Eu Não Disse?

3K 191 231
                                    

- Mulher, eu nunca vi alguém mais ciumento que você na minha vida - Hari comentou enquanto a cabeleireira passava shampoo em seus cabelos castanho-escuros. - Cê precisa deixar a Gabi respirar um pouco.

- Oh, véi, ela pode respirar. A vida é dela, mas eu não sou obrigada a aceitar tudo não - Carolina já estava com a touca térmica no cabelo e mantinha a perna esticada no colo da manicure. - Não guento ver ela toda animadinha porque a amiga gostosa chegou de repente.

- Você continua tão Laerte, amiga.

- Oxente, ainda com isso de Laerte? Essas Gafishers são umas doidas mesmo - a baiana revirou os olhos, mas acabou sorrindo no fim. - Eu não sou ciumenta, ela que é sem noção.

- Claro que é isso - o tom de ironia fez Peixinho semicerrar os olhos.

- Por falar em ciúme. E Paulinha ein? Eu pensei que vocês iam namorar e fiquei surpresa quando descobri que não. Nossa vida anda tão corrida que quase não dá tempo de nós falarmos direito.

- Ah, Paulinha fica jogando o tempo todo na minha cara que eu não aceitei a ajuda financeira que ela me ofereceu sô - explicou. - A gente brigou bastante por causa desse trem. Eu não quero o dinheiro dela, não nos beijamos porque ela ficou milionária, véi. Eu gosto dela, mas não dá pra forçar a barra. Quero construir minha vida com meu próprio dinheiro.

- Mas não tem nem chances de vocês voltarem? Digo, vocês sempre foram tão coladas.

- Se depender de mim, não - Hari deu de ombros e se sentou na cadeira estofada, já com a touca térmica na cabeça. Como queria primeiro fazer as unhas da mão, ofereceu a direita para a outra manicure. - Estou com diversas oportunidades de trabalho, tenho minha vida, meus amigos, minha família, não preciso de problema pra atrapalhar.

Peixinho arqueou as sobrancelhas, surpresa com as palavras dela.

- O que foi?

- Nada, só tô surpresa em ver o quanto você cresceu - disse sorrindo.

- Uai, tá me chamando de criança?

Carol riu.

- Já falei que tô muito feliz que você veio? - Desconversou.

- To entendendo sua jogada, tá? - Hari  também riu e ajeitou a mão no colo na manicure. - Mas cê tá mais feliz que eu, sô. Eu tava morrendo de saudade docês, véi. Se eu pudesse, voltava lá pra casa do BBB.

- Seria meu sonho, viu? Ficar confinada com Gabi sem nenhuma biscate por perto.

Hariany gargalhou.

- Cê é uma figura, sô.

(...)

Gabriela tentava de verdade manter o foco inicial para a comemoração oficial do aniversário de Peixinho. Tinha tudo planejado há mais de duas semanas e lutou com toda a garra para fazer tudo dar certo, com a ajuda de Nat, Victor e Clarisse.

Agora sua cabeça não conseguia pensar em outra coisa que não fosse a baixinha dando uma desculpa totalmente esfarrapada para fugir. Entendia que ela sentia ciúmes e não sabia conviver com tal sentimento, mas ainda assim podia se sentir chateada com a atitude dela né? Poxa, se desdobrou inteira para estar ali com ela, para passar a semana toda com ela, afinal demorariam para se ver outra vez por causa da agenda de ambas. E ela fazia isso?

Tentava ser tolerante, mas em certas ocasiões era impossível.

Talvez tivesse uma parcela de culpa por ter ficado espontaneamente empolgada com a aparição surpresa de Paolla, mas ainda assim não era motivo para fugir daquele jeito.

Te Espero No FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora