Bêbada

139 12 7
                                    

-- Hye --

O assoalho fazia um barulho alto, enquanto eu andava sobre o citado. O casarão além de enorme, era silencioso. Confesso que a energia daquela casa não era muito boa. Tive que virar alguns corredores até encontrar a cozinha. Logo na entrada, eu liguei a luz. Não tinha ninguém no cômodo, isso me deu mais medo ainda. Fui até a pia, onde pus as tigelas e pratos. Joguei o hashi na lixeira, após isto. Cantarolando músicas religiosas eu lavava a louça. Minha sensação era de que a qualquer momento algum ser iria me pegar por trás. Ouvi dizer que o inimigo anda atrás e não na frente de seu alvo.

— Não deveria lavar a louça. — Sobressaltei quando a voz masculina sussurrou atrás de mim. Me virei pondo a mão no peito. Acho que meu coração poderia fazer um barulho mais alto do que o grito que dei após o susto. O rapaz soltou um riso contido e se encostou na mesa redonda que tinha atrás de si. Pude reconhecê-lo. Ele era um dos caras que acompanharam Jimin e eu no helicóptero. — Medrosa...

— Por que eu não deveria lavar a louça? Você manda em mim por acaso? — Enxuguei minhas mãos em um pano. Ele cruzou os braços e arqueou as sobrancelhas. O deboche do descarado estava me tirando do sério. Revirei os olhos e voltei a lavar as tigelas.

— Você é uma escrava muito atrevida. Sabia? — Estava ao meu lado, abrindo a geladeira. Ele tirou do refrigerador uma garrafa d'água. — Quer beber? — Assenti sem encará-lo.

— Eu não sou uma escrava, então trate de mudar seus modos. — Coloquei as louças no escorredor. — Ouviu? — Me virei vendo-o pôr água em um copo. Ele me entregou o objeto de vidro. Bebi um pouco do líquido refrescante. — Esta água tem um gosto peculiar. — Fiz garatujas despejando o pouco de água, que eu não tinha bebido, na pia.

— Eu gostei. — Bebeu quase tudo que tinha na garrafa. — Até mais. E tenha uma boa noite de sono. — Jogou a garrafa no lixo e virou-se indo embora.

Dei de ombros e andei para mais perto da mesa, mas no exato momento senti uma tontura que fez meu corpo balançar e quase cair. Me apoiei na borda da mesa. Pontadas fortes de dores deram seu princípio na minha cabeça. Algo que me deixou assustada, mas mesmo assim eu segui para fora da cozinha. Meus passos eram falhados. Tive que ir caminhando vagarosamente até o quarto.

-- Jimin --

Hye estava demorando. Soltei o ar pela boca, em um bufo impaciente. Liguei o ar-condicionado, para ter uma temperatura mais agradável, e em seguida deitei-me na cama. Fiquei a fitar o teto, pensativo. Tudo estava confuso para mim. Era difícil viver sem relembrar as sensações que tinham passado por mim durante minha estadia no prédio da CB. As dores, as agulhas introduzidas em minhas veias e todas as formas cruéis de torturas, que a CB tinha encontrado para me castigar, estavam vindo rapidamente em flashes de memórias de uma vez só. O peso da culpa me dominou. Algo ruim, angustiante. E dificilmente eu iria superar, ou até mesmo apagar de vez da minha mente, aquelas recordações.

Eu tinha dois dias para matar Hye, ou então minha mãe iria acertar as contas comigo da pior forma. Omma estava em Ulsan, cuidando de seus assuntos por lá. Mas a mulher poderia voltar para Seul e me azucrinar com seus sermões. Todos estavam colocando pressão para que eu matasse Hye logo. No entanto só tinha um problema: o bebê. Uma criança traria mais boca para alimentar, e problemas a mais na conta bancária. Porém, facilmente eu poderia comover a família Ku com um ser daquele tipo. Chantagensfuncionavam com a filhinha deles e agora com um neto? Tudo ficaria mais maleável, resultando em conseguirmos tomar a empresa para nós. A justiça seria feita. Eu faria ela.

Depois de uns minutos, planejando como iria contar á minha mãe sobre o bebê e o plano, a porta foi aberta com uma brutalidade estranha. Hye entrou cambaleando. Ela piscava com força e se apoiava no batente da porta. Me levantei da cama, indo até ela. A morena parecia distante, como se não percebesse minha presença em sua frente. Toquei seu ombro, e no exato momento o corpo de Hye quase caiu. Eu a segurei, pondo meus antebraços em suas axilas. A ergui novamente e fechei a porta com o pé. Dando-me conta de que Hye não estava bem, a peguei no colo. Ela resmungou algo, franzindo o rosto e apertando meu bíceps esquerdo.

— O que aconteceu, Hye? — Ela estava mole. Seu comportamento era semelhante ao de uma bêbada.

— Humm... — Balançou a cabeça frenéticamente de um lado para o outro. — Quero... Sexo... — Sua mão esquerda fora erguida e simulou um tapa vagaroso em meu rosto. — Você por cima e eu por baixo. — Começou a rir. — Olha... Eu acho que podemos pegar um pouco de soju e depois sair pelados pela casa. — Fitou o teto erguendo os braços pra cima. — SEXO! SEXO! — Seu coreano estava estranho. Trocava sílabas e muitas vezes dizia coisas desconexas. Ou frases contraditórias. A pus sentada na poltrona de canto, ao lado da cômoda, e ajeitei sua roupa, que estava levantando. — Jimin... — Puxou meu braço, me fazendo ficar muito próximo de seu rosto. O mais estranho é que eu não sentia cheiro de álcool vindo dela, então por que Hye estava daquele jeito?

Ela acariciou a lateral do meu rosto. Seus olhos estavam vidrados nos meus lábios, mas as orbes de Hye não se concentraram por muito tempo, pois se fecharam e ela voltou a dizer coisas estranhas. Pus as mãos no quadril, após tomar distância. Tentei encontrar alguma razão para resultar naquilo, mas não tive nenhum tipo de raciocínio bom.

— Ai! Que calor desgraçado! — Ela abaixou as alças de sua camisola, tentando tirar a peça. — Quero ficar pelada! — Riu novamente. Me olhou desfazendo o sorriso. Uma expressão ruim se formou em sua face. — O que está olhando? — Se levantou, mas a moça não ficou tanto tempo de pé, pois caiu sentada quando eu a empurrei.

— Ou você me explica o que aconteceu, ou vou te dá o famigerado "sexo" que você quer! — Propus.

— Prefiro o sexo! — Deu um sorriso falso, como uma embreagada. — Pode vir... — Levantou sua camisola, deixando suas coxas a mostra. — Eu não me importo. — Suas feições eram cheias de malícia. Eu poderia sim a carregar até a cama e arregaçar seu ponto fraco, mas não antes de saber o que ela tinha. Era algum tipo de brincadeira?

— Você está fazendo algum tipo de trolagem safada comigo? — Segurei seu braço a forçando a levantar. — Por que se for, não vou suportar!

— Me beija. — Passou a mão livre pelo meu ombro, deixando vergões com suas unhas. Franzi a testa. — Só me beija... — Tentou alcançar meus beiços, mas eu a empurrei. Ela recuou três passos. — Eu sei que você me quer! — Deu início a um caminho estreito de sua calcinha entre suas pernas, até o tecido cair no chão. — Vamos... Venha! — Me virei de costas, passando a canhota pelo cabelo suado e suspirando. Minha mão destra ficou escorada em meu quadril. Uma posição carregada de impaciência e curiosidade.

— Você definitivamente não está bem. — Conclui. — O que houve... — A frase foi interrompida quando mãos quentes passaram a apalpar meus ombros fazendo uma massagem relaxante. Fechei os olhos, expirando o ar, em decorrência da excitação, pesadamente. Hye desceu suas mãos, parando em meu abdômen. A garota apertou a região, unindo seu corpo ao meu por trás. — Pare com isso...

— Me obrigue. — Deu um beijo demorado e molhado próximo a minha nuca. Abaixei a cabeça, tentando controlar meus instintos. — Você não vai resistir. — Soltou uma risada nasal debochando. E novamente suas mãos desceram, e assim pude sentir carícias em meu membro. Eram leves, entretanto provocantes. — Não! Já chega! — Dei um passo rápido para frente. Quando me virei, ela estava deitada no chão, com as pernas abertas. Sua mão estava descendo pela sua barriga e indo até... — Para com isso! — Desviei o olhar de seu corpo nu. Eu já me encontrava estressado e agora com Hye se comportando daquela maneira...

















Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora