Juntos

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-- Hye --

Meus olhos se fixavam nela. Me senti um pouco triste por não poder pegá-la e passar meu calor para seu corpinho indefeso, mas logo logo isso seria possível novamente. O vidro nos separava, mas ainda assim eu podia escutar seus resmungos. Jimin estava logo ao meu lado, com seu braço ao redor de minha cintura, mesmo contra a minha vontade, segurando-me para que a fraqueza — que pouco a pouco ia embora — não me levasse ao chão. Sorri vendo Haeun abrir um pouco os olhos, mas logo elas os fechou. Assim como a enfermeira tinha me dito, os olhos da minha menina eram mesmo âmbares.

— Ela é realmente muito fofa. — De soslaio vi Jimin me encarando, com um sorriso de canto. Continuei olhando a bebê, que ainda estava na incubadora. — Será que se parecerá com a mãe... Ou com o papai? — Virei meu rosto um pouco, encontrando o seu há poucos centímetros. — Hm? — Alguns outros casais estavam perto de nós, observando seus filhos, logo senti uma vergonha imensa. Acabei tirando a mão de Jimin de perto, dando passos adiante e ficando quase colada ao vidro. — Por que continua me evitando? — Falava baixo enquanto colocava seu corpo atrás do meu. O olhei por cima do ombro, mas logo voltei a ignorá-lo.

— Eu não tenho motivos pra falar com você. — Depois de uns minutos, que passamos calados, eu disse, seca e bem direta. — Apenas me deixe. Vá pra casa. Monalisa poderá...

— Eu já mandei ela ir embora. — Me interrompeu. — E eu ficarei. Além do mais, Haeun é minha filha também, não? — Pude ver seu reflexo no vidro, ele estava sereno e olhava para a bebê. — Ela tem meu sangue, o seu... É nossa.

Elisa também é sua filha. Você nunca deu importância a ela, acha mesmo que eu acredito em você? Duvido muito que você se preocupe com Hae. — Cruzei os braços. Ele pôs seu queixo sobre meu ombro e aproximou sua boca de meu ouvido.

— Elisa está em boas mãos. Eu ainda vou recuperá-la. Já mandei que meus aliados na Coréia façam tudo... Eu nunca tive uma relação afetuosa com ela, além do quê, Elisa não cresceu comigo ao seu lado. Meu pai a educou, não eu... Agora não compare Elisa com Haeun, entendeu? — Suspirei.

— Eu não estou as comparando, idiota. — Mais uma vez usei rispidez.

— Foi o que pareceu. — Usou o mesmo tom que eu. — Eu darei atenção à elas, certo? Mas não pense que faço isso por obrigação. — Sua voz já estava me dando sensações estranhas. Me virei bruscamente para encará-lo.

— Não vamos discutir aqui, ok? — Inevitavelmente cerrei os punhos.

— Aishh... — Proferiu desviando o olhar por uns segundos e levando seus fios para trás com a destra. — Eu vou almoçar, tudo bem? Faça o mesmo. O médico te dará alta depois de amanhã pela tarde. — Tentou se afastar, mas eu segurei sua mão o fazendo parar.

— E Haeun?

— Ficará por um tempo maior. Mas fique tranquila, logo mais ela estará em casa. — Encarou nossas mãos atadas e as separei de imediato. Jimin deu um riso nasal e seguidamente tomou distância, andando entre as poucas pessoas no corredor. Avistei a enfermeira e ela veio até a mim.

— Vamos alimentar sua bebê? — Ela sorriu contente, enquanto olhava Hae. — O processo é demorado, mas não dói... — Avisou-me.

— Tudo bem. — Concordei. A recuperação de Haeun duraria quase quatro meses. Os médicos me disseram que ela só poderia voltar pra casa se alcançasse os 2kg necessários, pelo menos. Eu já estava quase totalmente recuperada, mas ficaria mais um tempo, pois os médicos queriam que eu me aproximasse mais de minha filha. Fiquei sabendo que é importante que os pais estejam presentes, dando carinho. Já que Haeun ficaria por um determinado tempo recebendo agulhadas, em uma incubadora, com aparelhos ao seu redor e que muitas vezes poderiam apertar seu corpinho, ela precisava de afago e amor para manter seu estado emocional intacto. Por mais que não tivesse nascido com tantas complicações, poderia ter mais pra frente, era melhor se precaver e cuidar de sua saúde.

Slave (Park Jimin - BTS) Onde histórias criam vida. Descubra agora