Te Espero No Farol

Oxente

Há meses que Hariany não sabia o que era pisar em Salvador, afinal sua agenda estava super cheia e estava difícil até para respirar. Cada dia era uma tarefa diferente, um ensaio fotográfico ali, divulgação de loja aqui, desfiles lá, mas a cada dia que passava, Goiás parecia ficar menor.

Menor para tanto sucesso que acabou ganhando e que continuava a crescer mesmo quase dois anos depois da sua saída polêmica do Big Brother Brasil. A expulsão em nada atrapalhou o rendimento, muito pelo contrário, as vezes se via sem espaço para mais nada em sua agenda. Era complicado na maior parte das vezes, mas estava muito feliz porque amava trabalhar com isso.

E amava seus fãs.

Infelizmente não conseguiu chegar antes e por isso acabou perdendo o último show da turnê de Gabriela, porém não podia deixar de vir mesmo assim, afinal ela era sua amiga e merecia todo o apoio do mundo. Estava muito feliz por ela, por a carreira dela ter dado tanto certo, mas também andava triste com o rumo do relacionamento entre ela e Carol.

Até ontem a noite, quando a baixinha mandou uma mensagem contando que beijou Gabriela no Farol, mas que decidiu que iriam caminhar devagar, pois ainda muita coisa precisava ser acertada. Já era um passo bom, a favor do relacionamento, e estava muito feliz por isso. Não queria vê-las separadas sabendo o quanto se amavam.

Além disso, tinha outro motivo para estar ali em Salvador mais uma vez. Um motivo que envolvia Gabriela, mas que o ponto principal estava focado especificadamente em uma advogada de cabelos claros.

Natália, esse era o nome do motivo. Não a via há pouco mais de um mês, mas ainda assim era como se fosse uma eternidade sem fim. Depois do que tiveram, só se viram apenas uma vez, e, embora a amizade tenha crescido nesse tempo que passou, não tiveram mais nada além disso desde então. Ela ainda se dizia hetero e que aquele havia sido apenas um deslize por causa da bebida e que não voltaria a acontecer, por isso o que sobrou foi apenas uma forte amizade, que foi sendo construída dia após dia sem muito esforço.

Conversavam todos os dias e Hari se sentia completa por isso. Nunca pensou que conseguiria uma amizade tão forte assim com a melhor amiga de Carolina Peixinho. Por dentro queria mais que amizade, mas a respeitava acima de tudo, embora não conseguisse entender como é que ela podia negar tanto quando na verdade estava na cara que ela queria.

Puxando uma mala de rodinhas mediana, saiu da área de desembarque para o pavimento principal, onde milhares de pessoas perambulavam para lá e para cá. Olhou em volta, esperando encontrar alguém conhecido, mas não viu ninguém. Por isso caminhou na direção da saída, atrás de um táxi.

- Psiu.

Hari sorriu antes mesmo de se virar e se deparar com Natália vestida para negócios. Usava calça social justa azul marinho e blazer da mesma cor. Por baixo, uma camiseta branca e nos pes salto alto preto. Os cabelos estavam soltos e no rosto tinha uma leve camada de maquiagem, somente para realçar toda aquela beleza. Hariany nem percebeu que tinha prendido a respiração.

- Pensou que eu não viria, nega? - Ela sorria.

- Olhei e não vi ninguém, então já ia embora, sô. Achei que você estivesse muito ocupada pra mim.

- Eu nunca vou estar ocupada pra você, sempre vou largar tudo.

O coração de Hari acelerou na mesma hora ao mesmo tempo em que dizia em pensamento que não podia se sentir daquela forma toda vez que ela dizia algo do tipo. Quando a beijou pela primeira vez, não tinha todo o carinho e apreço de agora, mas tudo que queria era beijá-la outra vez, nada mais que isso.

Ao invés disso, se aproximou e a abraçou apertado, deixando a mala de lado. Não queria mais soltar e parecia que era recíproco, pois Natália não  fez questão de se afastar em nenhum momento. Então ficaram ali, com os corpos colados, por longos e longos segundos. Hari não sabia quanto tempo tinha passado quando cheirou o pescoço dela antes de dar um passo para trás e se afastar.