Viver

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-- Hye --

Dei um longo suspiro. Eu me sentia tão sobrecarregada, com tantas informações e acontecimentos ao meseu estava muito confusa. Eu nem sabia por onde começar, para continuar a viver minha vida normalmente, longe do Jimin.

Além de tudo, minha mente tinha muitas dúvidas. Eu me perguntava o porquê de meus pais nunca terem dito que eu era herdeira da CB. Inqueria a mim mesma, se Jimin estava vivo.

— Depois conversamos, ok? — Yoongi pegou em meu ombro direito. — Há muita coisa a ser esclarecida, mas agora o importante é você voltar pra casa. — Sorriu sem mostrar os dentes.

— Tudo bem. — Assenti.

Abri a porta do carro e entrei. Elisa se ajeitou no banco, ainda emburrada. Pus uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha, sorrindo. A expressão da criança era tão cômica. Yoongi entrou também, e pôs sua arma no chão do carro. Eu até estranhava o ver daquela maneira, com o uniforme da CB.

— Você vai voltar a viver, livre, Hye. — Yoongi me encarou sorrindo. Fitei-o com os olhos cheios de lágrimas. Eu estava muito ansiosa para rever meus pais e meu irmãozinho. Era muita emoção e alívio.

— Finalmente. — Murmurei.

Mais dois homens mascarados entraram no carro, ambos nos bancos da frente, e assim partimos. Eu nem sequer olhei pela última vez para aquela mansão, eu queria esquecer aquele lugar, onde eu havia vivido tanta coisa ruim e dolorosa. Onde eu havia conhecido a fome, o frio, dores e o sofrimento como nunca antes.

Durante o caminho, Elisa cochilou pondo sua cabeça apoiada em meu braço. Yoongi falou, boa parte do trajeto, em seu telemóvel. Uma conversa que eu não tive a paciência para entender.

Meu sorriso mal cabia em meu rosto. Eu mal podia acreditar que estava prestes a voltar para minha casa e para minha tão amada família. Apreciar a voz doce de minha omma, escutar as broncas de meu appa, e ouvir os gritos manhosos de meu irmão, depois de quase três meses, era o que eu tanto aguardava dentro daquele carro.

Entre tantos pensamentos ansiosos, lá estava ele. Meu primo, Jimin. O amor que um dia eu havia sentido por ele, se é que podemos dizer que era amor, estava reprimido, encolhido. Não importava o quanto eu o amasse, a minha vontade de viver longe dele era bem maior. Aquele ser me tratava de formas desumanas, não tinha piedade, e nem um pingo de dignidade. Era difícil esquecer dos momentos amargos e desesperadores que eu tinha passado junto a Jimin, mas eu tinha a esperança de que um dia, aquele ogro estaria completamente esquecido.

Balancei minha cabeça tirando aqueles pensamentos, que só me traziam tristeza. Lembranças que eu tinha a maior vontade de arrancar da minha memória, pois eram dolorosas demais para mim. Olhei para o rosto da pequena ao meu lado. Elisa era um incentivo enorme, ela era uma das razões pelas quais eu iria enfrentar meus pais. Aquela menina ficaria comigo, mesmo que appa ou omma não aceitassem, pelo menos eu esperava.

-- Writer --

De Ulsan até Seul demoraria mais de duas horas. Foi uma viagem cansativa e obviamente muito tediosa, mas não para Elisa, que havia dormido durante todo o tempo, diferente de Hye, que ficou antenada nos borrões que passavam diante de seus olhos.

— Estamos chegando... — Suga, que havia acabado de acordar do breve cochilo, avisou com a voz sonolenta.

— Hey... — Hye cutucou a bochecha rosada de Elisa. — Acorde!

Os bracinhos da menina rodearam a cintura de sua unnie. Ela resmungou algo ininteligível e sussurrou:

— Omma... — Aquilo tinha sido uma facada no coração de Hye. Ela não tinha consciência de que a mãe de Elisa estava morta, mas sabia que ela não era presente na vida da filha. — Omma.

— É a unnie. — Murmurou. O carro parou no semáforo vermelho. — Acorde, já estamos chegando no lugar seguro, que eu te falei! — Continuou tentando despertar a que ainda dormia.

Depois de uns segundos os olhos da dorminhoca abriram-se. Elisa coçou os olhos e bocejou. Sua face estava amassada, e seus olhos inchados.

— Dorme mais que eu, baixinha. — O branquelo sorriu para a menor.

— Não me irrita, tio. — Se pôs a ficar a séria. — Não me irrita! — Hye soltou uma gargalhada da situação.

Depois de mais uns minutos, o carro já entrava em uma das zonas mais luxuosas de Seul, Gangnam. Elisa ficou grudada na janela, observando os prédios e construções incríveis. Hye sentiu aquela vontade de chorar, mas segurou o choro. Era tanta coisa a ser acertada, mas ela não deixava de sorrir e agradecer a um ser acima dela, por conseguir escapar das dificuldades e de um monstro chamado Park Jimin.

Só me resta lutar por você e Elisa. — Hye pôs a mão na barriga, pensando tal coisa enquanto via sua casa no final da rua. — Seja o que Deus quiser... — Suspirou, tomando coragem.

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora