"Me ajude!"

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-- Hye --

A velocidade em que aquele carro ia rodando era desesperadora. Tudo girava, minha visão estava destorcida e o cinto de segurança estava pressionando meu ventre. Gritei o quanto pude, tendo a mais horrível e dolorosa sensação de desespero. O último baque estrondoso deu fim a jornada desafiadora. Agora o carro estava de cabeça para baixo, e eu ainda gritava de medo. Meu coração estava quase saindo pela boca e eu sentia a ausência do oxigênio me agoniar.

Uma dor de cabeça dissonante dilatava-se com o passar dos segundos, provavelmente porque eu estava de ponta a cabeça. Iniciei uma batalha de espernear e tentar abrir a porta do carro, mas meu braço doía ao extremo, e além de tudo, pouco a pouco eu perdia os sentidos. Ao meu lado pés com tênis pretos, andavam. A pessoa se agachou, eu não via seu rosto. E eu só conseguia gritar: "Me ajude! Me ajude", mas o tal ser não se moveu. Continuei forçando minha garganta, pedindo por piedade, clamando aos prantos por um milagre.

— ME AJUDE!! — Acabei soltando o cinto de segurança. O vidro da janela estava destroçado, portanto eu poderia sair facilmente pelo espaço que havia na janela. Estiquei meu braço, para que a pessoa me puxasse. — ESTOU TE IMPLORANDO! SÓ ME AJUDE! — Minha voz saiu chorosa e quase rouca. — Por favor... — Agora tudo estava realmente destorcido. Um líquido quente descia pela lateral do meu rosto, sangue pingava. Meu braço estremeceu, fraco, sem vida, sem chances... — HEY! ME AJUDA! — O sujeito pegou em meu braço e me puxou para fora. Eu até senti uma dor incomum quando ele me resgatou, mas fiquei aliviada quando saí de dentro do carro. Abracei a tal pessoa, agradecendo com murmuros.

— Hye. Fique calma. — Encerrei o abraço e encarei o rosto masculino. Estávamos de joelhos no chão, nos encarando. Ele tinha tantos cortes pelo rosto, um olhar tão triste e sofrido. Seus cabelos banhados em sangue, suas vestes negras estavam imundas e um pouco rasgadas, ele tinha marcas no pescoço, eram mãos. Jimin olhou para o lado e arregalou os olhos. — Corre!!! Vai explodir!! — Berrou pegando em meu braço e me ajudando a levantar. Saímos correndo floresta a dentro. Poucos segundos depois caímos no chão, sentindo o calor predominar acima de nossos corpos. A explosão quase me atingiu, se Jimin não tivesse subido em cima de mim, eu estaria com certeza mais machucada ainda.

Quando abri novamente os olhos. Jimin ofegava com a boca entreaberta, eu fitava suas íris sem hesitar. Ele estava com seu peso parcialmente sobre mim. Pisquei algumas vezes, não vendo tudo como deveria ver. Bolinhas pretas estavam no meu campo de visão. Jimin segurava meus pulsos, cada um de um lado da minha cabeça. Ele não aguentou, caiu com tudo sobre mim. Estava bem cansado, aparentemente. Tive medo de ele sentir meu coração pulsar com sua aproximação tão repentina. Tive medo de ele me matar ali mesmo, já que ele ainda era o criminoso que havia me estuprado.

Tantas coisas passavam pela minha cabeça, várias delas se perderam em meio ao meu choro. Passei a respirar pesadamente, com as narinas cada vez mais pressionadas.

— Ji-jimin... Está me machucando. — Sussurrei com a voz falha.

— Me desculpe, estou fraco. — Respondeu com seu rosto enfurnado no meu pescoço. Ele se esforçou para se erguer e ficar um pouco mais distante, mas ainda assim estava com seu corpo ao pé do meu. Soltou um ganido e franziu o rosto. Presumivelmente sentia dores que lhes causava aflição. — Está melhor assim? — Inqueriu arfando.

— S-sim. — Minhas pálpebras estavam ficando cansadas. Ele afrouxou suas mãos em meus punhos e foi de erguendo do chão. Após ficar de pé, estendeu a mão para mim. Um pouco relutante peguei-a. — Obrigada. — Senti uma tontura e meu corpo pesou, mas Jimin me apoiou com seus braços.

— Temos que sair daqui, rápido. — Arrodeou meu braço em seus ombros, me ajudando a andar. — Venha.

— Não, não consigo... — Fui derrotada pela dor.

— Vamos! Suba nas minhas costas! — Agachou-se de costas para mim. — Vai! Vai! — Com dificuldade, subi em suas costas. — Segure-se em mim. — Apertei seus ombros, mesmo falhando nos passos ele foi andando entre a mata seca, com vegetação pobre. Jimin agarrava com precisão minhas coxas e as apoiava em seu quadril, me carregando com zelo.

— HYUNG!! — Jimin virou-se. Vi três borrões se aproximarem. Acho que eram... Jungkook e... — CORRE! CORRE! — Um saculejo infernal iniciou-se. 

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora