Psicóloga

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-- Hye --

Fiquei pensando e fazendo teorias para saber quem teria motivos para mandar aquela carta, que por sinal, me deixou com medo. Talvez fossem bandidos que quisessem vingar Jimin e seu pai. Eram muitas possibilidades, mas quase nenhuma me convencia.

Deixei o papel em cima do criado mudo e tirei a bandeja do me colo, a pondo em cima da cama em seguida. Resolvi então, começar meu dia de vez. Afinal, eu tinha estudos e várias coisas a fazer. Dirigi passos lentos até o banheiro. Quem sabe eu pensasse e desvendasse o mistério da carta durante o banho? Não custava tentar.

Quando a água gelada entrou em contato com o meu corpo, eu estremeci por conta do frio. Refleti sobre as palavras escritas na carta, as inicias "P.C.H" não me eram familiares. Pensei em mostrar a carta para meus pais, mas depois também pensei na possibilidade de ser um trote. No final das contas, quando eu já saía do banheiro, não tomei nenhuma conclusão.

Naquele dia era bem provável que eu ficasse sozinha em casa. Hyon estava na escola pela manhã, omma estava com toda certeza na empresa com meu appa, e Chanyeol enfurnado no escritório. Eu me sentia só muita vezes, mas pelo menos eu tinha consulta na psicóloga ás nove da manhã, e não iria ficar no tédio.

Vesti uma calça jeans escura e meu moletom negro, acho que assim eu aparentava estar mais magra e minha barriga não ficava tão notável. Estava ficando complicado esconder minha gravidez. Eu contava os dias, os minutos, e os segundos para o dia da cerimônia chegar. Mas parecia eterna a espera pelo grande dia. Após eu terminar de me vestir, apenas escovei meus dentes e fiz uma maquiagem básica, para esconder as olheiras de preocupação. Eu estava agora já pronta para sair. Não podia perder a consulta.

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Entrei na sala da Dra. Collins. Ela era uma mulher muito gentil, acho que a melhor psicóloga que já conheci. Eu trazia a carta em mãos, para desabafar com ela, como de costume ela me acompanhava e tentava me entender.

— Bom dia. — Sentei na cadeira em frente a ela. A mulher sorriu.

— Bom dia, Hye. — Movia sua caneta entre os dedos. — O que há dentro desse envelope?

— Ah, isso eu lhe mostro depois. Eu só quero desabafar na consulta de hoje. Contar-te as coisas que eu não pude dizer há tempos. — Ela concordou com um aceno. Fez um gesto para que eu prosseguisse. — Eu... Como a senhora sabe, fui sequestrada mês passado, e então, sofri diversas coisas. Fui espancada, sofri judiação, e... Acabei sendo violentada. — Eu segurava o choro. — Após ser abusada... — Fiz uma mínima pausa. — Descobri uma gravidez. — Ela arregalou os olhos. — E agora escondo isso de todos, menos da senhora, claro. Não sei o que faço.

— Por que esconde algo tão sério? — Interpelou diminuindo o espaço entre as sobrancelhas. — Isso não é certo.

— Eu sei, Sra. Collins, mas eu penso em dizer que o bebê é do meu noivo e não do estuprador.

— Hye, você não vai conseguir esconder essa gravidez por muito tempo. — Pegou em minha mão, que estava trêmula. — Quantos meses o bebê tem?

— Ele está perto dos três meses. — Contei. — Na verdade, acho que já tem três meses. Eu nem sei.

— Hye. O melhor a se fazer é contar aos seus pais. Querendo ou não irão descobrir, então conte.

— Mas...

— Você foi sexualmente abusada, acha que vão te julgar por isso? Não. Sua família vai te apoiar, eles vão entender de onde surgiu esse bebê. Seu noivo com certeza é alguém de boa índole, e vai compreender.

— Acontece que o estuprador é meu primo. — Deixei as lágrimas virem. — E eu não quero que meus pais saibam que eu terei um filho do meu primo.

— Escute. O fato do pai ser seu primo, não muda praticamente nada. Entenda que, você tem todo direito de abortar essa criança, mas tem outra, a decisão é sua. Se quer ter a criança, se dê o trabalho de contar á sua família, não fique escondendo, sabendo que mais cedo ou mais tarde, irão saber.

— Eu não tenho coragem.

— Faça isso, antes que seja tarde demais. — Arqueou as sobrancelhas. — Conte pelo bebê, por você e pela família. Não hesite em contar! Só vá!

Fiquei uns minutos pensando. Certamente minha barriga cresceria muito mais dali para frente, e todos iriam desconfiar de mim. Conhecendo Chanyeol como eu conhecia, talvez ele aceitasse. Eu iria na fé.

— Tudo bem, doutora. Irei contar. — Fitei-a suspirando. Ela sorriu. Eu olhei para o envelope e em seguida olhei para ela. — E eu recebi esta carta hoje. Olhe.

Passei o papel para ela, e Sra. Collins começou a ler. Ela arregalou ainda mais suas orbes azuis.

— Hye. Você corre risco de morte. Meu Deus! Mostre isso o mais rápido possível para seus pais! — Levantou da cadeira, e consequentemente eu fiz o mesmo. A mais velha me deu a carta novamente. — Vá logo! E conte aos seus pais! — Franzi o cenho.

Não entendendo nada, saí do consultório correndo. Uma coisa ruim estava a me atazanar. Cada vez que eu chegava perto do carro do motorista, mais a coisa ruim me consumia.

— Por que eu estou tendo um dolorido pressentimento ruim? Há algo de errado. — Eu pensei.

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora