Capítulo 81

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Observando o quadro de Daniel, agora já protegido por uma moldura de madeira escura, observo os desenhos feitos na madeira, pequenas ilusões de que a madeira foi esculpida com o soprar do vendo. Pequenas ondas envolvem a madeira, deixando um rastro de linhas convertidas em marés de um vazio, os olhos verdes e vibrantes secando minha pele e me causando a idéia de realismo. Pego um saco plástico na cor preta e guardo com cuidado o meu trabalho, pretendendo fazer o mesmo com a tela de Daniel. A moldura desta já é de madeira negra deixa visualizar os desenhos de flores entalhadas, a cor vibrante do vermelho alaranjado usado para fazer meus cabelos chama a atenção e eu tenho certeza de que não vai ser fácil não acertar que sou eu. Envolvo a tela no saco plástico e deposito sobre a mesa de jantar, deixando um ao lado de outro. Pego o celular no bolso traseiro da calça e ligo para Andrew, que atende no segundo toque.

- está disponível agora ? - pergunto logo.
- depende do que você precisa. - sinto seu tom malicioso e sorrio.
- terminar o seu trabalho de artes seu pervertido.
- ah sim, se quiser posso ir até a sua casa.
- não, eu vou até aí. Já recolhi os jornais do chão e odiaria esfregar o piso para remover a tinta que caísse.
- te vejo em cinco minutos ?
- já estou indo.

Desligo e caminho para dentro da sala, subindo as escadas e indo até o quarto do meu avô. Vendo a porta fechada, bato duas vezes.
- vovô, posso entrar?
- claro.
Pego na maçaneta e entro devagar, espiando o quanto a porta me permitia ver enquanto não a abria completamente.
- vai ao médico ? - pergunto ao vê-lo colocar uma gravata marrom, combinando com a cor da calça e a camisa branca.
- não, vou ir com John buscar os meninos no aeroporto. - vou até ele e ajusto o nó de sua gravata. - obrigada.
- não sabia que eles chegavam hoje. - digo ajeitando os óculos dele.
- vieram uma semana antes do previsto, nada que o coração de Margareth não aguente. - ele ri baixo e pega a carteira que estava sobre a cama.
- ela sabe disso ? - sorrio com o pensamento dos gêmeos surpreendo a mãe.
- não, John disse a ela que iríamos na minha fisioterapia.
- quer que eu apareça lá ?
- claro Mia, os gêmeos estão loucos pra ver você e conhecerem o Grayson.
- acho que o senhor já lhes contou o suficiente sobre o Andrew para que os dois ameacem o coitado, não é ?
- digamos que só disse o necessário, como o vôo deles só chega às quatro, te espero na casa do John às seis e meia tudo bem.
- okay, vou ajudar Andrew com a tela e venho em casa me arrumar.
- tudo bem, e ... Você está usando o que eu te dei né ?
Sinto meu rosto queimar e mordo o lábio.
- vovô, não precisa se preocupar tudo bem. - digo constrangida.
- não ache que eu gosto disso, mas me preocupo com você.
- eu sei vovô, apenas não se preocupe.
Lhe dou um beijo na bochecha esqueça e saio do quarto, descendo as escadas e saindo de casa.

" "

- acha que ficou muito parecido ? - pergunto vendo o desenho de uma Raven sem modificações plásticas.
- acho que graças a você vou tirar uma boa nota nesse trabalho. - seus braços apertam minha cintura e seus lábios encontram minha nuca exposta. - está incrível ruiva, nem parece aquela vadia.
- agora a pintura em com você, já deixei as tonalidades separadas para cada parte da tela, o fundo será negro e depois que terminar me mostre, a moldura será branca e garanto que com isso terá maior destaque. - deixo o grafite sobre a paleta sem tinta.
- não vai me ajudar a pintar ? - ele pergunta, me virando para encará-lo.
- se quiser terminar hoje eu não posso ajudá-lo, tenho um compromisso daqui a uma hora. - digo olhando em sua perdição, os olhos verdes amendoados que tanto brilham e me deixam sem palavras.
- que compromisso ? - ele franze a testa e aumenta o aperto em minha cintura.
- Josh e Natan chegam hoje para visitar os pais, meu avô quer que eu participe da surpresa que eles planejam para Margareth e convidou você também, se quiser. - digo passando as mãos por seu pescoço.
- ele quer mesmo que eu vá ?
- sim, acho que comentou de você para os gêmeos e eles querem te conhecer. - lhe dou um selinho rápido.
- você era muito próxima deles ? - sua pergunta repentina de pega de surpresa.
- digamos que os gêmeos nunca me trataram bem, mas nós tentávamos conviver por conta da proximidade entre os pais deles e meu avô.
- se vocês não se suportam por que ir lá e bancar a amiga ?
- eles cresceram Andrew, antes mesmo de irem pra faculdade me pediram desculpas pelo comportamento fora do comum e eu não vejo motivo para não ir dar as boas vindas. - acaricio sua nuca com a ponta dos dedos da mão direita.
Ele suspira fundo e se abaixa para me dar um beijo na testa, os olhos fechados para cumprir o carinho e a boca meio úmida por conta da língua ter molhado os lábios a pouco.
- okay, só não queira que eu me torne amigo deles.
- eu nunca faria isso, e em relação a tela, podemos nos encontrar segunda depois da aula para terminar.
- tudo bem.
- agora eu tenho que ir me arrumar. - tento me soltar de seus braços e bufo ao perceber que Andrew não quer me soltar.
- se arrumar pra que ? Você está lindo assim. - ele Mostar seu sorriso.
Merda de sorriso perfeito !!
- me arrumar por que eu não posso ir de qualquer jeito, meu avô me mataria e eu não me sentiria bem.
- ok, te encontro na sua casa às... - ele deixa a frase no ar.
- dez para as seis okay, sem atraso. - termino.
- não vou me atrasar.
Eu espero que não !!

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