Sexta-feira Santa

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Setembro passou voando, arrastando junto com ele os meses de Outubro e Novembro. Era impressionante como tudo parecia estar se encaixando, como tudo parecia estar onde realmente deveria estar. Carolina não tinha mais o que reclamar, em relação a nada. Estava tudo tão perfeito que temia que alguma coisa ruim acontecesse, que algo ou alguém pudesse chegar para estragar aquele momento tão bom.

Depois da reconciliação, Gabriela precisou voltar para São Paulo para resolver algumas pendências em relação ao trabalho e finalizar todo o processo de mudança para Salvador. Enquanto ela esteve fora, Peixinho cuidou da parte da decoração, indo em diversas lojas junto com Nat, que estava cuidando do apartamento da namoradinha que ela cismava em dizer que não era.

Quando Gab voltou, de mala e cuia, pelo menos o quarto e o banheiro já estavam decorados. Decidiu escolher por tons pasteis tanto nos papéis de parede quanto nos móveis, dando uma leveza excepcional ao lugar. Enquanto não cuidava do restante da casa, Gabriela dormia no próprio apartamento e fazia pelo menos uma das refeições no de Peixinho.

Logo o mês de Outubro entrou e todos já estavam devidamente instalados. Foi nessa hora que Carolina achou que tudo ficou perfeito demais, como num conto de fadas. Embora a agenda de todos estivessem sempre cheia, os amigos conseguiram fazer com que todas as sextas-feiras a noite se tornassem algo sagrado, com reuniões sempre na casa de Gabriela e Hariany, com piscina e muitos jogos a noite inteira. Não necessariamente havia bebida envolvida, as vezes assistiam alguns filmes ou séries, ou simplesmente passavam a noite jogando sinuca, totó e vídeo-game.

E esses dias sempre magníficos foram apelidados de Sexta-feira Santa, onde nada e nenhum compromisso era mais importante que a reunião entre amigos. Era maravilhoso demais, todos se divertiam muito e se sentiam muito completos quando estavam juntos. Carolina não podia se sentir menos sortuda estando ao lado daqueles que tanto amava.

Era 11 de Dezembro, a primeira sexta do último mês do ano. Já passava das oito da noite quando Carolina e Gabriela abriram a porta do apartamento de Hariany, que estava encostado como sempre. Em Salvador estava chovendo, por isso decidiram fazer a reunião no andar abaixo da casa de Gab, onde geralmente usavam a piscina para ficarem de conversa fiada e curtindo a brisa fresca da noite e a luz do luar como brinde.

- Cês demoraram hoje, véi - Hari já estava com uma latinha de Bud na mão. - Todo mundo já chegou.

- A gente ficou presa no engarrafamento - Peixinho acabou rindo das próprias palavras.

- Oxe, por que não fala logo que estavam transando? Vocês vieram do andar de cima - Clarisse apareceu na sala, também segurando uma latinha.

Peixinho revirou os olhos, mas acabou voltando a rir, recebendo um beijo estalado na bochecha vindo de Hari. No sofá, Natália estava esparramada de um lado, Lívia do outro, as pernas emboladas umas das outras enquanto cantarolavam alguma música que Carolina demorou um pouco para identificar como "Não Vou chorar" de Chiclete com Banana.

- Oxe, as bonitas não vão levantar pra me dar um beijo não? - Reclamou, vendo Gabriela ir na direção da cozinha depois de lhe dar um selinho breve nos lábios. - Cadê Victor?

- Por que você não deita com a gente aqui, amiga - Natália não fez menção em levantar, Lívia nem se mexeu.

- Vic tá com Elana na cozinha - Hari deu uma longa golada na cerveja.

- Elana tá aqui????? Ôh, véi, por que ninguém me conta as coisas nessa casa?

- E você atende o telefone por acaso, Carolina? - Lívia levantou e se aproximou, a abraçando forte.

- Cês são tudo um bando de cobras.

Como o combinado, todos se reuniram no salão de jogos. No totó, jogaram Gabriela e Elana contra Hari e Lívia, onde a primeira dupla perdia de lavada e a segunda seguia gritando a cada gol marcado. Victor e Carolina jogavam sinuca contra Clarisse e Natália e até o momento estava tudo empatado.

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