Grayson

Capítulo 20

Fecho meus olhos enquanto Daniel mais uma vez tenta demonstrar seu carinho louco, colocando seus lábios em cima dos meus de forma delicada. Quando abro os novamente um misto de alegria e tristeza passa pelo meu coração.
Andrew está andando de mãos dadas com uma garota do segundo ano, Kate se eu não me engano, eles estão um pouco distantes, mas se eu gritar bem alto, talvez, só talvez, eles podem me ouvir.
- Socorro ! - grito o mais alto que posso até vê-lo correr em nossa direção.
O alívio de não ter Daniel em cima de mim me faz cair no chão, Andrew está socando ferozmente o rosto de seu amigo que já se encontra desacordado no chão.
- Andrew - ele não para de socar - Andrew !!
Seu punho para no ar e a garota corre em minha direção.
- ele fez algo com você ? - ela tem olhos azuis, lindos e bem claros. Cabelos castanhos e um corpo cheio de curvas.
O tipo dele.
- não. - soluço e retiro os óculos por um instante .
- aquele merda fez algo com você ? - Andrew se levanta e vem em minha direção.
Não quero olhar pra ele, não quero ver a culpa em seus olhos por ter sido pego.
- não. - me levanto e encaro o chão.
- vem, vamos te levar pra dentro. Você está tremendo . - Kate segura meus braços com delicadeza, como se o contato brusco fosse me quebrar.
- e o Daniel, vai deixá-lo largado aí ? - pergunto baixo.
- esse filho de puta não vai acordar tão cedo. - Andrew diz grosso. - como consegue se preocupar com alguém que estava te segurando daquela maneira ?
- já me acostumei a me machucar. - digo olhando em seus olhos. - desculpe Kate por atrapalhar seu encontro, mas eu preciso ir. - ela me olha confusa. - Obrigada aos dois e não digam a ninguém o que aconteceu aqui, apenas levem Daniel a um hospital e digam que foi assaltado, não quero receber olhares de pena. Não de novo.
- não vai denunciar ele ? - ela pergunta preocupada.
- Daniel já teve o que mereceu. Eu só preciso ir pra casa.
- eu te levo.- Andrew diz rápido.
- não precisa, eu vim de carro. Fiquei e não deixei Kate sozinha. Tchau.
Corro com a mochila nas mãos e entro no meu Fusca, quando dou a saída e me afasto deles o choro volta, mais agressivo e magoado.
Ele estava com outra.
Corro para casa e limpo os olhos antes de abrir a porta.
- vô, cheguei.
- mas você quase acabou de sair, acontece alguma coisa ? - ele sai da cozinha e quando vê meus olhos vermelhos corre em minha direção.
- o que aconteceu ? - ele toca meu rosto com as mãos.
- minha rinite atacou quando entrei na sala de química, fui dispensada mais cedo. - tento acalma lo.
- mas já fazia tempo que sua rinite estava controlada.
- vovô, a enfermeira me dispensou porque achou que meus olhos poderiam inchar por causa das lágrimas. Só preciso deitar e dormir um pouco, Esta tudo bem .
O abraço quase chorando novamente, não posso dizer a verdade a ele, seu coração não aguentaria. Eu odeio mentiras, mas nesse caso ela foi necessária.
- levo um lanche para você mais tarde. - ele me dá um beijo na testa e me deixa ir para o meu quarto.
Arrasto a mochila pelo chão até abrir minha porta, deixo a largada em qualquer canto e me jogo na cama. Retiro toda a roupa e me enfio debaixo dos cobertores apenas de lingerie, lágrimas escapam pelos meus olhos e meu coração parece ter sido pisado por grandes saltos agulha. Se talvez Sam não tivesse entrado antes de mim na escola eu não teria passado pelo inferno para descobrir do pior jeito possível que Andrew é um filho da puta. Pego meu celular e dígito uma mensagem para meu amigo.

Venha aqui em casa depois da escola, quando encontrar meu avô diga que não pode me acompanhar até em casa por causa de uma prova que não podia perder e que a sala de química estava com muito pó ( Minha rinite atacou e você me levou até a enfermaria ). Te explico tudo quando chegar aqui, preciso do meu amigo mais do que nunca.
M.

Vai me explicar mesmo. Estarei aí depois da aula.
Amorzinho 😍.

Decido tentar dormir um pouco e espero que ainda acordar essa dor tenha amenizado. Talvez eu tente comer algo mais tarde, ou só permaneça no modo automático para meu avô não perceber o buraco que acabou de ser feito em minha dignidade.
Literalmente, tudo estava bom demais para ser verdade.