Capítulo 61

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Não consigo chorar ou sequer encontrar alguma justificativa que deixe Andrew inocente nesse caso, na foto é bem visível a seriedade e a safadeza de Raven, o jeito com que as pernas dela estavam presas em seu quadril.
Argh !
Sam está a meia hora tentando me convencer de que isso pode apenas ter sido uma armação de Raven.
- Sam, nenhum de nós dois comentamos algo sobre aquela tarde, e se Raven chegou a subir em cima dele é por que Susan não estava lá como combinamos. - fecho meu armário com o livro de literatura nas mãos.
- olha, eu não sei o que dizer mais a você. A foto é bastante incriminadora mas não acho decisões precipitadas é a melhor forma de se resolver isso. - Sammy se escora no armário ao lado e me olha com as sobrancelhas arqueadas.
- como ele ou Raven ao menos não se deram ao trabalho de vir a escola eu não sei o que pensar, provavelmente essa foto é de ontem a tarde e sinceramente eu estou enojada de imaginar o que pode ter acontecido.
- e se não tiver acontecido nada ?
- espero que ele tenha uma bela explicação e um jeito de me convencer que isso não é o realmente parece. - suspiro e ajeito meu óculos.

" "

Ao sair do vestiário feminino vestida com o uniforme de educação física corro para ir até o ginásio, as líder de torcida estão ensaiando sua coreografia sexy e totalmente desnecessária para o jogo de hoje a noite. O professor nos coloca para jogar vôlei e sinceramente, a última coisa que preciso é quebrar meus óculos novamente então me encolhi o suficiente para sair de fininho da quadra e correr até o vestiário novamente. Troco de roupa e deixo o uniforme dentro do armário, o fechando com o cadeado e deixando o ginásio rapidamente. Deixo o prédio e mando uma mensagem para Sam.

Tive que ir pra casa, é muita coisa pra se pensar.
Te vejo as sete em casa.
Beijos.
M.

Caminhando rápido até meu carro retiro a mochila do ombro e a carrego na mão esquerda, suspiro ao entrar no Fusca e dar a partida. Espero que meu avô não estranhe ou não esteja em casa, a última coisa que preciso é alguém me enchendo de perguntas.
Perguntas que eu não quero ou talvez eu só não saiba as respostas.
Durante o caminho todo as músicas que tocaram no rádio se identificam com o meu estado de espírito atual : melancolia, dúvida, engano ou traição. A voz feminina implora para o seu amado não a deixar, implora para que ele fique ao seu lado e cure as feridas que lhe foram abertas. No meu caso, a única coisa que eu quero é deitar na minha cama e fingir que meu coração não sofreu com a leve rachadura que lhe foi ganhada.


Estaciono o carro na garagem e antes de abaixar o portão olho para a casa da frente, o BMW estacionado na vaga de sempre e não consigo imaginar o por que de terem me mandando aquela foto. Sei que foi Raven quem a mandou e que o número anônimo não lhe adiantou de nada, fecho o portão e entro pela cozinha. Vovô está com os fones de ouvido que eu comprei a algumas semanas e eu tento não fazê-lo se assustar com a minha aproximação.
- vovô. - mexo em seu ombro.
O mesmo se vira devagar e graças a Deus ele não se assustou, vovô retira um dos fones e ajeita os óculos.
- o que faz em casa tão cedo ? - ele pergunta.
- minha cólica está mais dolorida esse mês. - dou um beijo em sua bochecha.
- ah sim, se quiser eu posso preparar um chocolate quente pra você.
- não precisa vovô, vou só me deitar um pouco antes de Sam chegar.
- o que vão aprontar dessa vez ?
- vamos ao jogo de basquete a noite.
- e você não vai com o Grayson ? - ele questiona.
- ele já vai estar lá vovô - tiro o sorriso do rosto ao ouvir seu nome. -, eu vou com meu amigo como sempre fiz.
- fico feliz que vocês não se afastaram mesmo com esse namoro.
- vou subir vovô, qualquer coisa bata a porta.
- tudo bem, espero que melhore.
- eu vou vovô.
Ele coloca os fones novamente e continua a ler as receitas devagar, subo as escadas e ao chegar no meu quarto deixo a mochila pendurada atrás da porta. Retiro os sapatos e as roupas, dobrando as e as guardando no closet, pego um camisão de estrelas e vou até o banheiro.
Sentada em minha poltrona cor de rosa me encaro no pequeno espelho da penteadeira a minha frente, os perfumes e cosméticos estão sobre a superfície e na única gaveta existente estão alguns cosméticos como esmaltes, demaquilante, lixas de unha e várias escovas de cabelo junto com algumas fotos de Sam, de mim e de vovô que ainda não coloquei no álbum.
Retiro o óculos e com a visão um pouco turva pego uma bola de algodão, molhando a na água demaquilante e removendo a pouca maquiagem que usei durante o dia. Jogo o algodão usado no lixo que fica escondido debaixo da penteadeira e apanho minha escova, desembaraçando os fios longos e sedosos com delicadeza.
Será que ele fez isso mesmo ?
Ele não pode ter me traído !!
E eu desejo, por Deus como eu desejo, que isso tenha uma boa explicação e uma ótima resolução.
Engulo seco por conta das lágrimas que já inundam meus olhos e repouso a escova em seu devido lugar, coloco meus óculos novamente e me levanto, logo me jogando sobre a cama e abraçando o primeiro travesseiro que vejo a minha frente.
A sensação de desconfiança dói e a cada vez que lembro daquela foto meu estômago se embrulha instantemente, a dor alucinante em meu peito é constrangedora, eu não deveria estar chorando sem nem ao menos saber a versão dele, sem deixar o mesmo se explicar. Mas infelizmente as minhas lágrimas insistem em cair e molhar o único pedaço do travesseiro que ainda atém o cheiro dele.

GraysonOnde histórias criam vida. Descubra agora