Chaveirinho

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Alguém pediu maratona?

(...)

Era noite quando Gabriela desembarcou em São Paulo. O combinado era irem embora apenas dali a dois dias, mas Paolla acabou a convencendo de ir embora, pois no dia seguinte teriam uma entrevista em uma rádio local da cidade, que estava louca pra saber das notícias da turnê.

Estava tão cansada que esqueceu de tirar o celular do modo avião e só lembrou de fazê-lo quando chegou finalmente em casa e tomou um banho demorado. Estava com saudades de Carolina, queria poder vê-la para conversarem logo e finalmente colocarem tudo em seu devido lugar.

Foi quando abriu a conversa dela que teve a surpresa. Foi como se alguém tivesse lhe dado um tiro a queima roupa e ainda assim não soubesse de que direção tinha vindo. Na mensagem, Carolina dizia que estava em Belo Horizonte. Haviam três mensagens na verdade, uma dizendo que estava decolando e mais duas, decepcionadas, avisando que estava em BH para conversar consigo.

Pelo amor de Deus, com certeza estava no meio do vôo quando recebeu as mensagens. Como isso podia ter acontecido?

Desesperada, ligou para ela, mas chamou, chamou e Peixinho não atendeu. Um medo tomou conta de seu corpo naquele momento e temia que tivesse estragado o restante do que poderia ser salvo.

Mas ainda estava confusa, nem ao menos sabia que Carolina estava indo para BH. Como isso podia ter acontecido? Como ia adivinhar? Jamais teria ido embora se soubesse que ela estava indo para lá, jamais.

Irritada, pegou a bolsa do sofá que mal tinha acabado de se sentar e disparou em direção à porta, por onde saiu com o telefone pendurado na orelha.

- Eu estou voltando para Minas - avisou pelo telefone. - Desmarque a entrevista.

- Você endoidou, Gah?

- Desmarca a entrevista, Paolla. Eu estou voltando agora - o tom de voz saiu rígido, irritado.

- Certo, eu vou com você então.

(...)

Carolina não sabia se ficava por ali ou se voltava para Salvador. Não sabia o que tinha acontecido com Gabriela, mas não se sentia menos magoada por saber que algo grave poderia ter acontecido. Estava disposta a tentar fazer tudo melhorar, estava ansiosa para isso. Não queria mais ter que passar por tanto sofrimento.

Então, entorpecida pelo choro, discou um número conhecido antes de pegar no sono, sem janta e sem banho. Também deixou um recado na recepção e simplesmente apagou. Era meia noite quando Lívia entrou no quarto. A porta estava encostada.

Carolina dormia profundamente no meio do colchão macio de casal. Vestia calça jeans e ainda estava de sapatos. Os cabelo lisos estavam espalhados pelo travesseiro e tudo que Lívia pôde fazer foi ir até ela e se deitar ao lado do corpo pequeno. Puxou-a para seus braços e beijou a testa dela quando a sentiu tomar um susto com a presença repentina.

- Shh, sou eu - falou baixinho, acariciando os cabelos dela. - Eu já tô aqui.

- Li...

- Dorme, chaveirinho. Amanhã nos conversamos. Eu não vou sair do seu lado.

Por mais que Peixinho quisesse protestar, os olhos, cansados de tanto chorar, se fecharam sozinhos e logo estava dormindo outra vez. Lívia apenas fez o mesmo e juntas embalaram o sono uma da outra pelo restante da noite.

Ambas acordaram com o som do celular tocando sem parar. Já era de manhã e o sol entrava forte pela janela. Carolina nem sequer pensou em fecha- las. Quando se levantou e pegou o aparelho, reparou a foto de uma Gabriela sorridente no visor. Tudo que fez foi encerrar a ligação.

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