Conversar

123 9 0
                                    

-- Jimin --

Àquela altura Hye e minha mãe já soltavam fogo pelos olhos. Ambas com olhares mortais. Parecia que a qualquer momento uma iria saltar na outra. Sendo que a mais provável a se irritar primeiro seria omma. Por pouco o objeto cortante atingia o ventre de Hye. Apertei com força o pulso da mulher e assim sua mão fraquejou. Eu pude ver seus olhos serem direcionados a mim com indignação. A empurrei, fazendo-a recuar dois passos. Guardei a faca em minha cintura o mais rápido possível.

— Está ficando louco? — Tentou me acertar com um tapa, porém tudo que fiz foi segurar seu punho. Mantive a seriedade em minha expressão. Hye ainda a encarava e obviamente ainda sentia raiva da destemida Sra. Park.

— Quem endoidou foi você! — Cuspi as palavras. Eu estava perdendo a paciência com aquela situação. — Nós já conversamos sobre a vida de Hye e a do bebê. Ainda vamos discutir isso logo mais. Segure-se, ok? Eu ainda sou filho do seu marido e tenho direito de decidir boa parte das merdas que acontecem!

— Será que não percebe? Cada vez mais você se envolve com essa criatura. Ela está grávida! E com o passar do tempo até mesmo o bebê vai deixar você cego! — Franzi o cenho não entendendo aonde ela queria ir com aquele papo. — Deixe-me matá-la! — Sacudiu seu braço, soltando-se. Foi questão de segundos até um tapa ser desferido. Imaginei que Hye fosse ao chão, contudo quem se fudeu foi omma.

— Quem você vai matar aqui é essa sua falta de caráter. Nem você, nem seu filho imundo, vão tocar em mim... — A herdeira Ku estava com o rosto avermelhado. Engoli saliva não acreditando no que acabara de ocorrer. Minha mãe quase tinha batido a cabeça na mesa de centro cristalizada. Estava aos meus pés pondo a mão na bochecha, recém agredida por Hye.

— Que ousadia! — Ergueu-se do chão. Ofegava extremamente raivosa. Seus cabelos longos tinham ido ao alto e seu batom vermelho estava borrado. A mulher que me trouxe ao mundo pegou a outra pelos cabelos. As duas caíram no sofá, trocando agressões. Puxei a mais velha pelos braços e em seguida puxei Hye. — Você vai defendê-la? — Arregalou os olhos assim que pus a gestante atrás de mim e segurei-a.

— Vou. Claro, uma louca como você não deveria nem estar viva. — Preparei-me para me retirar. Hye cobria o rosto e soltava suspiros. Saí da sala com ela e a guiei pela escadaria. De longe pude ouvir os berros de minha mãe. Eu nem tinha pensado no quanto seria desagradável conviver com omma.

----

O quarto onde Hye ficaria era o quarto no corredor, a direita. Após entrarmos a pus sentada na cama de casal. Ela tirou alguns fios rebeldes da frente do seu rosto. Me agachei a sua frente, observando seus movimentos.

— Eu já não aguento ser odiada por todo mundo. — Confessou em sussurros sôfregos. — Queria pelo menos alguém nesse momento que me amasse. — Estaria ela tão frágil ao ponto de transparecer o que pensava?

— Acostume-se. — Levantei. — Minha mãe sempre irá te perturbar. E... A pessoa que te ama pode estar perto de ti a qualquer momento. — Fui-me porta a fora dizendo o fim da frase. Talvez eu estivesse me entendendo. Resolvi ir até onde supostamente minha mãe estaria... O escritório. Todavia ela não estava lá. Arrodeei a mesa e sentei na cadeira folgadamente. — Uh... Agora eu sou o dono de tudo. — Sorri fitando o teto. — E serei proprietário de muito mais. — Soltei um riso abafado.

| 20:00 PM |

Já estávamos degustando a culinária local. O jantar me agradou, estava incrível. Fazia tempos que eu não comia comida francesa. Minha infância foi boa parte vivida na Coréia, mas ainda assim eu tinha preferência pela França. Hye não tinha descido para comer. Apenas eu e minha mãe nos fizemos presentes na sala de jantar.

— Onde está aquela menina? Meio morena, cabelos ondulados...Perguntei com um francês quebrado a empregada que nos servia. Ela pensou por uns segundos, mas logo respondeu.

— Ela comeu mais cedo. Agora está no jardim, observando a torre Eiffel em cima de um banco de concreto. — Explicou calmamente. — A senhorita Ku disse que não queria comer à mesa.

— Entendi. — Umedeci os lábios. Me levantei da cadeira deixando o guardanapo sobre a mesa. Mesmo recebendo um olhar nada bom de minha mãe me retirei da sala. Fui até um janelão do hall de entrada. Hye estava a beira do lago observando o céu estrelado e iluminado da cidade. Seus cabelos com belas ondas ia ao vento. A brisa gélida atravessava seu corpo.

— Gosta daquela menina?

— Empregadas são feitas pra trabalhar, sabia? — Respondi-lhe sem ao menos olhá-la. — E não perguntar.

— Desculpe, senhor. — Seus sapatos fizeram um tac tac assim que saiu, me deixando sozinho. Abri a porta do hall para sair. Nos últimos dias Hye estava indiferente e me evitando. Aquele era o momento perfeito pra conversar.

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora