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O restante do mês de Março passou rápido e logo o aniversário de Peixinho estava cada vez mais próximo. Não está tão animada para fazer 35 anos e nem queria comemorar com festa, mas Clarisse cismava em dizer que uma festa era o mínimo que podia fazer para receber Gabriela.

Oxe, mas o aniversário era seu e não dela! Era impressionante o quanto Clarisse era puxa saco da cunhada.

Nesse tempo todo, não se viram mais. A cada dia que passava, era como se um vênulo de sua artéria coronariana se entupisse e causasse mini infartos imperceptíveis, mas que no fim levaria a uma parada cardíaca se continuasse a alimentar de tanto sentimento sufocante. Estava morrendo de saudades, não aguentava mais ficar longe e não poder tocá-la, beijá-la, sentir o calor dela em sua pele.

Não sabia que era tão difícil estar apaixonada por alguém enquanto estavam longe. Já havia sentido saudades, muitas vezes, e uma das piores foi a que sentiu de toda sua família quando se manteve no confinamento do programa. Foi muito ruim, mas ainda assim o que estava sentindo por Gabriela era duas vezes pior. Se não mais.

Ela estava mega ocupada por causa do lançamento do CD e os shows já haviam começado. Ou seja, ela estava em uma mini turnê para divulgar seu trabalho e não tinha tempo para viver. Ela não estava fazendo de propósito, tinha certeza disso, mas o namoro que no início havia sido um milhão de rosas, agora não passava de uma segunda opção em meio a tanto caos que a vida de ambas havia se tornado.

Peixinho também estava envolvida em loucuras sem fim. O novo bazar estava quase pronto e em breve seria inaugurado, e os clientes da agência de viagens haviam triplicado. Clarisse também estava até o pescoço de tanto trabalho e juntas faziam o possível para manter tudo em ordem sem deixar a peteca cair.

Como seu aniversário cairia na segunda-feira, a festa havia sido marcada para o sábado seguinte, dia 18. De início era Clarisse quem colocava pilha sobre fazer uma grande festa e mais um monte de chatice, agora era Natália e Victor quem estava cuidando de tudo, se sentindo os próprios promotores. Era engraçado ver a alegria e empolgação deles, dava até um pouco mais de ânimo para o que quer que estava por vir.

Mas tudo que queria era ver Gabriela, nada mais que isso. Nenhum presente de aniversário no mundo seria mais impactante e emocionante que a presença dela.

Todos os dias antes de dormir, conversavam por ligação ou vídeo chamada. Isso já era rotina bem antes do namoro, mas agora acabou virando uma necessidade. Peixinho não sabia como seria sua noite se não conversasse com ela antes de dormir, se não contasse seu dia e ouvisse o dela. Se simplesmente não ouvisse aquela voz naturalmente rouca dizendo que a amava.

Até então, fora a distância e a saudade, a única coisa que realmente incomodava um pouco era a nova empresária que Gabriela havia contratado. Só a havia visto por foto, mas todos comentavam sem parar os olhares que a mulher dava para ela. Loira, alta e de olhos cor de mel, Gabriela dizia que a mulher era hetero, mas Peixinho ainda assim acreditava que aquilo não significava nada. Nada mesmo!

Mas não brigou com ela, não demonstrou ciúmes por muito tempo, apenas levou numa boa. Entre aspas. Até receber a visita de seu ex na semana passada e Gabriela mudar completamente, demonstrando que havia ficado muito, mas muito incomodada com a situação. O idiota apareceu do nada, não tinha culpa, mas pimenta nos olhos dos outros é refresco né?

Ele havia ido até sua casa buscar uns documentos que estavam consigo há muito tempo, mas Peixinho nem se preocupou em deixá-lo entrar. Apenas encostou a porta com ele ainda no corredor, do lado de fora, e pegou os documentos. Depois que ele os pegou, acenou e fechou a porta. Já estava até o queixo de problemas em sua vida para poder aturar mais um.

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