Elisa

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-- Chanyeol --

Com um aperto no peito deixei o prédio da CB. Seria uma longa trajetória difícil pela frente. Resolvi então ir a um lugar muito especial. O parque da luz, onde eu e Hye havíamos passeado um tempo antes, quando nos conhecemos. Durante a manhã ou tarde ele era pouco movimentado, já que a maioria das pessoas estavam ocupadas com o trabalho e as crianças estudando. Mas alguns idosos enfermos ou que moravam em um asilo, que tinha perto do parque, estavam por lá. Observei o céu azul um pouco escuro e lembrei das conversas que Hye teve comigo no local. Lembrei-me de sua risada, e da beleza que Hye carregava, mas não a fisionomia, a personalidade de Hye a fazia mil vezes mais bonita. Até hoje admiro a capacidade que aquela tão linda garota tinha para me fazer sorrir ou gargalhar.

— Hey senhor! Deseja um biscoitinho da sorte? — Uma menina bem pequena, acho que da mesma idade que Hyon, me barrou parando bem na minha frente. Tinha uma bandeja artesanal cheia de biscoitos em mãos. Apesar de não acreditar em sorte, eu peguei um. Tirei de meu bolso mil e quinhentos wons e estendi. — Não, não senhor. Estou fazendo um trabalho da escola, não é pra vender, é só pra fazer alguém ser feliz. — Sorriu. A menina era graciosa até no sotaque. Tinha um coreano muito bem pronunciado pra idade dela. Ela tinha a pele morena, os cabelos longos e soltos sobre seus ombros, os olhos castanhos claros e trajava um uniforme escolar. Deixei o dinheiro em meu bolso novamente, enquanto sorria. Me agachei para discernir a beleza da garotinha.

— Como se chama? — Indaguei.

Elisa. Mas pode me chamar de Mochi. É assim que minhas unnies da escola me chamam. — Riu fraco. — Pode abrir o biscoito. — Assim que ela disse isso, atendi seu pedido. Li o que havia escrito. Era uma frase que tinha chegado no momento certo.

A dor de perder alguém só é aumentada quando não te dão o direito de saber o porquê. — Li em meus pensamentos. — Obrigado pelo biscoito. — Passei a mão em suas madeixas. — Tenho certeza que vai tirar um dez no seu trabalho. Boa sorte!

— E tenho certeza que você vai superar tudo de ruim. — Fiquei encantado com a simpatia da pequena Elisa. — Tchau!

— Até mais! — Acenei e ela girou os calcanhares, indo embora. — Que coisa mais fofa! — Sorri me erguendo e ficando de pé.

— Olha unnie! Eu consegui fazer alguém sorrir! — Elisa estava um pouco mais distante, mas pude ouvi-la dizer animadamente para uma mulher, que supus ser a professora. — Eba! — Deu pulinhos de felicidade. — Uuuh!

Fui embora do parque com uma luz no coração. E levado comigo, em minhas lembranças, o dia em que conheci aquela menininha.

— Sinto sua falta. — Sussurrei quando vi o rosto de Hye estampado em um cartaz enorme, que já estava sendo retirado do alto de uma construção. — Eu poderia ter dito que te amava... Mas não deu tempo. — Antes do choro vir a tona, entrei no carro ligeiramente. Suspirei, choroso.

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| 11:28 PM |

O almoço estava silencioso. Claro, estávamos de luto. Sra. Ku tinha o rosto inchado. Ela provavelmente tinha aproveitado que Hyon não estava em casa, para chorar e lamentar. Não éramos tão íntimos, logo não tivemos contato visual ou tampouco nos falamos. Mas era desconfortável, pois eu não sabia como me comportar, perguntar algo a ela... Parecia que tínhamos acabado de nos conhecer.

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— Já souberam pelo menos algo sobre o assassino? — Ela perguntou, após o almoço. Nos encontrávamos na sala, saindo do corredor.

— Não muito. Mas encontraram uma carta entre os escombros. Nela tinha uma ameaça... Mas não sabemos de quem são as inicias P.C.H que tem no final do bilhete. — Informei-a.

— Espero que tudo isso se resolva e o responsável apodreça na cadeia ou seja deportado. — Tinha uma porcentagem de raiva no tom de voz da mulher. — Pode ir buscar Hyon na escola? Não quero que ele me veja com o rosto assim. — Ditou.

— Posso ir. — Sorri sem mostrar o dentes. Ela se direcionou até a escadaria, e me deixou na sala. Peguei a chave do carro, em cima da mesa de centro, e retirei-me. Hyon estava estudando em tempo integral agora, ficava quase o dia inteiro na escola, e eu sempre tinha que o colocar pra dormir após chegarmos em casa. Apesar de eu estar muito cansado, iria fazer isso.

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora