Prólogo

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Estava tudo muito escuro. Não que eu tenha medo da escuridão, mas tenho medo do lugar onde eu estava.

O cheiro de podre insuportável enchia meus pulmões. Eu até criava dentro da minha cansada mente diversas possibilidades para o motivo daquele odor.

O chão era gélido e com o tato consegui definir que também era sujo. Muitas vezes eu sentia a presença de outra pessoa, bem ao meu lado.

Havia vozes tagarelando a todo momento, elas eram masculinas. Por que eu sentia medo daquelas vozes?

Meu corpo estava encolhido, eu abraçava meus joelhos e tentava não lembrar do que havia acontecido horas antes. Cogitava manter a calma e não chorar, mas tornou-se inevitável.

Também era impossível não lembrar do que tinha ocorrido...

A sacolinha com salgadinhos era tudo que eu carregava na mão destra. Aquela viela mal iluminada era a única maneira de chegar em casa mais rápido e não levar bronca.

O barulho dos meus tênis era o único som presente lá. Eram passos velozes e loucos para chegar em seu destino.

Até que de uma hora pra outra, eu escutei o som de berros. Eram gritos apavorados e pedindo por socorro.

- NÃO! SOCORRO! SOCORRO! - Deduzi ser uma mulher aos gritos.

Andei mais um pouco a frente e deparei-me com uma cena horrível.

Cinco homens estavam torturando uma moça incrivelmente linda. Estavam perto de uma van de cor cinza, e bem na esquina do outro lado da rua.

Batiam sem dó nela, alguns até se gabavam e gargalhavam da situação.

Até que um dos caras tirou de seu bolso um revólver. Tudo que eu pude fazer foi: nada. Fiquei estática, chorando e gritando por dentro.

O homem atirou, e barulho foi tão alto, que meus ouvidos até doeram.

Quando percebi que a situação iria complicar caso eu não saísse dali, girei o calcanhar e dei o primeiro passo para correr, porém...

- Ei garota do cabelo ondulado! - Uma voz grossa gritou. - Mais um passo e eu atiro nas suas costas.

Virei-me. - Por favor, não me mate! - Levantei os braços, em rendimento, e deixei que as sacolas fossem ao chão.

- Shiu... - Andou até a mim. - Devo matá-la, Jimin?

Meus olhos já lacrimejavam. Sim, eu tinha e tenho medo da morte.

- Não. - Um rapaz apareceu ao lado do cara de voz grossa. - Ela vai ser um bom proveito durante esse tempo sem a Yona. - Sorriu mordendo o lábio inferior e me olhando de um jeito nojento, cheio de luxúria.

- Ok. Vamos levá-la.

Agora eu não tinha saída.

Minha única maneira de amenizar a dor e o medo era chorando.

Até que a porta abriu-se. Uma luz intensa e branca iluminou o local, e entre toda aquela luminosidade, uma silhueta de físico forte surgiu.

Não, isso não é um anjo.

É o diabo em pessoa.

Ele parou bem na minha frente, rindo de canto, sua risada era fraca.

- Está gostando de passar um tempo aqui? - Indagou.

Foi então que eu percebi.

A presença ao meu lado era aquela mulher, a que estava sendo torturada um tempo antes. Estava roxa e toda machucada. Uma poça de sangue se formava ao redor dela e chegava a me sujar. Horrorizada tomei distância.

Era um quarto cheio de corpos mortos, molestados e alguns até mesmo em estado de decomposição.

- Vamos. - Ele me puxou pelo braço abruptamente, obrigando-me a ficar de pé. - Bem-vinda, escrava.


Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora