Capítulo 139

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As segundas feiras normalmente são o auge da preguiça em um adolescente, os músculos insistem em ficar tensos e o cérebro tente a raciocinar com menos rapidez do que o normal. Pelo menos comigo é assim !
Abro a porta do armário, o gelado do metal pintado de vermelho tocando a ponta dos meu dedos. A decoração do Interior do armário nunca foi meu forte, existem algumas flores brancas desenhadas na porta e um espelho pequeno preso com a ajuda de cola quente. Os livros arrumados em duas pequenas prateleiras e um estojo reserva com canetas e lapiseiras, junto com os livros de exatas deixei meu uniforme de educação física.
Junto com uma regata branca.
Andrew ficaria louco se visse alguém me analisando como da última vez.
- um beijo por seus pensamentos. - estico a mão para apanhar os livro de literatura, economia e biologia.
- um beijo é muito pouco. - fecho o armário, encontrando Andrew e seus adoráveis olhos verdes amendoados encostados no armário ao lado.
- posso te dar muito mais, é só pedir. - o sorriso sapeca aparece em seus lábios e eu agarro os livros, os colocando em frente aos seios.
- você é incorrigível Grayson.
- e mesmo assim, você me ama.
Sua mão esquerda me puxa pela cintura para ficarmos mais perto, a jaqueta do time perfeitamente alinhada ao corpo e os cabelos, como o habitual, com alguns fios perdidos na testa.
- convencido.  - sussurro, olhando maliciosamente os lábios avermelhados dele.
- só digo verdades ruiva.
Em questão de segundos o espaço entre nossas bocas some, Andrew fez questão de dizimar qualquer distância ao unir nossos lábios. O beijo calmo e tranquilo.
- já sabe o nome dos adversários de quinta ? - pergunto ao deixar sua boca, colocando as mãos em seus ombros.
-  Black Tigers ( Tigres Negros).
- e como anda a preparação para o jogo ? O treinador anda pegando pesado ?
Andrew franzi a testa por alguns segundos, os olhos vagam pelo meu rosto antes que eu posso ouvir sua resposta.
- e desde quando aquele macaco velho do Martin não pega pesado ? O cara está quase arrancando o nosso couro.
Mordo o lábio inferior rapidamente, o deixando livre ao ouvir o barulho do sinal.
- ele só quer garantir o bom desempenho de vocês no jogo. - me viro, pegando em sua mão enquanto andávamos a caminho da sala de matemática. - os Lions ganharam o primeiro jogo e o troféu de estreia, mas se ganharem a temporada as chances de quase todos os rapazes do time, inclusive você, ganharem bolsas de estudos em universidades prestigiadas é muito grande. Fora que, provavelmente, esse será uns dos últimos anos dele como treinador do time de basquete da escola, talvez ele queira deixar o nome dele bem visto antes de se aposentar.
- é, você tem razão ruiva. Nós ganhamos um jogo, não a temporada.
- e quando eu não tenho ? - o olho de relance.
- depois eu quem sou o convencido.
- mas você é.
Entramos na sala e cada um vai para o seu respectivo lugar, eu me sento perto da mesa do professor e Andrew segue para o fundo da sala para se sentar com os meninos do time. Kevin me olha de relance, o olhar curioso e impassível, ao contrário de Jason, que me abre um sorriso e logo o desmancha, percebendo a carranca de Andrew ao olhar para o amigo.
Bato a borracha do lápis no caderno, tentando absorver todo o conteúdo sobre econometria. O senhor Reiser e suas calças largas escrevem ruidosamente no quadro negro, letra por letra o barulho do atrito do giz com o material da lousa causa um pequeno e desconfortável incômodo nos ouvidos. Talvez, a lentidão e calma na qual ele anota os dados seja a culpada, mas quem vai julgar um homem com o caráter como o dele ?
Clint Reiser é um verdadeiro cérebro ambulante, mas não é só pela inteligência que poucos sabem como se dirigir a ele, mas também por ser a pessoa mais indicada para ter uma conversa, sobre qualquer coisa.
Qualquer coisa mesmo.
Vários alunos já o procuraram para, não só esclarecer dúvidas sobre a matéria, mas para perguntar o que fazer em situações difíceis. Formado em economia e em psicologia por uma das facilidades mais renomadas do país, Clint consegue fazer as pessoas absorverem mais do que números e dados, ele consegue fazer uma pessoa prestes a perder a cabeça retomar sua vida e seguir um novo caminho com apenas uma conversa de quinze minutos.
- senhorita Collins ?
A voz do senhor de, mais ou menos, quarenta e cinco anos me tirou do transe. Aonde eu larguei o lápis e o deixei cair sobre o caderno, encolhendo os ombros ao notar o olhar da sala sobre mim.
- sim. - tento soar o mais natural possível.
O senhor Reiser apenas fecha o livro em suas mãos e limpa os dedos sujos de giz em uma flanela laranja, escorando a perna esquerda na ponta da mesa.
- está tudo bem ?
A pergunta me pega de surpresa, ainda mais sabendo que no fundo da sala Andrew está sentado ao lado de Kevin e de Jason. Mordo o lábio sugestivamente, o coração batendo forte em meu peito.
- sim, por que a pergunta ? - tento sorrir, mas fracasso imediatamente.
- você parece meio distante. - ele ajeita a camisa de botões azul, puxando as mangas para baixo.
- só estudando a matéria, não há o que se preocupar.

GraysonOnde histórias criam vida. Descubra agora