Puxo Daniel para o andar de cima e o deixo sentado no pequeno banco que vovô deixa na ponta de sua cama, abro o closet e pego uma de suas camisas brancas.
- você pode ir ao meu banheiro se trocar okay, vovô não gosta que usem o banheiro dele. - seguro a camisa e novamente o puxo para o meu quarto.
Daniel não fala nada apenas me segue em quando eu aponto o banheiro ele pega a camisa de minhas mãos e arqueia as sobrancelhas antes de fechar a porta. Me sento em minha cama e vejo que já são seis horas, pego uma almofada e a coloco sobre meu colo, apoiando os braços sobre ela. Daniel sai do banheiro com a camisa ainda um pouco aberta o que deixa seu peitoral exposto, a camisa suja de tinta está em uma de suas mãos.
- não precisava me dar uma camisa do seu avô, ele não vai se incomodar com isso ? - ele ajeita o cabelo ao se olhar no espelho.
- claro que não, é só uma camisa. - sorrio fraco.
Retiro a almofada do meu colo e me levanto indo em direção a Daniel, pego a camisa de suas mãos e entro no banheiro. Enfio o tecido sujo debaixo da água da torneira e ajusto a temperatura para ficar quente.
- pode sentar se quiser, eu só vou tirar o que conseguir. - digo alto.
- tudo bem. - escuto em resposta.
Esfrego o tecido e a tinta só se espalha mais, suspiro frustrada e continuo a esfregar. Depois de um pouco mais de cinco minutos a camisa ainda está com uma pequena mancha, mas creio que Daniel não vai conseguir usá-la novamente, ao não ser que seja para dormir. Saio do banheiro e o encontro mexendo em seu celular sentado na ponta da minha cama, a camisa ainda aberta me deixa desconcertada e eu faço um barulho com a garganta para que ele me olhe.
- sinto muito, a mancha diminuiu mas não saiu completamente, se quiser eu posso te dar uma nova. - digo constrangida pelo ocorrido.
- não precisa Mia, como eu disse antes : é só uma camisa. - ele sorri fraco e escuto passos subindo as escadas.
Penso que deve ser vovô vindo conferir e concluir seu trabalho de vigia e meu coração para ao encontrar um Andrew muito bravo parado na porta do meu quarto, encarando Daniel como se quisesse o matar simplesmente por respirar o mesmo ar que eu.
- que merda é essa ? - ele rosna e eu não consigo sair do lugar.
- eu sujei a camisa dele e precisei lhe dar uma do meu avô, trouxe ele aqui pra se trocar e pra eu tentar remover a tinta de sua camisa no banheiro, já que a água da pia é quente. - explico com o coração a mil.
Andrew desvia o olhar de Daniel para mim e entra devagar, os punhos fechados em sinal de fúria e os olhos fixos no prêmio, que seria a cabeça do garoto que está sentado em minha cama. Mordo meu lábio inferior com força e aperto a camisa em minhas mãos, Andrew consegue ser assustador quando precisa e eu não preciso ver seu lado irado e ciumento de novo. Enquanto os dois se encaram como se fossem se atacar a qualquer momento devido tirar Daniel daqui antes que Andrew resolva fazer alguma besteira e conseguir não ser aceito mais nessa casa, meu avô é totalmente contra violência dentro do lar. Corro para pegar a mão de Daniel e o faço de levantar, Andrew me olha com raiva e eu o encaro como se pedisse licença, retiro Daniel do quarto e o levo até a sala. Olho para o lado e vejo que vovô ainda dorme, o que é muito bom, odiaria que ele visse isso.
- eu não queria causar problemas Mia. - Daniel me diz com calma.
- vou pegar sua mochila, não me causou problema algum Daniel, eu posso lidar com Andrew.
Saio antes que ele responda e apresso o passo até a sala de jantar, pegando a mochila preta que estava escorada na banqueta e levando a para o dono, que permanece parado ao lado da porta como eu o deixei.
- eu repito, posso comprar uma camisa nova para você se quiser. - lhe entrego a mochila e abro a porta da sala.
- acredite quando eu digo que não precisa. - ele pega a camisa molhada de minha mão. - eu cuido dessa mancha, e se ela não sair, bom, terei um pijama decorado por você.
- que horror. - rio baixo.
- não é tão mal assim. - ele ri também enquanto dobra a camisa e a coloca em um bolso vazio da mochila. - eu já vou indo, vi que você tem um grande problema pra resolver.
- quando quiser buscar a tela, fique a vontade. - mudo de assunto.
- tchau Mia. - ele se aproxima para dar um beijo em minha bochecha.
Seus lábios tocam a minha pele e eu fecho os olhos para não empurrá-lo e evitar mais problemas com Andrew, Daniel se despede com um aceno e quando ele virá as costas eu fecho a porta. Respiro fundo ao lembrar de Andrew no quarto e antes disso volto para a sala de jantar, cutucando meu avô com cuidado para acordá-lo.
- vovô, deite se no sofá, a cadeira não é muito confortável e sua coluna vai agradecer depois. - digo baixo ao ver seus olhos se abrindo.
- tudo bem.
O ajudo a levantar e o levo até o sofá de três lugares, ele se deita devagar e pego a manta que fica pendurada em um dos braços do móvel para cobrí-lo.
- Andrew está lá em cima comigo, a porta estará aberta e eu estou naqueles dias. - beijo sua testa com carinho.
- nesse caso pode fechar a porta. - ele diz fraco e eu rio de sua gracinha.
Mas meu sorriso logo morre ao lembrar da expressão que Andrew me olhou quando me viu pegar na mão de Daniel para retirá-lo do quarto.

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Grayson
Storie d'amoreEnquanto ele me encarava pude notar todos os detalhes de seu lindo rosto que eu queria memorizar. As sobrancelhas grossas na cor de um preto exuberante e incrivelmente bem desenhadas, os cílios volumosos e finos protegendo os olhos verdes amendoados...