Aqui Não

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A bebida nunca era um problema para Gabriela. Muito pelo contrário, embora lhe desse uma coragem absurda, seu consciente sempre estava ali para mostrar o que era certo e o que era errado.

E o que poderia dar errado se quisesse tentar fazer o que achava ser o certo.

Foi exatamente dessa forma quando participou da décima nona edição do programa Big Brother Brasil, onde conheceu Carolina Peixinho, a baixinha mais linda que já tinha visto na vida.

Foi como em um passe de mágica, elas se aproximaram bem rápido e acabaram se tornando amigas, embora no fundo soubesse que o que sentia por ela estava indo bem além da amizade. Mal conseguia controlar seu corpo quando estava perto daquela mulher maravilhosa.

Peixinho era uma tentação, um show a parte. Com aquelas curvas esculturais desenhadas no corpo de meio metro, acompanhado de lindos cabelos lisos, um sorriso arrasador e uma voz rouca natural, era como um paraíso em forma de pessoa. Sem contar toda a simpatia que ela carregava por todo lugar que passava. Não tinha como não amá-la. 

Tinha amigos lá dentro, muitos até. Alguns mais próximos, outros mais distantes, mas acreditava ser bem amada por todos dentro da Casa, mas nem um deles tinha a importância e o significado que ela acabou obtendo com o passar dos dias de confinamento. E a cada dia que se passava, ficava cada vez mais difícil não abraça-la, não beijá-la e enchê-la de mimos.  Seu corpo ansiava por isso e todos os sinais indicavam que o dela também.

Mas estavam vivendo ao vivo 24 horas em uma casa repleta de câmeras e ela ainda se dizia hetero, para complicar ainda mais a sua vida. Dizia que nunca tinha beijado uma mulher e também que nunca havia despertado o interesse para tal coisa.

Não era o que parecia.

E isso deixava Gabriela a ponto da loucura. Afinal Carolina demonstrava um ciúme absurdo quando o assunto era Hariany, sempre se mantinha por perto quando estava junto da loira, dando pitacos em alguns assuntos, dando desculpas para aparecer com comidas ou simplesmente não conseguindo disfarçar a cara feira na maioria das vezes. Também sempre estava curiosa para saber de tudo relacionado a relações lésbicas, sem contar os abraços, os chamegos, os flertes que Gabi ainda achava que não eram coisas da sua cabeça.

Mas toda vez que enchia a cara nas festas para tomar coragem de chegar nela, algo dizia que estragaria qualquer coisa que tivessem se ousasse tentar. Então todas as vezes decidiu dar razão a razão e manter a amizade como se nunca sentisse nada quando ela estava por perto. Toda vez que seu coração acelerou, todos os arrepios, todos os sorrisos involuntários quando simplesmente a via, tudo foi ignorado.

Até agora.

Tinha passado um ano desde a última vez que a tinha visto, no encerramento do programa. Durante o ano anterior, os colegas combinaram de se encontrar no Carnaval de Salvador, afinal Peixinho tinha prometido levá-los para conhecer. A princípio confirmou presença, porém apareceram inúmeros contratos de trabalho e acabou cancelando com eles. Na conversa privada do WhatsApp a baixinha alegou que tinha ficado bem triste com o assunto e que não teria graça se ela não fosse. Isso meses atrás.

Mas na semana passada ela mandou outra mensagem. Muito significante por sinal.

"Se eu pudesse escolher todos os outros a você..."

Tipo, elas conversavam todos os dias por mensagem instantânea, mas em nenhuma das conversas ela deixou tão claro o quanto a queria naquele Carnaval. A amizade tinha triplicado com o passar do tempo e isso deixava tudo mais difícil de se superar. A distância de São Paulo para Salvador não era tanta, principalmente de avião, mas inúmeros imprevistos impediram de as duas se encontrarem.  Gabi ficou com outras mulheres e ela com outros caras, mas algo ainda as conectava, algo muito forte.

Te Espero No FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora