Rejeição

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-- Hye --

Carinhos sutis foram depositados sobre meus cabelos. Inspirei seu perfume inebriante. Eu não conseguia segurar as lágrimas, foi irrevogável não chorar. Aquele corpo tão quente, que estava se tornando meu único refúgio, pertencia ao pior dos seres. Meu querido primo merecia rejeição. Mas nossos corpos transmitiam sensações, ambos estávamos cativados e envolvidos naquele abraço. Solucei e Jimin me apertou, nos enrolando mais ainda com o cobertor. Aquilo pra mim era tão errado. Tão sujo. Mas o maldito conseguiu por míseros segundos me deixar cega, surda e muda. Como se agora, seu abraço fosse meu porto seguro. Onde eu encontrava paz.

— Eu queria tanto te entender. — Confessei em voz baixa.

— Você não sabe o quanto eu também queria me entender. — Sua mão pousou sobre a minha, que estava em seu peitoral. — Eu pensei que... Você só seria mais uma garota, para me satisfazer. Desde o princípio eu notei que algo você tinha em comum comigo, eu só não imaginava que fosse nosso sangue. — Sussurrou. — Eu confesso, não te odiava antes de saber que somos primos. Criei sentimentos. Porém tudo desmoronou no momento em que fomos apresentados finalmente, como primos. Inimigos. — A última palavra me fez subitamente me afastar. Ergui meu tronco, limpando meu rosto. Jimin ligou a luz do abajur, iluminando o quarto um pouco mais. — O que foi?

— Só agora eu fui perceber... — Pus os pés no chão gelado, sustentando meu corpo seguidamente. — Que estava abraçando quem eu mais odeio. — O conteúdo salgado estava sendo expelido sem permissão. Doía, era doloroso demais lembrar do passado. Pus as mãos no rosto, soluçando de forma violenta. Eu não sabia o que fazer, muito menos o que pensar. Só queria chorar. Era tudo que minha mente dizia.

— Hye... — Meus calcanhares foram girados. — Não chore. — Me puxou, chocando-nos. Fui tomada por seus braços, eu estava de volta ao conforto. Novamente em contato com ele. — Não sei de onde eu tirei isso, mas tive vontade de te abraçar. — Ele não disse mais nada. Contudo eu senti que aquele abraço pôde ser capaz de expressar e me consolar muito mais que palavras. Aquela foi a primeira vez em que Jimin me consolou, no escuro, em uma tarde nublada, e que se tornou um dos dias mais inesquecíveis.

— Ordinário! — Soltei a ofensa aos prantos, dando um leve soco em seu ombro. Entretanto ele continuou me abraçando, não me soltou.

— Eu não sei o que está acontecendo comigo. — Escutei um soluço baixinho. — Você mudou a minha vida, mas não foi pra melhor. — Ele tirou as palavras da minha boca. — Como pôde, garota? Como pôde? — Fungou. Céus! Ele estava chorando. Diante daquilo eu não tinha reação. — Aishh...

-- Writer --

O dia tinha sido cansativo para Yoongi. Depois de dar mais um treinamento para Popó — o cachorro de Elisa, que agora fazia parte da turma de farejadores da CB —, participou de mais uma missão no norte da cidade. Combateu traficantes da região. Agora ele estava longe do trabalho, e indo ao hospital. Iria visitar sua amada. Seu rosto já estava avermelhado, de tanta emoção. Depois de tanto tempo e muita dor, ele poderia falar com ela. A garota tinha ficado um bom tempo em coma.

Quando Suga chegou bem perto dela, observou seu rosto sereno e pode tocar-lhe, a tristeza tomou sua expressão. Ela abriu os olhos, tendo a certeza de que aquele cheiro era da pessoa mais rabugenta que já conhecera em sua vida.

— Yoongi?! — Sorriu não esperando mais nenhum segundo para abraça-lo. Ele afagou seus cabelos pretos, inalando o gostoso perfume dela. — Como eu senti sua falta! — Não se importou com os tubos em suas veias, não deu atenção a nada, somente a ele. Assim que se separaram, sorriram satisfeitos. Min não se aguentou, teve que beijá-la. Era tanta inquietação dentro dele, uma ferida que aos poucos sarava conforme ele ia matando a saudade dos lábios da morena.

— Finalmente, comigo. Nada mais nos separa agora. — Sua voz grave vacilou por um instante antes de mais um abraço apertado ser dado. 

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora