Te Espero No Farol

Apenas o Começo

No dia seguinte ao aniversário de Carolina, Gabriela precisou voltar para Ribeirão. A baiana sentiu a soma de todas as dores pelas despedidas que tiverem anteriormente, além daquela em si. Estar com ela uma semana inteirinha só serviu para deixar tudo ainda mais difícil. Não queria que ela fosse embora, nunca mais.

Já não bastasse ter que vê-la indo embora outra vez, também tinha que ver Paolla na cola dela como se fosse um carrapato, daqueles que não soltam por nada no mundo. Faltou só dar a mão para ela e dizer que eram um casal. Mas Carolina se controlou o máximo que pôde, não fez nem uma expressão além da tristeza por seu amor ir para tão longe de novo. Ignorou totalmente a presença da loira, mesmo que ela tenha feito o possível e o impossível para se inteirar da conversa que estava tendo com Gabriela.

Não era possível que ela era tão sem noção. Ela não via que precisavam de um momento a sós, de um mínimo de privacidade? Mas ainda assim, não falou nada, não argumentou, apenas abraçou Gabriela com força e disse palavras bonitas no ouvido dela. Um pouco antes da chamada para embarque, gravaram uma live rápida no Instagram e infelizmente se despediram pela última vez naquele dia.

Depois disso algumas coisas importantes aconteceram nos próximos três meses. Coisas MUITO importantes, por sinal. As primeiras bombas vieram logo na semana seguinte, uma atrás da outra. Primeiro foi a forma estranha como Natália estava agindo quando Peixinho precisou fazer um ensaio fotográfico para uma empresa de suplementos e artigos esportivos. Isso aconteceu na quinta e, como ela estava atolada de processos em aberto, não conseguiram se ver antes disso.

Marcaram de almoçar em um restaurante vegano depois da sessão de fotos e ela já chegou com uma expressão esquisita. Imediatamente franziu as sobrancelhas, achando muito estranho, mas não comentou sobre nada a princípio. Sabia que alguma coisa a estava incomodando. Por isso apenas fizeram os pedidos e esperaram em um silêncio perturbador. Peixinho decidiu por abobrinhas recheadas de ricota de amêndoas e Nat por quiche de tofu com espinafre e cogumelos. Foi somente enquanto comiam que ela abriu finalmente a boca para de abrir.

- Transei com Hari no dia da sua festa.

Carolina se engasgou com a abobrinha na mesma hora. Começou a tossir, colocando a mão sobre o peito e bebeu um longo gole de água. Tudo isso sem tirar os olhos castanhos arregalados de cima da loira que ainda sustentava a expressão esquisita. Quando finalmente se recuperou, respirou fundo e disse a única coisa que veio à mente:

- Você o quê????

- Cê vai me fazer repetir, véi?

- Natália de Deus... Véi! - Carol estava sem reação. Não sabia o que dizer. Se sentia mais perdida que cego em tiroteio. - Oxente!

- Pare com isso já, Carolina.

- Me conte, mainha. Como foi isso? Meu Deus, você beijou e transou com Hari no mesmo dia? NATÁLIA!

- Cale a boca, Clarisse. Você tá chamando atenção - a menção ao nome da irmã vez Carol fazer cara feia. - Vou te conta o que aconteceu.

Carol nem ao menos piscou nos próximos minutos em que ela contava o que tinha rolado. Estava tão entretida que cortava e pegava a abobrinha no garfo sem sequer olhar para o prato, parecia estar assistindo um filme. Putamerda, Natália tinha transado com uma mulher! Se Clarisse fofoqueira soubesse disso, ia expor no grupo com toda certeza do mundo.

- Vocês tem se falado depois disso? - Quis saber.

- De início foi meio esquisito a conversa virtual, mas a gente se fala todo dia.

- Natália do céu...

- Sem teor de romance, antes que você diga alguma coisa.

- Eu já shippo mesmo, isso não vai colar pra mim - Carol balançou os ombros e riu.