Carolina não atendeu as ligações de Gabriela pelo restante do dia. Não quis sair do quarto e nem comer nada, apenas ficou na cama, abraçada ao travesseiro e deixando todas as lágrimas acumuladas saírem uma após as outras. Chorava tanto que chega soluçava, a garganta já começando a doer e a cabeça explodindo. Não queria sequer pensar em Gabriela no momento, então apenas colocou o celular no silencioso e se dedicou à vida de solidão naquele dia.
Nunca havia ficado tão mal assim por causa de alguém. E olha que já havia passado por bons perrengues na vida, mas se tinha uma coisa que a quebrava profundamente, era ser tachada de idiota. Isso nunca colou e não era agora que iria colar. Gabriela tinha um problema do qual já sabia que ela não conseguia resolver.l sozinha. Ela sempre via o melhor das pessoas - mesmo que a pessoa não tenha nada de bom - e se adaptava a elas como se sua vida não tivesse sentido sem que elas estivessem por perto. Era algo natural, mas uma hora cansa e irrita.
E era isso que havia acontecido. Estava irritada e cansada de Gabriela Hebling, mesmo ela sendo o amor de sua vida.
(...)
Gabi já havia perdido a conta de quantas vezes ligou para Peixinho até finalmente desistir. Estava a horas efetuando ligações, uma após a outra, mandando mensagem, mas ela não atendia e também não respondia. Já estava desesperada, ainda não acreditava que ela realmente tinha dado um tempo do relacionamento.
Sabia que tinha uma parcela de culpa nisso. Esteve muito ocupada ultimamente, mal tendo tempo para pensar em comer, o que dirá ficar pegando no celular. No último tempo realmente livre que teve, foi até uma loja correndo e comprou um livro para Peixinho, enviando para ela através do correio. Embora não tivesse tempo, nunca deixava de pensar nela um só segundo.
Mas tudo estava uma loucura. Eram visitas, shows, apresentações pequenas, entrevistas, fotos para alguma empresa, e mais um monte de coisas. Realmente não tinha tempo para nada, estava vendo a hora de arrancar os cabelos. Morria de saudades dela, tudo que queria era ficar com ela durante todos os dias e vê-la acordar ao seu lado durante todas as manhãs da sua vida. Sabia que esse momento um dia iria chegar e estava ansiosa demais, porém agora um medo insano tomava conta de todas as células do seu corpo, matando-a por dentro, órgão por órgão, dilacerando os vasos sanguíneos e a deteriorando sem que não pudesse fazer nada a respeito.
Não conseguia mesmo entender porque ela sentia tanto ciúmes. Sempre teve paciência para as crises dela, mas agora realmente não conseguia processar tudo. E ouvi-la explodindo daquela forma só fez com que ficasse ainda mais assustada. Ela sentia ciúmes de Paolla, mas de quem Carolina não sentia ciúmes?
Seus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta, que estava encostada. Cabisbaixa, pediu para que Paolla entrasse. A loira abriu a porta e passou pelo batente toda sorridente, segurando dois copos de alguma cafeteria que Gabi não fazia a mínima ideia de onde ficava.
Paolla vestia calça jeans, casaco justo e grosso e tinha um lenço em volta do pescoço. Os cabelos loiros caíam como cascatas douradas por sobre os ombros e o sorriso era tão encantador que Gabriela acabou sorrindo também. Como Carolina podia não gostar dela? Nem ao menos tinha dado a chance de conhecer.
- Trouxe o chocolate como prometi - ela se sentou na cama, perto de Gabi.
- Obrigada, você é demais.
Embora tenha sido realmente sincera, seu tom de voz saiu carregado de tristeza. Queria pegar o primeiro avião e ir atrás de Peixinho e pedir desculpas por não ter dado atenção a ela nesse tempo todo. Se sentia muito culpada.
- Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa?
- Peixinho deu um tempo no nosso relacionamento. Nós brigamos ainda agora.
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Te Espero No Farol
FanfictionSalvador - Bahia, Carnaval 2020. Um encontro dos participantes um ano depois da última edição do Big Brother Brasil revelará para Carolinha Peixinho o que ela nega com todas as suas forças. Suas dúvidas e sentimentos mais cruéis estarão em jogo, afi...