Noiva

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-- Jimin --

Eram tantas dores pelo meu corpo, tantas lágrimas sendo expelidas, tudo estava embaçado, entretanto minha visão voltava ao normal aos poucos. Pisquei algumas vezes, me acostumava com a luminosidade. Ao que me pareceu eu estava sob uma luz muito forte, e o resto da sala era um completo escuro, amedrontador.

— Seja muito bem-vindo, Park. — Outra luz foi acesa no lugar, dessa vez bem em cima de um homem. Ele estava de terno, tinha cabelos negros, olhos da mesma cor, e porte de superioridade. Tradicional homem asiático, eu diria. Ele se pôs a sorrir debochando.

Certamente o homem debochava do meu estado, que era crítico. Eu estava com os braços e pernas abertos e presos em uma estrutura de ferro. Eu tinha muitos ferimentos pelo corpo, alguns provavelmente provocados pelas correntes. Além disso, eu estava nú. Suspirei e encarei o homem. Por uns minutos nem eu e nem ele dissemos algo. Tudo ficou silencioso. Confesso que, o silêncio daquele homem, me deixou muito tenso e apreensivo.

— Muito bem... — Ele disse. — esperava acordar aqui? — Ergueu uma de suas sobrancelhas e diminuiu o sorriso. Tive raiva daquela expressão.

— Quem é você? — Perguntei. Meu tom de voz era até mesmo ignorante.

— Você parece muito com seu avô, vai direto ao ponto... — Riu fraco. Como ele conhecia meu avô? — mas infelizmente, você parece com seu pai. É um bandido, um vagabundo!

— E o que você tem a ver com isso? — Ri de canto. Um riso sarcástico e um pouco maléfico.

— Sou o Sr. Ku, dono da empresa que acabou com o império do seu pai. — Levantou-se da cadeira. Pôs as mãos nos bolsos e andou até ficar bem em frente a mim. Meu tio ficou sério. Eu não tinha muito a dizer a ele, nunca tive. Então, fiquei em silêncio. — Já podem dar uma lição nele. — Senti algo rígido entrar em contato com minhas costas. Sr. Ku tirou de seu bolso uma embalagem. — Você agora vai pagar por tudo, Jimin. Absolutamente tudo.

Ele tirou daquela embalagem uma seringa. Meu tio tirou de seu outro bolso um frasco, com um líquido transparente. Eu imaginava que iria levar uma surra, ou algo parecido, mas não tinha pensado em morte por injeção. Quando senti a seringa adentrando minha corrente sanguínea, gritei. A dor estava correndo pelo meu braço, foi para meus ombros e logo se alastrou por todo o meu corpo. Sr. Ku só sorria.

Em pouco tempo, eu já levava chicotadas de um ser atrás de mim. Minha visão estava ficando escura e destorcida, além de eu sentir uma dormência intensa nos braços. Depois de uns minutos, perdi a consciência.

-- Writer --

Hye tentou, porém não conseguiu conter as lágrimas. Depois de tanto tempo, ela estava novamente entrando em sua casa. Yoongi tinha Elisa em seu colo, pois a criança estava sonolenta, e andava atrás de Hye, que limpava seu rosto com rapidez, calmamente.

— Appa?! Omma?! — Hye chamou por eles, mas a casa estava muito silenciosa. Quando chegaram na sala de estar, estava tudo vazio. — Hyon! — Chamou pelo nome de seu irmão mais novo. — Não estão em casa? — Murmurou para si mesma. — Aish!

— Procurando pelos seus pais? — Um rapaz surgiu no topo da escada. — Eles saíram. — Hye ficou encantada com a beleza daquele tão formoso homem. Ele tinha os cabelos castanhos, os olhos negros e hipnotizantes, usava um terno preto e um relógio aparentemente caro, além de carregar um sorriso encantador. O bonito sujeito desceu as escadas e parou bem em frente a Hye. Só então a moça percebeu o quanto ele era alto.

Hye franziu o cenho, não entendo o porquê da presença de um desconhecido ali, e o que ele fazia. Ela ficou uns segundos encarando os olhos dele, e o mais alto devolveu a encarada.

— Ah, deixe-me apresentar-me. — Ele pôs as mãos nos bolsos. — Sou Park Chanyeol. — Não mostrou nenhum sorriso, continuou sério. Olhou Hye de cima a baixo. — Acho que minha noiva precisa de um belo banho.

— Noiva? — Ela franziu a testa.

— Sim. — Voltou a sorrir.

Chanyeol era realmente muito interessante. Tinha um olhar extremamente intrigante, parecia ser uma pessoa legal, mas seu modo de falar era tão seco. Ele não era mau, porém estava se sentindo preso a família Ku. Desde que tivera voltado do Japão, já que era presidente da base japonesa da CB, os pais de Hye praticamente o obrigaram a aceitar o casamento com a filha. Segundo os senhores Ku, um casamento iria suprir as críticas e comentários idiotas da mídia, já que o assunto principal passaria a ser o matrimônio, e não o sequestro da herdeira da CB.

O coreano, que também era japonês, desfez o sorriso, assim que percebeu que Hye não sorriu e ficou com uma expressão desdenhosa.

— Está louco? Não sou sua noiva. — Deu passos para trás, ficando ao lado de Suga. Chanyeol encarou Yoongi e trincou o maxilar, deduzindo besteiras.

— Está com esse branquelo? — Referiu-se a Yoongi com desdém.

— Não. — Ela respondeu.

— Hum... — Chanyeol murmurou. — Pois bem... — Olhou para a menor. — Eu não estou louco, iremos nos casar. Querendo ou não, seremos unidos.

— Escute, Chanyeol Sshi¹, meus pais não me avisaram sobre esse casamento, sinto muito, mas não sou sua noiva. — Tentou passar por ele para subir as escadas, porém Chanyeol segurou seu braço com força.

— Não adianta dizer que não é, porque somos, essa é a verdade. — Soltou-a. — Seus pais chegam em uns minutos, esteja limpa e cheirosa.

— Hye! — Suga chamou por ela, quando a viu subir as escadas. A morena virou-se e encarou-o. — O que faço com ela? — Referiu-se a Elisa.

— Cuide dela por mim, pelo menos por uns dias. Consegue? — Observou o pálido bufar. — Por favor!

— Tudo bem. — Lançou um olhar nada bom para Chan antes de sair.

-- Hye --

Subi as escadas com rapidez. A ficha ainda não havia caído. Eu vou me casar com um estranho? Pensei, nada feliz com a súbita notícia desagradável.

Entrei em meu quarto, e tentei fechar a porta, porém aquele rapaz que dizia ser meu noivo, entrou junto a mim sem permissão e fechou a porta.

— O que quer? — Cruzei os braços.

— Seus pais realmente não te contaram sobre o casamento? — Aproximou-se de mim. Me senti como uma pulga, de tão baixa que fiquei perto do rapaz. — Hum?

Não. E se tivessem me contado, eu não iria aceitar, pode ter certeza.

— Você me parece muito rebelde. — Tirou uma mecha de cabelo da frente de meu rosto vagarosamente. — Gostei de você. — Sorriu. 

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora