"Me deixe ir, por favor!"

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--Hye --

Eu queria tanto olhar nos olhos de Jimin, e dizer tudo que estava entalado na minha garganta, mas não pude. Aquela dor se aprofundando, me machucava tanto. Aquelas lágrimas presas e que eu não deixava, de maneira alguma, saírem, estavam me afogando.

Tudo que eu poderia fazer, era aceitar de vez a personalidade dele, e ficar calada, apenas o ignorando. Suspirei completamente resignada. Os defeitos que Jimin tinha eram tantos, e deixá-los de lado para amar aquele homem, não era algo possível. Minha cabeça estava uma verdadeira batalha de pensamentos, mas eu estava convicta de que eu não poderia mais continuar alimentando meu ódio por ele, tudo que eu poderia sentir, era pena.

Fiquei mais perto de Sehun, e comecei a cuidar de seus ferimentos, que não eram tão graves. O moreno estava sério, e me encarava. Admito que ele me deixou nervosa, além do mais, eu nunca consegui ficar mais de cinco minutos, mantendo contato visual com alguém, a timidez nunca deixou.

Ain... — Ele puxou o ar entre os dentes, quando o algodão com álcool entrou em contato com sua pele.

— Desculpe. — Murmurei, pondo menos pressão em seu machucado. — Estou quase terminado. — Avisei.

De canto de olho vi Jimin me olhar. Desde a primeira vez que ele me olhou, eu senti medo. Aquelas orbes negras e misteriosas, sempre me deixavam intimidada e obviamente amedrontada. Depois de cuidar de Sehun, olhei rapidamente para Jimin. Aish! Preciso parar de ser tola. Pensei irritada comigo mesma. Deixa de ser burra, Hye.

Quando eu ia me distanciar de vez dos dois rapazes, a mão do loiro fechou-se em meu antebraço, e assim ele me puxou para mais perto. Encarei Jimin com uma certa raiva. Ele não se cansa de me machucar!? Bufei.

— Pensando bem... — Olhou para sua coxa ensanguentada. — Não quero pegar uma infecção, então pode lavar com álcool meu ferimento.

— Você tem braços. — Me soltei dele. — E inteligência suficiente... — Pus o frasco com uma pequena quantidade de álcool em sua mão. — para cuidar de si mesmo. — Voltei a sentar perto de Elisa. — Eu não vou cuidar de quem não merece. — Cruzei os braços.

— Cínica. — Jogou o frasco longe, o objeto quase atingiu Jungkook.

— Vai com calma, hyung. — Jeon franziu o rosto, irritado. Resolvi não olhar mais para Jimin, ele que ficasse bravo para o vento. Dane-se.

Sua babaca! — Fiquei até aliviada por ele não me xingar de coisas piores na frente de Elisa. Mas mesmo assim, ele estava sendo um mau exemplo para a pequena criança.

— Appa! Não fale assim com ela! — A menina fez um bico enorme.

Jimin riu fraco e tombou a cabeça para trás, encarando o teto. E assim ficamos em silêncio, ainda bem. Apenas nossas respirações eram audíveis. Fiquei a pensar em como seria dali pra frente. Eu iria fugir? Eu realmente estava torcendo para que nos achassem.

-- Writer --

Fora daquele cubículo, estava uma confusão sangrenta e dolorosa. A maioria dos que eram sócios do império fora da lei, haviam sido executados. Os escravos, que eram obrigados a servir os criminosos, estavam sendo acudidos pela CB, já que eram inocentes. Era muita gente escondida pelos cantos, mas logo logo elas seriam encontradas.

Para Hye, ouvir os gritos e o som de tiros era uma tortura. O psicológico da menina já estava afetado há um certo tempo, e todo aquele medo se tornaria um verdadeiro inimigo pra sua mente. Muitas vezes ter medo é bom, já que é uma forma do seu cérebro proteger seu corpo de possíveis perigos, mas quando o medo chega a te traumatizar, isso não é mais tão bom. É difícil de lidar.

Jimin estava impaciente. Todo aquele furdunço estava o deixando ansioso, e nervoso. Lidar com situações de extrema raiva não era um de seus talentos. Ele pouco se importava com Hye, ele queria manter a vida dele naquele momento. Escapar da CB era uma tarefa difícil, e Jimin tinha consciência disso, mas o garoto não desistiria. Iria até o fim, mesmo que para isso, tivesse que matar Hye e seu filho, que pelo qual ele sentia repulsa m

— Tem alguém aí? — O coração de Hye acelerou incontrolavelmente. Aquela voz repetiu a mesma coisa, só que mais alto. — Tem alguém aí? — No outro lado da portinhola, um agente da CB estava esperando por respostas.

Hye tentou gritar, mas no mesmo momento, Jimin pôs muita força contra a boca da morena. A ameaçava com uma arma rente ao ventre dela. Os olhos da garota estavam inundados, e pediam por piedade, enquanto encaravam os olhos de Jimin. Aquelas orbes cor de mel pediam explicitamente: "Me deixe ir, por favor!" Mas era um pedido em vão.

A porta estava sendo forçada pelo agente incansavelmente. Eram chutes e socos fortes. A cada estrondo o corpo de Hye estremecia. Era tanta coisa mesclada na expressão destemida de Jimin, mas que dava a certeza de que a qualquer momento ele a mataria.

Elisa estava a chorar desesperada. Foi se arrastando para mais perto de Jungkook. Se encolheu e abraçou seu próprio corpo, aos prantos. Ela era muito pequena, não entendia que corria muitos perigos ali, mas mesmo assim, ela sentia o medo lhe apiedar.

Sehun preparou sua arma com rapidez e ficou cada vez mais próximo da porta. Apesar do nervosismo, ele estava concentrado e sem vacilar. A vida toda o rapaz fora preparado para situações como aquela, mas Sehun tinha em mente tanta coisa, e uma delas era sua família. Tinha deixado muitas coisas para trás, mas aquelas coisas o motivaram a seguir em frente, firme.

— Quando aquela porta abrir, você não estará mais viva. — Jimin sussurrou ainda sério. Apesar da serenidade no modo de falar, ele mesmo tremia.

Foram três segundos. Míseros segundos de espera, até que a porta cedeu e foi escada a baixo. 

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora