-- Writer --
O rapaz segurava o braço de Hye firmemente. Estava sério e todo machucado. Sehun também carregava consigo Elisa, que estava muito assustada e chorava contra o pescoço do moço que ela chamava de "tio".
— Venha, Hye! — Puxou-a entre tantas pessoas desesperadas naquele corredor. Constantemente ele se abaixava por conta dos tiros. Sehun podia parecer a pior pessoa do mundo, mas ele se preocupava com Elisa e Hye, aquelas duas eram de extrema importância para o império, portanto ele estava fazendo de tudo para protegê-las de tudo e de todos os perigos.
O rapaz foi subindo as escadas rapidamente. Foi até difícil para Hye acompanhar o ritmo da subida. Quando chegaram no final da escadaria tiveram a visão horrenda do local. Era muito sangue pelo chão, pelas paredes, portas e janelas. Alguns corpos se rastejavam, porém outros já não tinham vida.
Em um movimento até mesmo abrupto, Sehun passou Elisa para o colo de Hye. A mestiça se encolheu e rodeou o pescoço da garota com seus braços gordinhos, seu corpo estava trêmulo.
O mafioso, armado, tentava de todas as maneiras abrir a portinhola, que tinha no chão. Quando conseguiu abrir, logo fez um gesto para que Hye entrasse, ela foi descendo as escadas que levavam para um cubículo e em seguida Sehun fez o mesmo, cerrou e trancou a pequena porta de madeira.
O local era muito empoeirado, escuro e apertado. Tinham muitos produtos de limpeza e uma bagunça acumulada, que foi de grande incômodo para Elisa, que tinha rinite.
— Fica calma, ok? — Hye deixou o corpo da menina ao seu lado, e abraçou-a de lado acariciando o ombro dela. — Eu estou aqui, fique calma.
O rapaz estava agora sentado de frente para as duas. Ele manuseava duas armas com agilidade entre seus dedos, e encarava Hye.
— Quero meu appa. — Elisa choramingou apertando a mão da morena ao seu lado, com medo.
— Shh... — Ela fez um carinho lento nos cabelos lisos da criança.
— Fiquem caladas. — A voz do mafioso ordenou de forma ríspida. Ele passou as costas de sua destra pelo rosto, tirando o excesso de sangue. — Este esconderijo pode não durar muito tempo se vocês não fecharem a boca.
— Já entendemos. — Foi tudo que Hye disse, antes do silêncio dominar.
Os olhos negros de Sehun passaram pelo corpo da menina, que consolava Elisa. Obviamente o corpo de Hye não era perfeito, era até bonito, mas estava muito machucado. A garota era cheia de cortes pelas pernas e braços, seu rosto estava com uma pequena região roxa perto das têmporas. A pele alva já não estava tão alva, de tão suja que estava. Era muito sangue seco pelo corpo dela, e isso a incomodava.
— Por que me olha tanto? Sente pena do meu corpo feio e machucado? — Ela não aguentou, e disparou brava.
— Seu corpo não é feio, e eu só estou olhando porque não tenho nada pra fazer. — Defendeu-se cinicamente.
— Hum... — Ela murmurou.
— Tudo bem, eu não olho para o seu corpo... — Mirou nos lábios dela. — Agora é essa boquinha...
Hye quase chutou a perna do atrevido, mas lembrou-se que Elisa encarava e escutava a discussão.
— Você é muito cabeça quente. — Sehun riu fraco. Era até engraçada a cara de brava que a morena fazia.
— Agora quem tem que calar a boca é você, né?! — Retrucou.
— Uii... ficou pistola. — Usou mais uma expressão patética para irritá-la. A menina fez careta e ele riu mais ainda.
Uns minutos voaram e os dois continuaram se encarando e discutindo vez ou outra. Sehun gostava de irritar pessoas, principalmente as impacientes como Hye. Ele sempre fora sarcástico.
Passos logo acima da porta assustaram os três, especialmente a menina de seis anos. Alguém tentava abrir a porta com muita insistência. No mesmo momento o garoto preparou suas armas para atirar no sujeito.
— Jimin, eu acho que alguém entrou aí! — Sehun reconheceu a voz de Jungkook e baixou a guarda. Ergueu-se e destravou a trava de segurança.
Hye sentiu um medo lhe consumir, se Jimin a visse ali iria tomar uma atitude agressiva com certeza, e ela se encolheu mais ainda quando a porta abriu-se. Seu coração acelerou e as lágrimas escorreram sem permissão.
— Titia, não chora. — A criança sussurrou preocupada. — Não chora.
Jungkook foi o primeiro a entrar, ele se arrastou para uma canto e apertou os olhos ainda dolorido. Logo após Jimin entrou, de primeira ele não percebeu a presença de Hye e Elisa, mas ao sentar de frente para elas, deu conta da cena e arregalou os olhos.
— O que ela está fazendo aqui? Como conseguiu tirá-la do calabouço? — Jimin questionou Sehun, indignado.
— Calabouço? Eu a encontrei no corredor, não a peguei de lá. — Ele franziu o cenho e sentou-se ao lado de Park. — Hye estava correndo perigo.
— Aah... — Jungkook gemeu chamando a atenção de todos. — O sangue ainda escorre...
— Deixe-me cuidar disso. — Hye ofereceu-se. Soltou Elisa e se aproximou do que agonizava em dor. Em um pequeno balde no canto do cubículo, lá ela encontrou álcool. — Pode me dar um pedaço da sua camiseta? — Indagou para Sehun. Ele assentiu com a cabeça e rasgou um pedaço do tecido da manga. — Obrigada. — Pegou.
Jimin tinha o olhar frio e impassível enquanto encarava Hye cuidar dos ferimentos de Jungkook. Cerrou os punhos e virou o rosto, não querendo matá-la na frente da filha.
— Por que não foi para a reunião? — Ele indagou para o que estava ao seu lado, e que também escarava Hye.
— Estava dormindo.
— Ah, nem sentimos sua falta, você não faz nada mesmo. — Riu.
— Ava, Jimin. — Rolou os olhos.
Hye agora cuidava dos ferimentos no rosto do menino. Estava muito atenta e era muito cuidadosa em cada movimento brusco que fazia. Era admirável a forma como ela se preocupava, mesmo não conhecendo Jeon, era algo dela, natural.
— Pronto. — Ela sorriu.
— Obrigada. — Agradeceu em um simples murmúrio e sorriu de lado.
— Hey, cabeça quente! Cuida aqui de mim... — Sehun pediu risonho.
A menina encarou os dois rapazes, e em seguida olhou a ferida na coxa de Jimin, pela primeira vez naquele dia teve a coragem de olhar bem nos olhos dele.
— Quer que eu cuide disso?
— Não. — Ele respondeu seco.
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Slave (Park Jimin - BTS)
FanfictionEla era uma escrava, tratada de formas desumanas. Jimin não tinha piedade da pobre garota. Mas o destino esconde segredos, barreiras dificeis e fortes emoções para ambos.