Babaca

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-- Hye --

Já era noite novamente.

Eu encarava o teto. Tentava cair no sono, mas isso se tornou impossível desde o momento em que Jimin me tratou como um ser sem importância, portou-se como um verdadeiro monstro, digno do meu ódio e ressentimento.

Jessie havia cuidado de mim, como sempre. A loira me deu palavras de apoio, que me trouxeram um alívio. A cada minuto que se passava, mais eu tinha a vontade de fugir dali. De ver minha família e nunca mais encontrar Jimin. Mas naquele momento, fugir não era uma possibilidade.

Fechei os olhos, sentindo algo quente descer pelas têmporas, lágrimas de desespero e frustração. Mas eu já estava decidida a deixar de lado a possível paixonite por Park, e seguir em frente, deixá-lo para nunca mais.

No dia seguinte...

Já era a hora de acordar para mais um belo e preguiçoso dia. Com um pouco de relutância consegui erguer meu tronco. Meus braços e costas ainda doíam, mas nem tanto quanto no dia anterior, e latejavam.

— Vamos lá, Hye! – Jessie ajudou-me a descer as escadas da beliche. Assim que pus os pés no chão, abracei-a fortemente. No início minha amiga estranhou, mas depois devolveu o ato em dobro. — Por que o abraço?

— Eu só tive vontade. – Sussurrei. Não, não havia sido apenas por isso. Jessie não tinha a mínima noção do meu sofrimento, da minha dor interna, que era mil vezes maior que a externa. Abracei-a imaginando que ali fosse minha omma, me consolando.

— Hum... – A mais velha murmurou rompendo o abraço. — Vamos, você precisa comer. – Nos dirigimos a mesa. Sentamos-nos. — Como foi a noite? Dolorida?

— Foi até dolorida, mas eu dormi bem. – Sorri de canto.

— Que bom. – Riu fraco.

-- Jimin --

— VOCÊ ENLOUQUECEU DE VEZ? – Meu pai se exaltou. Tinha rugas de raiva pelo rosto, a boca compromida e as mãos sobre a mesa.

— Eu não aguentei. – Revirei os olhos. — Ela é só uma menina.

— A HERDEIRA DA CB! – Mais uma vez elevou o tom. Meu appa bufou. — Escute... você pode fazer o que bem entender com ela, mas não a mate. Poderemos usá-la a nosso favor futuramente, então não a mate.

— Está bem. – Levantei da cadeira onde eu estava. — Eu não vou matá-la.

— Como está Elisa? – Indagou também erguendo-se de sua cadeira.

— Bem. A bastarda está bem. – Cruzei os braços. Elisa era filha de uma das empregadas que eu havia estuprado tempos antes, mas eu não gostava dela, mesmo a menina tendo meu sangue e ser minha sucessora.

— Que ótimo, minha neta merece ser feliz mesmo tendo um pai vagabundo como você. – Pegou sua maleta. — Estou de saída.

Dei espaço para o mais velho sair, ele passou por mim e se foi.

Babaca. – Bufei uma risada.

-- Hye --

13:45 PM

Agora eu fazia minhas lições com Namjoon, ele era realmente um bom professor. Muito paciente.

— Diga-me, quem foi Park Chung-hee? – Namjoon lia em um livro, passou o olhar diretamente para mim.

— É... Eu não sei... – Soltei uma risada nervosa, e abaixei a cabeça.

— Sério? – Arqueou uma sobrancelha. — Ele foi um dos homens mais importantes na história da Coréia, e você não sabe quem é ele?

— Não.

Jessie, que estava mexendo no celular, começou a rir sem parar.

— Eu não estou com cabeça para aprender, me desculpe.

— Tudo bem. Eu direi a Yoongi que hoje você não vai pra aula. – Apenas concordei. — Até. – Sorriu mostrando suas covinhas encantadoras.

Namjoon retirou-se.

— Seu braço ainda dói muito? – A de olhos verdes tocou-me no ombro.

— Sim, mas eu melhoro logo.

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O harém estava cheio de dança e animação, e eu isolada.

Alguns senhores – nojentos – analisavam as moças, para depois domá-las e levá-las para a cama.

Eu estava sentada em uma mesa redonda que tinha em um canto, um tanto longe da caixa de som. O cheiro de álcool me dava ânsia de vômito. Odeio bebidas alcoólicas.

— E aí gatinha? – O rapaz sentou-de ao meu lado. — Lembra de mim? Sou o Sehun. – Bebericou a bebida alcoólica que tinha em mãos.

— Legal. – Virei o rosto.

— Vamos para um lugar menos barulhento? – Pegou meu queixo e virou minha cabeça, me forçando a olhá-lo.

— Não, obrigada. – Sentei em outra cadeira mais afastada.

— Qual é? Só pra conversarmos. – Chegou mais perto de mim.

— Já disse que não.

Soltou um riso desnorteado, estava completamente inibido. Mal conseguia manter-se ereto.

Puxou-me para levantar-me.

— Vamos dançar!! – Começou a fazer uma dança estranha. Sehun movimentava o quadril e me puxava para si pela cintura.

— Ah meu Deus, o que eu faço? – Sussurrei escondendo o rosto entre as mãos, constrangida.

— Vamos, dance! – Tirou minhas mãos do meu rosto. Sorria. Mesmo na situação patética, isso foi engraçado.

-- Jimin --

Entrei no harém assobiando. Algumas belezinhas me encaravam sorridentes e sensuais. Mordi o lábio ao ver uma flertando para mim.

Porém meu olhar foi direcionado para dois seres, aos risos e olhares desengonçados. Hye e o vagabundo do Sehun dançavam animadamente, meu sorriso se desfez ao vê-lo segurá-la pela cintura com firmeza e possessividade.

Quando eu escolho algo pra ser meu, nada mais pode apossar-se dele.

— Qual é a sua? – Empurrei-o para longe dela. — Ela é MINHA!

— Sua? – Riu debochando.

— Aish! – Bufei. Olhei para Hye, ela estava tentando fugir. Puxei-a pelo braço, mesmo machucando-a mais. — Você vem comigo! – Vi seus olhos inundarem-se e derramarem gotas, eu via todo o medo ali, naqueles olhos cor de mel. — Agora!

— Nada disso. – Sehun puxou-a. 

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora