decidiu agir normalmente, mesmo estando absurdamente nervosa por estar o tempo todo sendo analisada por aquele par de olhos castanhos avassaladores.

Afinal Gabriela era como um predador, daqueles que mata a presa em poucos segundos. Peixinho se sentia assim, imobilizada por ela, mesmo que ela estivesse a centímetros de distância distraída momentaneamente com outra coisa.

Observou-a tragar o cigarro devagar enquanto olhava para as pessoas dançando e gritando uma música que nem uma das duas prestava atenção. O carnaval tinha ficado para segundo plano depois daquele abraço e tentativa de beijo. Ao terminar, ela lhe entregou o palito. Pegou-o e também tragou enquanto a olhava soprar a fumaça para o alto.

- Não fica me olhando assim, principalmente enquanto tá fumando - Gabi revirou ou olhos.

A baixinha semicerrou os olhos de um jeito sexy e também soltou a fumaça, mas sem entregar o cigarro de volta.

- Por que? - Tragou mais uma vez.

- Peixinho...

- Oxe, diga.

- Eu acho isso sexy pra caralho. Você não pode ficar me provocando assim depois de me rejeitar ali atrás.

Carol percebeu que ela tava jogando verde. Estava bêbada, mas não era burra. Antes de devolver o palito, tragou mais uma vez e segurou a fumaça por alguns segundos para só então soltar no rosto dela.

- Você tá se sentindo rejeitada? - Sorriu de um jeito sapeca.

- Você nem imagina o quanto.

- Então me dê um selinho.

Era um teste, é claro, mas sabia a consequência que sua brincadeira poderia causar. Não que fosse virar o rosto novamente. Se ela avançasse, deixaria. Um selinho não era nada de mais, mesmo que apenas aquele resvalar de lábios no canto da sua boca tenha feito todo seu corpo estremecer.

Gabriela a observava como se não acreditasse em suas palavras. Sorrindo, Carol pegou o cigarro da mão dela e tragou mais uma vez, em silêncio, mas ela tratou de pegar de volta e dar um longo trago para só então apagar a ponta na sola do sapatinho preto que usava.

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