Bofetada

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-- Hye --

Não tinha como ser real. Eu imaginei ser coisa da minha cabeça até ele me tocar e eu senti o calor de seu corpo. Ele era real, Jimin estava lá. Bem em frente a mim, segurando minha mão.

Uma carga de memória veio toda de uma vez. Aquelas vozes estavam voltando e ficando cada vez mais altas. Empurrei Jimin por instinto, querendo distância do monstro. Sem pensar duas vezes saí correndo entre a multidão.

Quando olhei para trás percebi que Jimin me seguia. Ele me chamava de "senhorita". Por que raios ele está me chamando assim? Pensei. Logo entrei no corredor escuro que havia ao lado do bar com coquetéis. Ele não tinha saída e só havia uma pequena cadeira estofada bem lá no fim.

Sentei na cadeira e fechei os olhos. Respirei fundo tentando manter a calma, porém inevitavelmente minhas mãos tremiam. Eu tentava me convencer de que era tudo coisa da minha cabeça, e que Jimin não estava lá. Mas na realidade, ele estava lá.

-- Jimin --

Ela tem medo de mim? Eu pensei seguindo o corredor onde ela havia entrado. Ele era um tanto quanto escuro, mas a luz da festa iluminava um pouco o lugar. A moça estava sentada em uma cadeira, de olhos fechados. Reparei que ela estava trêmula. Uma lágrima solitária desceu pela sua face, o que me deixou ainda mais preocupado. Me agachei em sua frente e limpei seu rosto com o polegar, com sutileza.

Ela abriu os olhos e me encarou. Tristeza, amargura, dor e medo, tudo mesclado naqueles olhos cor de mel. Ela derramou algumas lágrimas e franziu o rosto de tristeza. Eu nunca havia visto alguém tão triste, o que me deixou sem saber como agir.

— Jimin... — Ela sussurrou meu nome enquanto acariciava a lateral do meu rosto. — Por que você não some da minha mente? — Soluçou violentamente.

— Como assim? — Franzi o cenho.

-- Hye --

Toquei em seu rosto para ter a certeza de que aquilo era real. Eu torcia para que fosse tudo imaginação, mas não era. Afastei minha mão convicta de que Jimin estava realmente ali. Foi então que eu ergui minha mão novamente, mas não para dar carícias a ele. Toda a minha raiva e ressentimento que eu tinha, eu tentei descontar em sua bochecha com um belo tapa. Seu rosto virou por completo e ele arfou.

— Cínico. Ainda tem coragem de aparecer aqui e me tratar assim na maior cara de pau?! — Jimin virou seu rosto para me olhar. Diferentemente do que eu esperava, ele não tinha o olhar frio ou maldoso. Seu olhar era confuso, e quase indecifrável.

— Por que me bateu? — Em sua bochecha tinham marcas de minhas unhas, que acabaram arranhando-o. — O que te fiz? — Levantou indignado.

— O que você fez?! — Levantei ficando frente a frente com ele. — Não seja tão estúpido a ponto de fingir que esqueceu do passado! Mentiroso!

— Senhorita...

— Para de ser tão cara limpa! — Dei um empurrão em seu ombro. — Você não se cansa de infernizar minha vida, né?! Vagabundo! — Cuspi em seu rosto, completamente enojada com seu comportamento petulante.

Ele limpou sua face com as costas de suas mãos. Jimin me olhou sem nenhuma expressão aparente.

— Não sei o porquê de a senhorita estar me tratando assim. Acho que está me confundindo com outra pessoa. — Tentei dar-lhe outra bofetada, mas ele segurou meu pulso. Tentei com a outra mão e ele também me impediu. — Controle suas emoções, por favor.

— Aonde quer chegar com tanto cinismo? Com tanto deboche? — Franzi o cenho vociferando irritada.

— Eu não estou dizendo mentiras. — Ele apertou mais um pouco meus punhos, não a ponto de me machucar, mas ele estava ficando irritado. — Será que é difícil entender? Eu não te fiz nada para ficar me tratando assim e me batendo. Ou eu fiz?

— Ah! Você ainda vai insistir nessa ideia? Eu sei muito bem que está apenas fingindo que não sabe de nada. Tira essa sua mascara de bonzinho, porque eu posso colocar fogo nela! — Aumentei meu tom de voz.

— Srta. Ku... — A solução que encontrou foi me pôr contra a parede. — Eu não sei de onde tirou essas ideias, mas fique sabendo que são mentirosas. Sinto muito caso a pessoa que odeia tenha lhe feito mal, mas essa pessoa não sou eu. Entendeu?

Senti meu sangue ferver. Ele continuava sendo um cara de pau, desavergonhado. Aquilo estava me tirando do sério. Eu iria explodir.

— Descarado! Você não tem vergonha na cara, não? — Bufei.

— Já que não gosta de mim, então vou ficar bem longe de você durante a festa. Ok? Só não fique me batendo sem motivos. — Soltou-me. Imediatamente puxei-o pelo palitó antes de ele se afastar e me deixar sem explicações.

— Como conseguiu entrar aqui? Tem algum tipo de contrato com a CB?

— Bom, na verdade tenho. — Livrou-se de minha mão e ajeitou sua peça de roupa amassada por mim. — Eu sou um dos técnicos que cuidam do setor de dados confidenciais da CB. — Ajustou sua gravata. — Me chamo Park Jimin. — Em seguida começou a andar em direção a saída, mas eu não deixei.

— Você não sabe quem eu sou? — Comecei a pensar na possibilidade de ele estar louco ou algo do tipo.

— Claro que sei, você é filha do meu chefe. — Sorriu. Curvou-se a mim. — Até mais ver. Passar bem. — Dessa vez o puxei pela gravata.

— Quando eu descobrir a merda que você está aprontando, acabo com você. — Fuzilei-o com os olhos.

— Hye? O que está acontecendo? — A voz de Chanyeol me surpreendeu.

— Oh! — Jimin se afastou de mim. — Prazer em te conhecer. — Apertou a mão de Chan. — Desejo-lhes um ótimo casamento. — Sorriu.

— Filho da... — Ameacei bater nele, mas Chanyeol me puxou pela cintura e me pôs ao seu lado.

— Obrigado. Agora vaza daqui. — Jimin saiu assim que Chan ditou frio.

— Perdeu o juízo, jovem? — Falei indignada com Chanyeol. 

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora