Capítulo 134

21.2K 1.6K 230
                                    

Paramos o carro um pouco afastado do estacionamento da boate, no meio do caminho Sam decidiu vir diretamente para a Dionysus ao invés de irmos ao Mark's para tomar um milkshake e depois vir para cá. Abri a porta, já sentindo o vento gelado bater de encontro a pele nua do meu pescoço e metade das costas.
Por que mesmo eu coloquei esse vestido ?
Ah sim, meu melhor amigo me convenceu a usar essa roupa !
- que tal colocar um sorriso nesse rosto, hum ! - sinto o braço de Sam rodear minha cintura e viro o rosto para olhar em seus olhos.
- eu adoraria, mas eu estou com frio.
- é por isso que eu estou te abraçando, nada melhor do que o calor humano para esquentar o corpo. - encaro a fila enorme na entrega da boate.
- não era esse tipo que calor que eu queria. - digo baixo, percebendo que muitas pessoas começaram a olhar para nós. - tem tanta gente olhando.
- talvez por que ver uma garota como você agarrada a um cara como eu não seja tão comum. - Sam enfia a mão no bolso da jaqueta de couro negro e retira dois convites.
Os papéis em um brilho extremo na cor prata e com um belo D  em preto no meio. Chegamos a entrada e um dos seguranças vem ao nosso encontro.
- tem convite ? - a voz grossa me faz apertar o braço de Sammy.
- claro. - meu amigo estende os convites brilhantes para o homem de quase dois metros.
- podem entrar, área prata, camarote da esquerda. - o homem enfia os convites no bolso interno do terno preto e nos entrega duas pulseiras brilhantes. - coloquem no pulso esquerdo e mostrem sempre que forem pedir bebidas ou algum aperitivo.
- tudo bem, obrigada.
Sam apanha as pulseiras e já as coloca em nossos pulsos, logo sorrindo para mim e me puxando para dentro do lugar. Barras finas um pouco separadas em um tom de dourado fingem ser como uma parede para evitar de alguém bêbado tocar no jardim verde e bem iluminado, uma estátua de pedra calcária branca de cerca de dois metros de Dionísio, o deus grego do vinho e das festividades, no centro do jardim sendo iluminada por luzes amarelas e brancas.
- realmente, Thomas é um gênio ! Olha essa estátua !
Sammy não consegue se conter e me puxa para mais perto, logo empurrando as portas duplas e nos enfiando dentro de um ambiente barulhento e cheio de corpos dançantes. Me pego fascinada ao ver o interior do lugar, luzes coloridas, fumaça com cheiro de menta e muitos camarotes, todos eles em cores diferentes. Há pequenos palcos espalhados pela pista, cada um deles com uma barra de ferro no meio e com uma bela mulher dançando, algumas até se pendurando na barra de forma sensual.
Meu Deus !
- temos que ir para a área prata, camarote da esquerda. - digo alto ao notar que Sam já está distraído com a música.
- okay, vamos lá.
Entrelaço meus dedos nos seus e apenas o sigo, ele nos coloca em meio a multidão para conseguirmos chegar até a escada do camarote prata e eu já me sinto um pouco sufocada. Muita gente, muito calor, fora o cheiro de bebida e tensão sexual no ar. Sinto quando ombros, mãos, cotovelos e até seios encostam em mim.
Esse lugar está lotado !!
Conseguimos chegar a escada sem nenhuma peça de roupa a menos, um dos seguranças fala rapidamente com Sammy antes de libertar nossa subida e eu apenas noto quando meu amigo retira uma nota de cem dólares de dentro da jaqueta e enfia no bolso frontal do terno do homem de cabelos castanhos.
- o que você fez ? - pergunto antes de ser puxada para subir a escada.
- apenas garanti que teremos acesso a tequila do inferno. - seu sorriso parece angelical, mas sei que sua intenção é demoníaca.
- não adianta eu dizer que não vou beber, não é ? - digo emburrada.
- não, agora vamos subir e curtimos a noite.
A escada não tem mais de dez degraus, nós subimos rapidamente e a cada vez que meu pé se levantava para alcançar o degrau de cima é como se a batida da música penetrasse mais fundo em minha cabeça.
O camarote prata é na verdade uma área bem luxuosa, sofás em veludo preto, mesas redondas prateadas e pequenos bancos brilhantes. Tudo não muito exagerado para no nome da boate. Em um dos sofás encontram se três pessoas sentadas, um homem e duas mulheres, ambas com biquínis prateados e os cabelos em um tom de loiro intenso, tão claros quanto a luz do sol. O homem aparenta ter seus vinte e tantos anos, cabelos castanhos, pele bronzeada e um terno preto sob medida no corpo atlético, o charuto em sua boca pode significar que ele se acha mais poderoso do que aparenta.
- Thomas, obrigada pelo convite. - Sam solta minha mão e corre para abraçar o cara, que logo solta as mulheres e retribui o abraço com carinho.
- eu sabia que você não iria perder a estréia da Dionysus, fiz esse camarote especialmente para você. - o sotaque dele é forte, a voz grave demais para a sua idade.
- eu percebi, tem muita extravagância aqui. - eles se soltam e finalmente o tal de Thomas me olha. - gostei do luxo.
Ele tem os olhos em um castanho intenso, as íris claras, quase que como um ouro derretido.
Um molhador de calcinhas ambulante !
- e quem é a bela jovem ?
- essa é minha morango.
Dou alguns passos e chego perto deles, o perfume forte impregnando minhas narinas antes que eu estenda a mão para cumprimentar Thomas.
- sou Mia Collins, muito prazer.
- Thomas Hubert, e posso declarar senhorita Collins, que o prazer é todo meu em ter você na minha boate. Sinto muito por meu sócio não poder estar presente, acho que vocês seriam bons amigos. - ele pega delicadamente em minha mão, a levando até os lábios e depositando um beijo casto nos nós dos dedos.

" "

Mordi os lábios ao sentir minha garganta queimar com o contato do álcool, engoli o líquido o mais depressa possível, me arrependendo em seguida ao notar que Sam já está preparando outra dose.
- eu quero dançar morango, vamos descer e balançar o corpo. - sua voz embargada me faz ter vontade de rir.
- ainda não, as músicas são ruins. - digo com dificuldade, rindo na última palavra.
- já estamos aqui a duas horas Mia, eu quero dançar !
- okay, okay. Vamos.
Me levanto, agarrando o corrimão e pegando nas mãos de Sammy para o ajudar a levantar.
- sua vaca ruiva, não me deixa cair !
- é só você não me derrubar !
Quase pisando em meus próprios pés, descemos a escada e damos as costas para a proteção do bendito do camarote. Fecho os olhos por um segundo ao chegar no térreo e tento focar minha visão em algum lugar, as pessoas dançando não passam de borrões se mexendo e eu aperto os dedos de Sam, sendo puxada para o meio da multidão com a cabeça girando.
Mexo os braços para cima, sentindo o corpo de Sammy logo atrás do meu, talvez me segurando para garantir que eu não caia em cima de meus próprios pés. Levanto o queixo e vejo as luzes coloridas dançarem no teto, a música alta entrando em minha cabeça, fazendo com que a emoção da bebida em meu sangue seja maior. A adrenalina correndo em minhas veias só me impulsiona a mexer mais o meu corpo, sentir meu amigo dançar comigo como se o amanhã fosse uma história fictícia, uma história que ouvimos na infância para termos medo do monstro debaixo da cama.
Eu estou tão feliz !
A música muda, sendo substituída por um ritmo latino contagiante, me viro rápido, sorrindo ao ver os lábios de Sammy curvados para cima e as mãos esticadas ao lado das orelhas.
- eu adoro essa música ! - gritamos juntos.
Então, ele apoia as mãos em meus quadris, me ajudando com os movimentos e evitando que eu perca o equilíbrio. Mexo o corpo rápido, sentindo o fogo se espalhar pelo meu sistema nervoso e incendiar cada um dos meus nervos. Passo a língua nos lábios, aproveitando o gosto de tequila que ali ficou preso por conta das doses que tomei a alguns minutos.
Deixo os braços caírem em seus ombros e assim dançamos juntos novamente, a música tão alta entrando em nossos crânios e nos forçando a mover nossos corpos com rapidez.
Não exitem pessoas, não exitem bebidas e principalmente, não existem impedimentos que não nos deixem dançar até o sol nascer.
E nós vamos dançar, até nossos corpos não aguentarem mais.

GraysonOnde histórias criam vida. Descubra agora