"Você me deixa excitado."

182 14 3
                                    

-- Chanyeol --

Ergui meu olhar encarando a mulher abismado. Engoli saliva e pisquei rápido. Levei as mãos a minha cabeça e balancei-a negativamente.

— Não... Como assim? Ela morreu? — Uma pontada de dor manifestou-se.

— Eu não sei muito sobre isso, Sr. Chaong é quem pode lhe dizer. — Ajeitou meu cabelo, que cobria um pouco meus olhos. — Venha. — Arqueou as sobrancelhas sugestivamente.

— Tudo bem. Vamos.

A empregada me acompanhou até a sala. Tive que ajeitar minha camiseta durante o percurso, já que a peça estava um pouco aberta demais. Quando cheguei até o cômodo, Sr. Chaong — o meu mais confiável funcionário — levantou-se do estofado onde estivera sentado a minha espera por uns minutos. Me curvei a ele em respeito.

— Podemos ter uma conversa? — Ele perguntou assim que a empregada se retirou. Cruzei os braços assentindo. — Durante a manhã eu levei Hye até sua psicóloga, ela ficou uns vinte minutos conversando com ela. — Sentei após perceber que seria uma longa história. Ele fez o mesmo, ficou ao meu lado. — De uma hora pra outra ela apareceu correndo e desesperada entrou no carro. Se eu não me engano recebeu umas ligações. Quando estávamos próximos de uma avenida, ela pediu para que eu parasse. — Fitava o chão, com certeza lembrava de tudo. — Após isso, não sei o porquê, mas ela pediu que eu seguisse uma van preta.

— E de quem era a van?

— Eu não sei. Não entendi nem o porquê da perseguição, apenas obedeci. — Explicou. — Então, quando estávamos ficando muito longe da cidade, sofremos um acidente. — Ele deixou uma lágrima solitária esparramar-se pela sua bochecha. — O caminhão nos arrastou por uns metros junto a van, e então caímos em uma ladeira que dava direto a uma floresta. Eu fiquei inconsciente por uns minutos, não sei ao certo quantos. Mas quando acordei, o carro pegava fogo. Todo o banco onde Hye estava pegava fogo, mas eu logo pensei que ela tinha saído... E então resolvi sair do automóvel. Eu fiquei com uma queimadura na perna. — Pegou na região citada. — Eu subi a ladeira e consegui um telefone para ligar para a ambulância. — Fungou me encarando.

— Conseguiu?

— Uhum... — O grisalho limpou seu nariz com um lenço. — Mas o caminhoneiro que havia me emprestado o celular fora roubado. Muitos bandidos nos cercaram e levaram o caminhão. Mas por sorte consegui ligar antes do furto. — Suspirou. — Eu fiquei sentado no acostamento. E o caminhoneiro ficou andando sem rumo. — Sorriu do nada. — Um carro da CB e uma ambulância chegaram uma hora depois. Eles fizeram um trabalho exemplar. Revistaram toda a área e me atenderam. Mas não encontraram os corpos de Hye ou dos que estavam na van. O único encontrado foi eu. Eles estão investigando tudo e possivelmente Hye tenha sido carbonizada. — Choramingou. — Eles disseram que eu posso ser o único sobrevivente.

Meu coração pareceu mais fraco naquele momento. Fiquei em estado de choque, sem reação. Ela morreu?!

Hye... Morta!? — Sra. Ku apareceu na entrada da casa.

Foi algo muito difícil. Tive que amparar a mãe de Hye com abraços e sussurros bondosos. Eu também estava ferido. Apesar de não ter falado nada a ela, eu ainda desconfiava da fuga de Hye e Jimin. Mas naquele momento tive que consolar senhora Ku com paciência.

— Eu sinto muito. — Sr. Chaong disse quando uma enfermeira apareceu para levá-lo de volta ao hospital. — Meus sentimentos. — Curvou-se. Ele saiu sendo acompanhado pela moça.

— Minha filha... — A mulher chorava descompassada. A envolvi com meus braços, tentando acalmá-la.

-- Hye --

Tudo que eu desejava era acordar em paz. Despertar para um novo dia feliz e na minha casa, mas não foi assim que o sol nasceu para mim. A luz ainda sutil do sol bateu contra meu rosto. Eu estava dentro do porta-malas, recém aberto. Um braço passou por baixo de minhas pernas, mais outro em minha cintura e eu fui erguida. O corpo quente da pessoa entrou em contato com o meu. Agarrei sua camiseta e apertei-a. Eu desejava com todas as minhas forças que fosse Chanyeol, mas tinha medo de abrir os olhos e ver outro ser.

— Eu cuido dela. — O sujeito disse. — Ela ainda é minha escrava. — Abri minimamente os olhos. Jimin me encarou sério e passou a andar. — Nem pense em se mover, não pense que vou ser bondoso. — Olhou para frente, deixando de me fitar.

— Jimin... — Murmurei.

— O que foi? — Ditou ríspido.

— Você me prometeu não fazer nada de mal. — Choraminguei.

— Promessa desfeita então.

Decidi não falar mais nada. Ele sabia que me amedrontava, e se aproveitava disso para me dominar. Vários homens andavam ao nosso redor, e eu me encolhi nos braços do rapaz não querendo ter contato visual com nenhum deles. O pior de tudo é que agora, eu tinha voltado ao mesmo fim de mundo. Novamente eu estava nas mãos do Park... Eu tinha perdido as esperanças de ser livre dele.

— Iremos partir em uma semana, só precisamos acertar tudo com os aviões. — Um dos homens, que estava ao lado de Jimin, informou.

— Minha mãe estava na França o tempo todo, não é?! — Sorriu de lado.

— Sim. Ela que comandou todo o atentado em Seul. — Riu fraco. O rapaz de preto me encarou e desfez o sorriso. — Essa menina não deveria estar morta?

— Não. O único aqui que tem direito de matá-la sou eu. — Jimin fechou a cara. — Nem pense em tocá-la.

— Você gosta dela? — Debochou rindo soprado e carregando uma arma.

— Não. É muito mais que isso. — Bufou. — Vamos parar de falar sobre ela. Quero saber sobre nossa viagem.

— Nós vamos antes ficar em um casarão no interior. Durante essa semana vamos recompor nosso plano. E agora quem vai comandar a missão será você. Já que seu pai morreu.

— Meu pai morreu?! — Franziu a testa. — Nossa... Demorou.

— ... — O cara gargalhou. — Você não perde uma para demonstrar que odeia seu pai. — Guardou sua arma.

— Obviamente.

Após uns minutos andando, um vento bagunçou meu cabelo e um som de hélices de helicópteros fora captado.

— Se prepare Hye, nossa semana vai ser cheia de coisas. — Jimin sorriu antes de entrar no transporte. Me pôs sentada no banco e pôs o cinto de segurança em mim. — Eu estava com saudades de você. — Roubou-me um selinho e eu o empurrei. — Continua tão arisca, Hye? Pensei que gostasse dos meus toques. — Pôs o cinto em si.

— Eu odeio você. Não entende?!

Você me deixa excitado quando está brava. — Gargalhou. Claramente era uma brincadeira de mau gosto pra me tirar do sério. Revirei os olhos e virei meu rosto na direção contrária. — Hey! — Segurou meu queixo e me fez encará-lo. — O que eu te disse sobre revirar os olhos para mim? — Parecia irritado.

— Não vou mais fazer isso. — Tirei sua mão do meu rosto. — Fica tranquilo.

Mais uns dois homens entraram no helicóptero. Eles sentaram no banco a nossa frente. Não fiz contato visual com nenhum deles, virei a cara.

— Semana que vem vamos a França, Hye. — Jimin contou. Dei de ombros. — E pode ter certeza que você não vai mais fugir de mim. Você sempre será a escrava. — Segurei o choro e suspirei. O helicóptero saiu do solo e passou a nos levar para algum lugar. 

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora