Capítulo 3

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Mordi a ponta da caneta e me senti uma criança no primário ao fazer isso, é como se o calor em meu rosto ainda não tivesse passado, como se a dificuldade de respirar ainda estivesse aqui. Ele é tão bonito, que poderia facilmente ter o mundo aos seus pés, se é que não tem.
Andrew é Zeus em sua personificação mais perfeita, lindo e frio.
- mulher acorda !- Sammy joga o caderno em minha cabeça.
- seu filho da mãe, isso dói. - digo conseguindo finalmente me libertar daqueles olhos.
- tá vendo, nem xingar você sabe sua vaca. Agora para de comer o garoto com os olhos e vira pra frente que a vadia da senhora Spenser já está na porta.
Depois de muita luta, foco na realidade e viro me para meu amigo estupidamente charmoso.
Sam é uma vadia comigo, mas já vi muitas garotas em festas que mesmo sabendo de sua orientacão sexual darem em cima dele afim de tirar uma casquinha. Tem olhos cor de mel bem claros, cabelos castanhos que mais parecem loiros, um belo rosto e um corpo alto e malhado.
A aula segue como uma hora de muitas palavras e conversas paralelas enquanto a senhora Spencer escreve no quadro negro.
Ele me olhou, depois de meses ele finalmente me olhou.
Sinto meu rosto queimar ao pensar em suas belas órbitas esverdeadas me encarando, talvez buscando um motivo para uma garota sem graça e totalmente estranha estar o olhando.
Ali sentada ao lado de Sammy, que anota a matéria pairando seus olhos de vez em quando em meu caderno penso no quanto eu sou boba. Vovô sempre me diz que aos dezessete anos eu deveria sair, conhecer pessoas e deixar Sam um pouco em paz. Eu não vejo problema no meu melhor amigo dormir em casa todo fim de semana comigo, fazemos isso desde o sétimo ano, mas meu avô acha que Sammy precisa de uma folga.
Olhando meu amigo, imagino como seria minha vida sem ele... Eu provavelmente não seria nada, Sam aguentou todos esses anos os meus choros e minhas crises por conta dessa paixão pelo meu vizinho.
Desde que Andrew ganhou seu carro eu nunca consegui não olhar pela janela todos os dias as seis da tarde.
Normalmente a hora em que ele limpa seu carro, um belo BMW I8 AWD preto, assim como seus cabelos.
Mas Andrew nunca olhou na direção da minha casa, ele parecia tão concentrado em sua função que nunca me pegou olhando seus músculos do abdômen e dos braços todas as vezes em que ele limpava seus vidros e capô.
Talvez ele nunca tivesse pensado que a vizinha louca o estivesse vigiando pela janela.
- eu fiz com que ele olhasse pra você, isso já é um começo não? - Sam me encara e sorri de lado.
- você me bateu sua coisa, ele deve ter pensado que somos retardados. - digo frustrada comigo mesma.
- ah, se anima gata. Aposto que se fomos a festa do Daniel ele com certeza te daria mais atenção.
- não, não. Isso está fora de cogitação. Daniel me deu aquele apelido horrível de água de salsicha. - o encaro incrédula.
Nem fodendo eu vou a esta festa.
- vamos Mia, vai ser legal. Eu te arrumo e tenho certeza que seu avô iria deixar. Ele vive me dizendo para aumentar seu círculo de amizade, claro sem esquecer o papai aqui.
- não sei se é uma boa idéia, Daniel vai me zoar assim como todo mundo naquele lugar.
- ora, eu tenho um plano e se tudo der certo ninguém vai zoar você. Eu vou te proteger morango.
- tudo bem, mas que fique bem claro, só me convenceu pelo morango.
Desde que éramos pequenos ele me chama assim, é uma forma carinhosa que ele encontrou de me acalmar sempre que era zoada e ele não estava por perto. Acredite, receber bolinhas de papel melecadas de baba não é legal.
Muito menos quando ninguém faz questão de te conhecer antes de te julgar.

GraysonOnde histórias criam vida. Descubra agora