Surpresa!

1K 52 23
                                    

Carolina não sabia que tinha mais lágrimas para chorar quando entrou no quarto coletivo em que Clarisse estava internada. A doutora avisou que ela iria dormir em pouco tempo por causa dos remédios, mas todos fizeram questão de vê-la. Primeiro entrou dona Lícia e, só quando ela saiu, Carol entrou.

- Cê tá com uma cara horrível, vei - foi a primeira coisa que Clara disse, com aquele tom que todo mundo odiava e amava ao mesmo tempo. A voz um pouco arrastada por causa dos remédios.

Mas tudo que a baixinha pôde fazer foi se jogar em cima dela e começar a chorar copiosamente. Soluçando como um bebê recém-nascido. Clarisse sorriu e a abraçou com carinho, passando os dedos nos cabelos lisos. Ficaram assim por alguns minutos, em silêncio enquanto ela chorava e colocava para fora tudo que estava guardado.

- Eu tô aqui, não precisa mais chorar - por incrível que pareça, a voz dela saiu doce e cheia de carinho.

- Eu não ia te perdoar se você morresse - Carolina falou entre soluços.

- Você acha que eu ia morrer e deixar toda a herança pra você?

A baixinha acabou rindo entre o choro e levantou a cabeça para observa-la. Os rostos estavam bem próximos. Clara pegou o dela entre as mãos e sorriu.

- Não vou deixar você sozinha, nunca. Tá bom? - Observou-a assentir, então secou as lágrimas dela. - Agora para de chorar. Me conte, como as meninas estão? A doutora falou que elas estão internadas também, mas não deu muito detalhes.

Era tarde da noite quando todos se encaminharam para suas casas. Carolina não queria dormir sozinha, então foi para casa de Natália e dividiu a cama de casal com ela, dormiram abraçadas. Estavam exaustas demais, o dia foi longo e a noite ainda mais. Quando chegaram, já passava das quatro da manhã. Como Hari e Clarisse só teriam alta no dia seguinte então não havia muito o que fazer no hospital.

O jeito era esperar.

(...)

No fim de tudo, o caso de Gabriela acabou sendo o mais sério das três. Ela foi a única a permanecer internada. Clarisse e Hariany foram liberadas logo depois do almoço, mas ainda assim com receitas de remédios e de exames embaixo do braço. Já Gabriela, o doutor avisou que precisava ficar de olho nela por pelo menos mais alguns dias.

O resultado do exame constatou uma leve fratura na coluna vertebral, na região da vértebra L4. Por isso Gabriela no momento do choque não sentia as pernas e desmaiou de dor quando foi removida do carro. Nada tinha a ver com a perfuração e perda de sangue. De acordo com o médico, a lesão provocada fazia o indivíduo sentir muitas dores, mas que dentro de uma a seis semanas, ela estaria andando normalmente outra vez.

Então, na manhã do dia 30 de dezembro, Gabriela estava saindo do elevador em direção ao seu apartamento, sentada em uma cadeira de rodas que nem imaginava onde Peixinho, que a empurrava, havia arrumado.

Sentia falta das meninas, das conversas. No dia anterior, Nat e Lívia a visitaram, mas não demoraram muito. Queria saber como Clarisse e Hari estava, pedir desculpas pelo que aconteceu. Ainda se culpava por isso e não as tinha visto desde o acidente.

- Nega, você tá pesada, viu? - Carolina respirou fundo e abriu a porta do apartamento. Tudo estava silencioso.

- Eu consigo ir sozinha, amor. Tá tudo bem.

Mas acabou entrando por um ouvido e saindo pelo outro. Ela abriu a porta e voltou para trás da cadeira, empurrando com certa dificuldade para dentro e a deixando no meio da sala.

- Espere aqui só um minuto, viu? - E saiu em direção a cozinha.

Gabriela revirou os olhos.

- Para onde mais eu i...

Te Espero No FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora