Convencido

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-- Hye --

Uma louca! Aquela menina era uma doente mental. Veio me acusando. Chegou ao ponto de avançar em mim. Era um pouco menor que eu e parecia muito mais nova, porém mesmo assim me enfrentou entre dentes. Pelo que percebi, sentia ciúmes de Jimin. Eles tinham algum caso? Cada vez mais as coisas se tornavam mais confusas. Me empurrou, e fomos ao chão, depois de um certo tempo de discussão. Me deu tapas. Ela nem se importou se estava machucando meu quadril ou não. As bofetadas estavam se tornando fortes demais. Gritei de dor. A menina era pesada, eu não aguentaria por muito tempo seu peso. Revidei alguns golpes. Ela começou a puxar meu cabelo.

— Que porra é essa? — A voz de Jimin me fez parar de gritar, ele tirou a garota de cima de mim. Quando dei por mim, ela já era jogada no chão. — Quem você pensa que é pra bater nela? — Me recompus, ajeitando meu cabelo.

— Ela está dando em cima de você, oppa! — O tom manhoso e no mínimo enjoado da menina me deu ânsia. Se levantou, ficando de frente para o loiro. — Não admito que uma vadia como ela fique com você! — Cogitou um abraço, contudo Jimin a empurrou. — Oppa! — Berrou. — Você é meu homem! Não dela! — Fez um bico torto. Me levantei. Meu sangue fervia, eu ainda iria fazer a vagabunda me pagar. Segurei seu braço e a virei, brutalmente. Desferi um golpe em sua bochecha. Ela gemeu quase caindo em cima do criado mudo. Empurrei-a fortemente.

— Seu homem, é o caralho! — Eu não iria mais sujar minhas mãos com uma mal educada com ela. — Some daqui. Ou vou te fazer rodar o pescoço! — Ela começou a chorar, murmurando "oppa". Jimin pôs as mãos no quadril, encarando o teto e bufando. — Faz alguma coisa! — Chamei sua atenção.

— O que quer que eu faça? — Sorriu, transparecendo sarcasmo. A menina passou por nós, indo até a porta. Após sair, bateu a madeira com tanta força, que achei que a casa iria ceder. — Hmm... "Seu homem, é o caralho."! — Imitou-me, afinando a voz. — Ficou com ciúmes, Hye?

— Cala boca! — Franzi o rosto, ainda enraivecida. — Juro que se aquela vadia me azucrinar com ciúmes, eu acabo com ela! — Eu estava blefando. Na verdade, poderia facilmente dar uma lição nela. Mas preferia que Jimin fizesse algo, afinal ele mandava naquela casa. Park riu se jogando na cama, recém arrumada. — Há algo engraçado? — Cruzei os braços, encarando seu corpo relaxado sobre o colchão.

— Eu gostei de ver você se defendendo. — Fitava o teto, risonho. — Ficou... Mais... Bonita. — Umedeceu os lábios e passou ligeiramente o olhar sobre mim. — Mas me diga... — Ergueu seu tronco. — Sentiu ciúme?

— Aishh... Jimin! Acha mesmo que eu teria ciúmes de você? — Estalei a língua no céu da boca. — Convencido! — Chequei o curativo. Estava intacto. Suspirei aliviada. — Hey... Quero dormir! — O loiro se deitou novamente, me dando espaço naquela vez. Ele ainda sorria. Iludido, pensava que eu sentia ciúmes. Dai-me paciência. Descansei pelo resto da tarde, confortavelmente.

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No dia seguinte...

| 9:58 AM |

Cheguei na sala de jantar. Sra. Go me obrigou a ir tomar café da manhã com Jimin. Ela disse que ficar enfurnada no quarto não faz bem pra saúde. Não acreditei nela, mas para não ser mais azucrinada, prefiri seguir com suas recomendações. Sente à mesa, mas não troquei nenhuma palavra com ele. A empregada que tinha me dado tapas no dia anterior estava servindo.

— Yin-Mi! — Jimin chamou a atenção da menina que nos servia. — Hoje eu quero ter uma conversa com você. — Tinha uma cara de safado. A menina sorriu, me encarando.

— Claro, meu amor! — Passou por mim, esboçando risadinhas atrevidas.

"Claro, meu amor!" — Fiz uma voz aguda, fazendo garatujas. Park gargalhou, tombando a cabeça para trás. Minha vontade era de enforcar a empregada e ele. — Já não suporto ela. Eu deveria ter ficado no quarto, pra não encontrar aquela galinha de novo.

— Hye, tudo isso é porque ela me chamou de "amor"? — Arqueou as sobrancelhas, passando a língua na região interna de sua bochecha.

— Não! — Revirei os olhos. — Ela me bateu. Acha que vou tratá-la bem depois do que aconteceu?!

— Hmm... — Murmurou, voltando a comer. O kimbap estava uma delícia, meu prato favorito. Jimin já estava devorando sua tigela de kimchi. — Eu só vou despedi-la. Não é nada do que está pensando. Além do mais, entre ela e você... — Fez uma pequena pausa. — Eu escolheria você. Porque Yin é fresca.

— Entendi. Como se isso fosse relevante. — Suspirei, sem interesse algum no que ele dizia.

— Sabe falar francês? — Indagou.

— Não. — Respondi. — Por quê?

— Você vai ter aulas particulares. Sei que vai terminar o ensino médio ainda esse ano, então não vou perder meu tempo te matriculando em uma escola. — Explicou. — Ao menos saiba inglês, porque será com essa língua que irá se comunicar com o professor.

— Ok. — Murmurei. Eu nunca tinha visitado a França. Confesso que estava ansiosa, mas logo eu me lembrei que possivelmente ficaria presa, então não levei adiante minha ilusão. — Jimin... — Ele me encarou. — E o bebê?

— Não se preocupe com essa parte. Cuidarei de tudo. Você vai ter o acompanhamento necessário.

— Você vai dar seu sobrenome...

— Não. Eu não vou. — Interrompeu. — Quer dizer... Eu ainda não sei. — Pareceu confuso. Resolvi cessar o papo por ali mesmo. Evitar discussões era o melhor, além de agressões. Depois de comer, deixei-o sozinho e fui para o quarto. Eu não me aguentei, tive que dormir mais. Me sentia um pouco fraca, depois de tanta coisa acontecendo no dia anterior... Minhas energias se foram. Antes de me deitar, deixei as cortinas bem fechadas. Sempre gostei de me aconchegar no escurinho.

"Decore este número: 7893446-3 Só... Guarde ele!"

A voz do meu amado pai me pegou de surpresa. Aquela numeração rondou minha mente por uns segundos. Tive vontade de chorar, espernear... Sempre que eu me lembrava do meu pai uma dor ressurgia para me incomodar. Troquei de posição, abraçando algo com força. Pressionei aquilo contra mim, buscando calor, procurando por paz e conforto. Eu queria que alguém me desse carinho, pudesse me consolar com as mais belas palavras. Aquele cheiro familiar pareceu me desnortear.

— Appa... — Falei baixinho.

— Eu não sou seu pai, Hye. — Jimin murmurou. Ele acariciou algumas de minhas mechas onduladas.

— Posso fingir que você é ele? — O peito dele subiu e desceu com mais intensidade, o rapaz tinha soltado um longo suspiro. — Hm? — Funguei.

— Pode. — Me apertou de leve.

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora