Dormir Juntos

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--Hye--

Eu nem tinha pensado antes de empurrar o descarado. Tudo que eu queria era distância dele, então agi por instinto, querendo apenas me proteger dos toques possessos do loiro. Me encolhi trazendo minhas pernas para junto de meu peito, abraçando-as enquanto rezava para que nada de mal me acontecesse. Apertei os olhos, não querendo ver a feição possivelmente demoníaca de Jimin. O som da água parecia tornar tudo mais tenso, como se a qualquer momento ele fosse me afundar e querer me matar ali mesmo, afogada. Mas tudo ocorreu alheio ao que eu imaginava. Não sei se o medo me fez bolar coisas malucas, mas eu não duvidava que Park poderia passar dos limites. Ele não tinha piedade, muito menos caráter. Poderia fazer tudo.

— Você ficou doida? — Não me movi após a voz do rapaz ditar raivosa. — Hye... Olhe para mim! — Tudo que eu menos queria era olhar nos olhos dele. Poderia parecer uma frescura não querer ver aquelas esferas negras, mas eu tinha medo daquele olhar. Eu tinha lembranças horríveis. Era como se os olhos do rapaz me fizesse relembrar o passado terrível entre nós dois. — Hye! Não me faça perder a paciência! — Era bem nítida a raiva que aumentava a cada palavra que saía da boca dele.

— N-não me machuque. Você já fez o suficiente, não quero mais sofrer. — Choraminguei. — Acho que já deu.

— Ok. Eu deixo você tomar banho sozinha. — Levantei a cabeça não acreditando no que eu acabara de escutar. — Tome seu banho sozinha, então. — Ele se levantou. Voltei a enterrar minha cabeça em meus joelhos, completamente envergonhada. Não quero vê-lo pelado. Pensei. — Há toalhas abaixo da pia e produtos higiênicos. — Ondas mais fortes bateram contra mim, indicando que Jimin já saía da banheira. Comprovei a hipótese assim que ergui meu olhar, vendo-o fechar a porta após retirar-se. Ele está bem? Perguntei a mim mesma, voltando a relaxar.

Achei aquilo tão estranho, que várias perguntas ficaram martelando minha cabeça durante o banho. Peguei xampu e condicionador em uma pequena cesta que havia em um banco abaixo da pia. Pus os produtos na borda da banheira, para tornar tudo mais prático. Deixei minha mente livre de pensamentos ruins por uns minutos, apenas para ter um banho mais agradável. Fiz questão de ignorar o lugar, a situação e as sensações que me esperavam durante aquele tempo. Mas logo a realidade iria me pegar de novo.

Depois de limpar cada parte do meu corpo, e aproveitar para dar uma checada em minha barriga e genitálias — eu não pude deixar de higienizar aquela área —, saí da banheira. Senti até falta da massagem, mas talvez eu pudesse ter mais banhos como aquele, mas se eu não tivesse, pelo menos teria aproveitado bem naquela vez. Peguei uma das toalhas brancas que estavam enroladas e sobre um outro banco, de baixo da pia. Enrolei-a em meu corpo e em passos hesitantes fui até a porta.

Eu até pegaria minhas roupas e meu tênis — que eu mesma havia jogado em um canto —, mas estavam imundos. Inutilizáveis. Eu deduzi. Quando fui fechar a porta, a mesma rangeu e me deu um baita susto. Após cerrá-la, caminhei pelo corredor. Eu tinha uma dúvida: Chamo por ele ou não? No final das contas não foi preciso gritar por Jimin, pois ele saiu de um dos quartos. Já estava bem vestido, o cabelo bem penteado, um moletom cinza com o zíper aberto e revelando a camiseta branca. Além de uma calça jeans escura. Analisei bem o look do rapaz, mas não permiti que meu queixo caísse. Ele abriu a porta mais um pouco e me puxou para dentro do cômodo.

Jimin ficou me guiando até ao lado da enorme cama com edredom azul claro. Havia uma camisola azul marinho e de alcinhas em cima do colchão. O tecido brilhava por conta da luz que nele refletia. No chão tinham pantufas brancas, típicas e normais.

— Imagino que esteja cansada. Durma enquanto eu resolvo algumas coisas. Logo logo irão te dar comida. — Ele dizia enquanto pegava um telemóvel em cima do criado mudo. — Peças íntimas... Você encontra na segunda gaveta. — Apontou para o guarda-roupas. — E lembre-se... — Segurou meu braço, me virando para encará-lo. — Você nunca vai conseguir fugir. — Assenti sem expressão alguma. Jimin saiu e fechou a porta com força.

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora