Capítulo 149

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E então o dia trinta e um de agosto chegou, levando as garotas despreparadas a se sentirem idiotas por terem deixado a compra de seus vestidos para a última hora. Resmungo ao sair do carro, sentindo o sol arder contra minha pele e contrariar a previsão do tempo, que garantiu uma chuva consideravelmente forte no fim da tarde para o início da noite. Sinto minha testa se enrugar ao olhar para porta e ver Anthony Grayson com uma sacola nas mãos escorado na parede ao lado da janela. A camisa escura sem mangas expondo os braços brancos e fortes, os cabelos negros bagunçados pelo vento, as pernas envolvidas em um jeans tão apertado que deveria estar atrapalhando a circulação sanguínea, os pés cobertos em um coturno preto com os cadarços desamarrados.
O que ele quer ?
- trouxe uma coisa para você Piccola (pequena), espero que não se importe.
As sobrancelhas se movem em um breve momento, os lábios se curvando em um sorriso sínico típico de um conquistador barato.
- em primeiro lugar Anthony, não sei se quero aceitar qualquer coisa que venha de você e segundo, o que pretende com isso ? - cruzo os braços, segurando a caixa escura com a mão esquerda.
Ele ri fraco, mostrando os dentes brevemente antes de dar alguns passos em minha direção. A distância entre nós é resumida entre cerca de sessenta centímetros, o perfume desconhecido por mim sendo levado até minhas vias respiratórias por um vento fraco, ele desvia os olhos azuis oceano para baixo.
- vejo que voltamos a estaca zero. - Anthony coça a nuca antes de voltar a colocar seus olhos sobre mim. - eu sei o que se passa nessa sua cabecinha linda e ruiva, mas acredite, eu estou sendo sincero com você sobre a parte de não te envolver mais nos meus problemas com meu irmãozinho.
- então o resto é mentira ? - troco o pé de apoio, o pé esquerdo suportando o peso do corpo sobre o salto grosso da bota de cano curto.
- não totalmente, mas vou deixar você pensar como quiser. - seu braço direito se estica em minha direção, a sacola cinza de tamanho médio pendurada em seu dedo indicador. - eu mandei personalizar para você, espero que goste.
- eu não quero aceitar Anthony. - olho repentinamente para o lado, subindo o olhar devagar até a coragem aparecer para encará-lo de novo.
- você quer e vai aceitar Mia, é um presente especial. - a sacola balança quase que em um movimento imperceptível. - não recuse isso por causa do ciúmes do Andrew, ele não vale tudo isso.
- Anthony...
- Piccola (pequena) só pegue a sacola e vá para dentro, se não gostar do que está aí dentro pode jogar no lixo, mas eu sei que você vai gostar. - cuidadoso, ele retira um dos meus braços do peito e desliza a alça da sacola pelo minha pele. - então, por favor, só aceite e use quando achar melhor.
- se eu aceitar você vai embora ? - pisco devagar, rezando para que ele se vá logo antes que o sol me deixe vermelha.
- vou. - Anthony sorri de canto, os cabelos brilhando ao serem banhados pela luz do sol.
- okay, eu fico com o seu presente. Agora me deixe entrar e por favor, não acredite que seremos amigos por conta disso.
- eu nunca quis a sua amizade Piccola ( piccola). - a ponta da língua deslizando pelo encontro dos lábios. - pretendo chegar bem mais longe que isso, que tal um admirador não - secreto ?
- só vai embora Anthony.
- Ancora più capelli rossi (até mais ruiva.)
Assim ele sai da minha frente, indo para o lado e começando sua pequena caminhada até o outro lado da rua. Retiro a caixa escura debaixo do braço e a coloco dentro da sacola, dando poucos passos até a porta e me colocando para dentro.
Aonde o sol não pode me alcançar.
Muito menos Anthony Grayson.
Ao olhar em direção aos potes de raça e água de Charlie, encontro o bichinho esparramado no chão. As patas esticadas e a barriga para baixo mostram que o coitado está tranquilo com o calor, se adaptando a temperatura do ar condicionado. Resolvo não mexer no peludo e subir diretamente para meu quarto, o conteúdo da sacola me deixando intrigada. Passo pelo corredor, a porta do quarto do vovô está aberta e não há nenhum sinal dele, tenho minhas suspeitas de que ele tenha ido ver Verônica em sua livraria.
A qual eu preciso ir conhecer.
Adentro meu quarto, já notando um papel branco dobrado no centro da cama. Deixo a sacola sobre a poltrona e me aproximo do papel, esticando a mão para alcançar a folha.

GraysonOnde histórias criam vida. Descubra agora