Vovô fez waffles enquanto eu estava na escola, dizendo que não poderia trazer alguém para fazer um trabalho sem um lanche decente para oferecer. Antes de subir para o meu quarto despejo um pouco de ração e água para Charlie, o bichinho corre para encher sua barriga e eu sorrio com o jeito que ele se apegou a bolinha presa em sua coleira.
Subo para o quarto e retiro a roupa, indo para o Banheiro afim de tomar uma ducha rápida antes de Daniel chegar. Visto um short curto azul escuro e uma camiseta pequena branca sem mangas, penteio os cabelos e passo um pouco de creme hidratante pelo corpo. Ajeito os óculos e calço meus chinelos, agradecendo mentalmente por ter ido ao salão semana passada fazer as unhas, arrumo minha cama e guardo as roupas limpas que vovô deixou sobre a poltrona. Desço para a sala e vou até a pequena biblioteca de vovô pegar as telas e os cavaletes, trazendo os para a sala de jantar que a anos não é usada, afasto a mesa redonda e volto até a cozinha para pegar duas banquetas, deixando as em frente aos cavaletes. A campainha toca e eu caminho rápido para atender a porta, abro a e dou de cara com Daniel e sua mochila jogada nos ombros.
- ah Oi, entra. - lhe cedo passagem.
- Oi, sua casa é bem legal. - ele para ao meu lado antes de eu fechar a porta.
- obrigada, você está com fome ? Temos waffles pro café. - o puxo para se sentar em um dos sofás.
- ah não obrigada, agradeço. - ele parece sem jeito.
- então você é o Daniel. - vovô sai da cozinha com um pano de prato pendurados no ombro esquerdo.
- sim senhor Collins, sou Daniel Carter e é um prazer conhecê-lo. - os dois dão as mãos.
- o prazer é meu. - vovô mantém a cara fechada e se vira pra mim.- Mia, as tintas estão na biblioteca, se eu não me engano estão na parte debaixo da estante dos livros da esquerda.
- ah obrigada vovô, Daniel pode vir comigo.
- eu deixo a mochila aqui ? - ele se levanta.
- não, pode trazer, vamos fazer o trabalho na outra sala.
- tudo bem.
Caminho na frente e abro a porta da biblioteca, entro no pequeno cômodo e me abaixo para pegar a caixa de tintas.
- quer ajuda. - me assusto.
Esqueci que ele estava aqui.
- Ah claro, quero sim, não sabia que tinha tantas tintas assim.
Me levanto e lhe aponto a direção para pegar a caixa marrom, Daniel a pega com a mesma facilidade com que pegou o saco de ração para Charlie naquele dia. Espero que ele passe para a sala de jantar e apago a luz antes de fechar a porta.
- pode colocar em cima da mesa. - peço.
Ele coloca a caixa sobre a mesa e retira a blusa jeans que estava por cima de sua camisa preta. Abro a caixa e verifico se está tudo certo, as tintas estão boas, os pincéis antigos e em bom estado e as paletas estão limpas.
- vou pegar dois aventais okay, tenho certeza de que não vai querer sujar sua roupa, se quiser pode pegar alguns jornais com meu avô para cobrir o chão.
- Ah claro.
Ando até a biblioteca novamente e pego na primeira gaveta da cômoda antiga dois aventais revestidos com um tecido meio plástico, fecho a gaveta e saio do cômodo. Quando volto a sala de jantar encontro Daniel e vovô cobrindo o chão com jornais.
- está ficando ótimo. - rio.
- claro que está. - vovô responde.
- que tal o senhor sentar enquanto nós fazemos o trabalho vô ! .
- eu acho uma ótima idéia sabe.
Enquanto separo as tintas vovô se senta em uma das cadeiras da mesa e Daniel pega algumas cores que vai usar.
- você já pintou antes ? - pergunto lhe entregando uma paleta.
- não, nunca frequentei as aulas de história da arte e pintura. - ele responde rindo fraco. - estava ocupado demais com coisas idiotas.
- que tipo de coisas ? - lhe entrego alguns pincéis.
- planejando festas, treinando basquete, pegando garotas.
- então você é um garanhão ? - vovô pergunta.
- bom eu era, mas cometi um erro e decidi mudar um pouco. - ele responde me olhando triste.
- as vezes precisamos cometer erros para vermos que não devemos ser o que os outros querem, e sim o que nos queremos. - vovô se levanta.- vou pegar um café, já volto.
- acho que vou ter que te ajudar com o seu trabalho. - me viro para ele.
- eu tenho certeza disso.
- okay, o que tem em mente ? - coloco as tintas em minha paleta com o auxílio de um pincel.
- pensei em fazer um retrato seu, mas não algo que não foque tanto no seu rosto.
- retratos são difíceis para iniciantes.
- eu vou me arriscar. - ele segue para a banqueta e se senta.
- qualquer coisa me avise, vou ter que ficar te olhando as vezes okay então não ache estranho.
- posso dizer o mesmo.
Vovô volta com uma xícara de café e com um prato com alguns waffles, ele deposita o prato sobre a mesa e se senta pegando um livro que estava sobre a mesa a dias.
- faça o traço do retrato antes de pintar, ou vai acabar dando errado.
Levo até ele um lápis carvão e o mesmo faz um sinal positivo com a cabeça.
Volto para a minha banqueta e começo a traçar o rosto de Daniel com o lápis, faço primeiro o rosto e começo a desenhar os olhos, me viro olhando o de canto e começo a fazer o belo par de olhos azuis depois de desenhar o nariz.
Esse quadro vai demorar um pouco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Grayson
RomansaEnquanto ele me encarava pude notar todos os detalhes de seu lindo rosto que eu queria memorizar. As sobrancelhas grossas na cor de um preto exuberante e incrivelmente bem desenhadas, os cílios volumosos e finos protegendo os olhos verdes amendoados...