Emaranhado

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-- Writer --

Ela soltou um suspiro. Braços a acolheram por trás, a abraçando forte. De algum modo ou outro, ela se sentiu bem, ali, juntinha a ele. A correria e adrenalina da fuga já tinham passado, e agora era o momento de descanso e reflexão. Os jovens estavam enfileirados em um tronco grosso de uma árvore. Jimin abraçava Hye por trás, tentando mantê-la aquecida. Na verdade, cada um tentava acolher o outro com sua temperatura corporal. Por um momento tudo ficou em silêncio, sendo que os únicos sons eram das respirações pesadas dos cinco sujeitos, e das folhas sendo amassadas pelos tais abaixo deles. Os bandidos armados olhavam para cada canto, menos para cima.

Mesmo que olhassem para cima, os galhos tortos e cheios de folhas – obviamente – não permitiam que os fugitivos fossem detectados. Alguns minutos tensos se passaram, e Hye manteve os olhos fechados, agarrando o braço de Park com medo. Um maldito temor de que os desconhecidos, que estavam no solo, os achassem. Tremia e seus dentes chegavam a ranger, era um nervosismo quase implacável.

— Fique calma, eu estou aqui. — Jimin sussurrou acalmando-a. — Shh... — Abraçou-a mais forte ainda.

Era um confuso emaranhado de pensamentos negativos que poluíam a mente de Hye. Ela só conseguia lembrar da voz sôfrega de seu pai, e daquele número que ele tinha dito um tempo antes pelo telefone. O braço de Jimin ficou sujo, com o sangue que pingava do ferimento que Hye tinha na testa. Ela tombou a cabeça para trás, encostando-a no peitoral do menino. Deixou o cansaço lhe vencer, e assim relaxou. Jimin olhou rapidamente para baixo, a altura era tanta, que ele não conseguia ver claramente o rosto de cada criminoso, mas pôde notar que eram uma ameaça, já que estavam com armas potentes e pareciam irritados por não conseguirem encontrar algo.

— Hyung... — Jungkook, que estava atrás de Jimin, falou baixinho. — Eu acho que eles estão atrás de nós.

— Você acha?! — O loiro soltou uma risada quase inaudível. — Eu tenho certeza. Faz silêncio, vai acordar ela. — Pousou sua mão sobre o rosto sereno da menina e encostou sua testa no ombro dela, tentando recuperar o fôlego, que ainda lhe faltava após a corrida. Jungkook manteve sua quietude, assim como os outros. Aquela manhã estava um pouco mais ventosa, as folhas estavam se movendo com mais agressividade, algumas caíam sobre os indivíduos. O sopro do vento chocou-se contra o rosto de Hye, e por um momento ela esticou os lábios, sorrindo sem mostrar os dentes. Mas que belo riso, que não durou muito.

— Eles já foram. — Sehun, que era o último da fileira, comentou.

— Vamos descansar mais um pouco, depois descemos. — Jimin aconselhou aos outros. Hye se remexeu um pouco, estava desconfortável. A madeira, dura, parecia que estava deixando as nádegas dela achatadas. Jimin então, rodeou a cintura de Hye, deixando os braços da gestante livres.

— Precisamos voltar pra cidade, não estamos muito longe de lá. — Ela disse em breves cochichos. — Acho que estamos próximos de Busan. — Eles estavam na zona sul de Seul, na direção da cidade de Busan. — Ah... — Arfou sentindo sua testa arder.

— Shh... Faz silêncio. — Jimin aquietou a moça também falando baixo.

Não muito longe dali, Sr. Chaong, o motorista, tentava sair do carro, que estava pegando fogo. Ele tampou suas narinas com seu paletó e abriu a porta do carro, se jogando para fora o quão rápido pôde. Tossiu algumas vezes enquanto se erguia do chão, o carro estava espirrando brasas para todo lado, o que fez o homem se afastar. Ele correu em direção a estrada, enfrentando a ladeira com vegetação traiçoeira. Ele tinha a certeza de que iria encontrar uma boa pessoa que pudesse acionar a polícia, e a ambulância. Ele até estranhou o fato de que Hye não estava no carro, mas teve a inusitada ideia de que ela tivera saído antes dele.

Caminhando como um pedaço de trapo velho, de tão sujo, o homem — que tinha por volta dos cinquenta anos — balançava seu braço, enquanto tinha uma irritante tosse, para chamar a atenção dos veículos que passavam na estrada. Muitos passavam reto e nem se davam o trabalho de saber o porquê de ter um senhor de cabeça grisalha estar andando meio desajeitado no acostamento. Sr. Chaong ficou muito frustrado, pois nenhum condutor lhe dava atenção e o digno respeito.

Ele começou a chorar, perdendo as esperanças. Mas minutos depois um caminhoneiro de boa índole estacionou, abaixando o vidro e chamando pelo homem, que tinha ferimentos e uma queimadura na perna, com paciência.

— Senhor, houve um acidente aqui perto, poderia ligar para a ambulância, pois a tragédia foi grave? — Sr. Chaong interrogou franzindo o rosto e olhando para o sujeito que havia parado.

— Posso, sim. — Pegou seu telefone e discou a chamada de emergência. Em poucos minutos ele já informava o local do ocorrido aos atendentes. — Obriga... — Ele nem terminou o agradecimento, pois caras armados cercaram o caminhão. O caminhoneiro foi forçado a sair do veículo, e Sr. Chaong foi imobilizado. Em menos de cinco minutos, os criminosos já cantavam pneu pela estrada com o caminhão roubado. — MEU CAMINHÃO! DESGRAÇADOS! — O dono do transporte furtado corria na pista, berrando. — VÃO TUDO TOMAR NO CU!!! — Caiu no acostamento chorando e lamentando.

— Eu sinto muito. — Sr. Chaong comprimiu a boca, balançando a cabeça negativamente. — O caminhão era bonito. — Olhou para o horizonte, vendo o tal já sumir do seu campo de visão.

— MEU CAMINHÃO! — Era até estúpido um homem chorar por bens materiais, mas o fato era que: ele não teria como voltar para casa e o caminhão tinha sido caro demais. — Ah! Velho idiota! Eu não deveria ter te ajudado! — Levantou revoltado.

— E que culpa tenho disso?

— VÁ DÁ SEU RABO! — Passou pelo mais velho dando o dedo do meio. Foi andando pelo acostamento chorando feito um bebê. Ele também tinha a esperança de que alguém o oferecesse carona, mas tinha medo de ser assaltado e perder as vestes e até mesmo seu celular, recém comprado.

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora