Calabouço

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"E agora carrego uma dor triste e um coração cicatrizado"

- (Legião Urbana)

-- Hye --

Lágrimas teimosas e densas foram descendo pela minha bochecha, mas eu mantive a voz e as feições firmes, pelo menos eu tentei. Jimin tinha a maçã do rosto muito vermelha, intercalava o olhar entre a arma em meu peito e minha face. Sua expressão era indecifrável, mas envolvia incredulidade.

— Vamos, Jimin! Me mate! Você não me odeia? Não quer a fortuna da CB? Então me mate! — Pus mais pressão na minha pele. Eu não tinha medo de morrer, há um tempo atrás eu tinha, mas agora com todas aquelas coisas ruins acontecendo na minha vida eu não tinha mais vontade de viver.

— Eu... — Piscou rápido. Eu não tive tempo de continuar meu discurso de indignação, pois o mais velho me empurrou com muita força na cama. — não vou te matar, eu não sou louco. — Ri fraco debochando da frase. — Mas essa criança não vai nascer! — Quando escutei isso me levantei feito um furacão da cama, enraivecida.

— Como é que é? — Cerrei os punhos e esbugalhei os olhos.

— Você vai abortar essa criança o mais rápido possível. — Cuspiu aquelas palavras sem demonstrar que estava preocupado com a situação. Guardou sua arma novamente com rapidez.

Enxuguei minhas lágrimas com uma certa raiva. Eu tinha muita coisa pra dizer a ele, mas quando finalmente eu estava frente a frente com ele me dava um branco e eu não falava.

— Escuta... mesmo que esse bebê seja seu, você não vai nem tocar nele, ouviu? Ele é meu. — Dei ênfase na última palavra. Jimin continuou sério, parecia não se afetar com nada a sua volta.

— Eu já tenho coisa demais pra me preocupar, não quero uma escrava grávida. — Agarrou meu braço me trazendo pra mais perto. — Você não entende? EU NÃO QUERO ESSE FILHO!

Me assustei com o tamanho e súbito grito. Meu corpo estremeceu e acho que por uns segundos eu tive um infarto. Tentei me soltar daquelas mãos que só me tocavam para me machucar, sem sucesso obviamente.

— Você vai se arrepender por tudo que você fez de ruim na minha vida! — Olhava bem no fundo dos meus olhos.

— Não! Não! — Me debati e dei-lhe socos no peitoral. Jimin segurou meus frágeis punhos e apertou-os, como se quisesse descontar sua raiva em mim.

— Você está rebelde demais, não acha? Merece um castigo pior ainda. — Começou a me puxar pra fora do quarto. Eu berrava e tentava me livrar das patas do desalmado, mas o filho da mãe era muito mais forte que eu.

Passamos pelo corredor com uma certa velocidade. Eu ainda estava relutante, tinha medo do castigo. Quando chegamos no topo da escada eu me segurei no parapeito de uma pequena varanda que tinha ao lado da escadaria. Jimin começou a me puxar pela cintura apiedando minha barriga.

— Ou você vem por bem, ou eu te levo arrastada pelos cabelos. — Ficou atrás do meu corpo, tentando me imobilizar. Uma empregada subia a escada, ela ficou uns quinze segundos nos observando parada. — Tá olhando os que? Vaza daqui e tome no cu. — A mulher saiu provavelmente ressentida.

— Aaah... ME SOLTA! — Berrei. Quando ele conseguiu me fazer soltar a grade, girou meu corpo me fazendo ficar de frente para ele e sem prévia agarrou minhas pernas. Jimin me pôs em seu ombro esquerdo com rapidez e descaradamente deu-me um tapa na nádega direita com força. Foi descendo as escadas enquanto eu gritava e me debatia. Eu estava parecendo uma louca, eu sou mesmo, mas por um bom motivo. Eu queria me defender.

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora