Arrepios

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-- Hye --

Era frustrante tentar entender Jimin. Procurei em sua face algum detalhe que denunciasse sarcasmo, ou algum tipo de brincadeira comigo. Entretanto, Jimin estava sério demais para estar simplismente me enganando. Engoli saliva, receosa. Ele se aproximou mais, a ponto de nossas respirações pesadas se tornarem mescladas. Pressionei minhas costas ainda mais contra a madeira da porta, na tentativa de manter uma distância aceitável entre nós dois, porém foi em vão. Meus pensamentos eram incoerentes com a situação, pois nenhum deles me dizia uma forma de me livrar da maldita posição em que nos encontrávamos. O ar quente exalado por ele batia em minha pele, causando-me arrepios. Apoiei minha mão em seu ombro direito, cogitando a ideia de empurrá-lo, mas tudo que consegui foi ser imobilizada, com as duas mãos pressionadas contra o material rígido atrás de mim.

— Eu não consigo te entender. — Sussurrei. Park afundou seu rosto em meu pescoço, sentindo o cheiro daquela tão sensível área. Foi inelutável não soltar zunidos de tensão, quando os lábios do rapaz tocaram-me. Um mínimo estalo fez-se presente, quando Jimin cessou o breve beijo molhado.

— Você não precisa me entender. Nem eu mesmo tenho essa capacidade. — Murmúrios ele deu, eram provocantes, insinuantes... Fechei meus olhos, pedindo aos céus uma forma de sair de lá. Aquele aperto, o contado de nossos corpos mais forte do que qualquer outro dia e a tensão inevitável estavam me colocando em uma enrascada. Um caminho onde eu não tinha opções ou benefícios. Deu mais um beijo molhado, porém em meu ombro esquerdo. O loiro soltou um suspiro, diminuindo nossa aproximação. — Tome um banho, o jantar vai chegar logo logo. O recado foi dado. — Recuou dois passos, virando-se em seguida. Passou a mão pelo cabelo, pondo os fios para trás. Tardei uns segundos recuperando o fôlego e olhando aquelas costas desnudas.

Mantive minha quietude, apenas dando passos para chegar ao banheiro. Porém, minhas pernas se tornavam enfraquecidas a cada passo. Eu tinha sintomas de vertigem. Uma tontura e outras sensações agoniantes. Jimin já se encontrava ao lado da cama, mexendo em seu telemóvel. Em silêncio segui até meu destino. Dizem que um banho pode tirar de ti muitas coisas. Eu acreditava que a água iria relaxar meu corpo, mas não foi isso que aconteceu. Lavei meu cabelo brevemente, apenas para tirar qualquer sujeira que a floresta tinha aglomerado. E após me lavar bem pus um roupão, de cor cinza. Eu não tinha coragem de abrir a porta, pois contato visual com Jimin não era fácil. Abri a porta e após sair, a cerrei. Fui pé por pé até o guarda-roupas. Park estava sobre a cama comendo, o cheiro de molho apimentado estava se espalhando pelo quarto. Peguei tudo de necessário para que eu me vestisse. E novamente segui até o banheiro.

— Não precisa se vestir no banheiro. — Fui interrompida pela voz dele. — Eu já te vi pelada muitas vezes, pode se vestir aqui mesmo. — Girei meus calcanhares, encontrando seus olhos de imediato. Ele mordeu o canto de seus lábios, apenas me fitando. Me virei bruscamente e entrei no cômodo. Por mais que Jimin tenha realmente me visto nua algumas vezes, eu não me sentia confortável, ainda mais sabendo que ele poderia tentar algo comigo. Depois de pôr o pijama de tecido fino azul marinho, penteei meu cabelo, o partindo de lado seguidamente. Usei desodorante. Borrifei perfume em algumas áreas e mesmo sem o consentimento de Jimin, usei um de seus cremes específicos para evitar espinhas. Ele não saberia. Peguei as peças com as quais eu estava minutos antes e as joguei no cesto de roupas sujas, que tinha ao lado da pia.

Depois de sair do banheiro, com o roupão em mãos, Jimin veio até a mim, pegou a peça e sem nenhuma preocupação a jogou no penduricalho ao lado do guarda-roupas. Me puxou até me pôr sentada sobre a cama. A bandeja estava entre nós dois. Hesitei em comer, mas fui vencida pela fome. Jimin e eu não trocamos encaradas. Eu estava o evitando ao máximo. Notei em cima do criado mudo uma latinha de cerveja, Park a pegou e bebericou um pouco da bebida alcoólica. Eu não costumava comer muita pimenta, por mais que a gastronomia coreana fosse fanática por coisas apimentadas, mas mesmo assim comi tudo que pude.

— Termine de comer. Depois leve até a cozinha. — Ele se levantou, pegando a latinha mais uma vez e dando um último gole. Pôs o objeto sobre a bandeja e foi-se para tomar banho. Fiz assim como ele tinha dito.

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Posteriormente um bom tempo, ele saiu do banho. Apenas de roupão também. Me levantei, com a intenção de escovar meus dentes, porém quando cheguei perto da porta, Jimin entrou no meio. Bufei cruzando os braços.

— Sabe no que eu estava pensando? — Sorriu desatando o laço de seu roupão. — Em fazer uma transa gostosa com alguém. — Tomei distância. — Portanto, espero que esses nove meses passem logo, porque eu não aguento mais. — Ficou sério, tirando a única peça que cobria seu corpo. Com os nervos a flor da pele, passei por ele e entrei no cômodo, trancando a porta rapidamente. Escutei uma risada no outro lado, e suspirei. Jimin gostava de me provocar. Era uma diversão pra ele.

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora