Capítulo 130

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Ele engole seco, o pomo de Adão subindo e descendo de uma forma totalmente lenta e sexy ao mesmo tempo, enfio as mãos nos cabelos, os jogando para trás e retirando os óculos em seguida.
Meus olhos inundados pelas lágrimas.
- mas que merda Mia ! - ele grita, andando em minha direção e me puxando para si.
Seu abraço, ah !
Como eu precisava desse abraço !
- eu te amo seu idiota, e mesmo que você me ignorasse por séculos, eu sempre iria te amar. - os soluços que escapam de minha boca são realmente baixos, tão baixos que quase me engasgo ao tentar aspirar o cheiro vindo da blusa dele.
Aperto meus braços ao seu redor, deixando os óculos pendurados em um dos dedos enquanto tento não fazê-lo se soltar de mim. O tecido úmido do moletom de Andrew começa a molhar meu camisão, já enrijecendo meus mamilos pelo contato com o tecido molhado.
- olha, por favor ruiva, nunca mais esconda algo assim de mim. Você me pediu sinceridade e eu não posso exigir o mínimo em troca disso. - o hálito quente em meu ouvido causa a ocorrência de um espasmo em meu corpo, contraindo meus músculos e me fazer apertar mais ainda os bravos ao redor da cintura do garoto.
- eu entendo, eu errei e prometo não guardar só para mim o que puder afetar você em algum momento.
Levanto a cabeça e fito seus olhos, encontrando as marchas castanhas ao redor da pupila e percebendo que em seu estado de raiva, elas podem diminuir consideravelmente ao ponto de deixar o verde dominar.
Me separo dele, devolvendo os óculos de volta ao meu rosto. Estico uma mão para Andrew, que a pega sem hesitar e o puxo para cima.
Os passos são silenciosos, a cada vez que a pele da planta dos meus pés deixa o chão gelado e em seguida os toca novamente é como se meu fôlego fosse arrancado do peito e colocado de volta após uma eternidade. Abro a porta do quarto e passo os dedos pelo interruptor. A luz branca se acende e eu me viro rápido, enfiando as mãos por debaixo da blusa escura e molhada e a puxando para cima. Meus dedos tremem, a pele do abdômen de Andrew está quente, tão quente que não parece ter sido coberta por um tecido molhado.
- vou por sua blusa na secadora e trazer para você em alguns minutos. - ele estica os braços para frente e abaixa a cabeça, facilitando meu trabalho na hora de remover por completo o moletom. - se quiser, pode pegar minha manta e se cobrir, está frio.
- tudo bem. - ele caminha até a cama e pega uma manta que estava enrolada e escondida por debaixo das almofadas. A desdobrando algumas vezes e cobrindo o torso nú.
- estamos bem ? - pergunto encarnado  seus olhos.
- sim, estamos bem. Mas sabe como poderia melhorar ? - o olhar é sugestivo, não malisioso como de costume. - se você deixasse essa blusa aí e viesse aqui me esquentar, essa sua manta é meio gelada.
Deslizo os dentes pelo lábio inferior antes de os molhar com a ponta da língua e pela touca da blusa, a deixo pendurada em um dos ganchos atrás da porta. Ajeito os óculos sobre o nariz e vou até a cama, jogando as almofadas sobre tapete fino cor de rosa. Andrew se levanta, ainda agarrado a manta e retira os sapatos, os deixando ao lado das almofadas e subindo na cama. Me sento por cima das pernas e espero que ele se deite para me deitar em seu peito, Andrew estica a manta para que cubra somente meu corpo e eu jogo um pedaço do tecido quente em seu peito, cobrindo a pele exposta.
- seu avô não vai gostar de me ver aqui. - um de seus braços me puxa para perto.
Bem mais perto.
- acho que ele não vai se importar se ver a porta aberta. - deito a cabeça em seu peito e fecho os olhos.
O silêncio que se instalou no ambiente é necessário para a formação de mais intimidade entre nós, um silêncio confortável no qual nenhum dos dois está disposto a quebrar para nos submetermos a mais uma briga desgastante por conta de segredos que não deveriam existir. As batidas em seu peito são calmas, eu diria que até surpreendentemente calmas demais para alguém que acabou de sair de uma discussão feia. Coloco uma das mãos ao lado do rosto, sentindo os pulmões dele aumentarem o tamanho e diminuírem de acordo com o ritmo de sua respiração. Respiro fundo o cheiro dessa pele quente e macia e molho os lábios com a ponta da língua, sorrindo ao perceber que a dor em peito diminuiu conforme meu coração se adequou a situação.
- preciso te contar uma coisa, mas por favor, escute tudo antes de falar. 
Abro os olhos, apoiando o cotovelo direito no colchão para erguer o torso afim de encarar seu rosto.
- pode dizer. - os olhos verdes amendoados focados em mim, as sobrancelhas grossas levemente arqueadas.
- durante a nossa conversa no estacionamento da escola você me apontou o caderno aonde estaria os desenhos de Daniel, não foi ? - ele acena com a cabeça. - depois que você saiu de lá como se o mundo estivesse em chamas eu fui até o caderno e acabei descobrindo uma coisa que eu realmente não esperava.
- que seria ? - Andrew leva as mãos para a parte de trás da cabeça, deixando os músculos dos tríceps mais evidentes.
- havia um ticket em uma das páginas, o papel amarelo confirmava o pagamento por um banho, vacina e criação de placa para coleira em nome de Charlie.
Sua boca abre alguns milímetros para que a ponta da língua passe entre eles, molhando os lábios suavemente. As sobrancelhas, que já estavam arqueadas, se uniram um pouco no meio, junto com o cerrar de seus olhos. Os cílios grandes e volumosos piscam sem parar, talvez associando de alguma forma a ligação entre Charlie e Daniel.
- não vai dizer nada ? - pergunto com receio de sua resposta.
- o que eu posso dizer ? - ele rola os olhos, me fazendo morder a bochecha interna. - eu gosto do bicho, mas não gosto de quem te deu ele.
- então você não vai reclamar ?
- que ? Claro que não Mia, o gato não tem culpa dos meus problemas com aquele babaca.
Suspiro aliviada e ouço um barulho vindo da escada, a luz do corredor é acesa e sorrio ao ver meu avô encostando no batente da porta. Andrew ainda não o viu, o que faz a abordagem do meu avô ser engraçada.
- perdeu a camisa Grayson ? - com um pano nas mãos, ele limpa algumas manchas de óleo para carros dos dedos.
Andrew se levanta rápido, esticando as pernas para fora da cama e levando a mão direita até os cabelos ainda úmidos. Olho para meu avô, que intercala o olhar entre mim e Andrew, com um pequeno sorriso no rosto. O velho general suspira pesado ao ver meus lábios curvados em um sorriso divertido e balança a cabeça negativamente, jogando o pano sujo sobre a camisa branca manchada.
Dessa vez nós não fizemos nada !
- só vista algo Grayson e desçam para o jantar, pedi comida italiana. - pisco para ele, que ajeita os óculos sobre o nariz e olha para Andrew. - pelo menos deixaram a porta aberta, continuem assim.

GraysonOnde histórias criam vida. Descubra agora